Estranho

465 26 112
                                    

  Sophie

 — Eu só queria que vocês soubessem que eu faço isso para garantir o futuro de vocês, mas principalmente porque eu gosto de estar nos palcos, gosto de sentir esse carinho que vem do meu público, não me vejo fazendo outra coisa! — Demi estava sendo sincera. Isso era algo bom. Ela sairia para gravar hoje, como em todos os dias. Fazia uma semana que estava sem ir a aula e de fato vendo quanto tempo ela estava longe de casa. — Vocês conseguem entender, a mamãe? — Demi era sensível. Ela era uma pessoa com um bom coração. Durante toda essa semana, ela estava sendo como uma fortaleza para mim. Sempre que sentia medo ou algo do tipo eu recorria até ela. 

— Eu entendo, mas é pedir muito ficar só mais um pouquinho com você? — Isso estava sendo um tanto egoísta da parte deles, mas eu meio que entendia o que eles estavam sentindo.

— Mamãe, sei o quanto sua rotina é bagunçada, mas nós somos uma família. Foram poucas as apresentações da escola que você foi assistir, foram poucas vezes que nós nos divertimos como uma família. — Isa falou com um tom de voz duro. Eu tinha acabo de chegar naquela família, não podia falar nada com propriedade. — Mas eu sei que todos os pais trabalham, mas o seu trabalho exige muito de você. Acho que você vive mais o trabalho do que sua própria vida! 

— Isabela, não é bem assim! — Demi falou com a voz meia escassa. A encarei e pude ver que ela estava com os olhos meio que marejados. A menina se levantou e saiu andando. — Isabela, volta aqui! — Sem olhar para trás ela seguiu. Senti compaixão por Demi. — Isabela!

— Mãe, deixa ela! — Peter tentou reconfortar Demi. — Eu entendo você. Vai ficar tudo bem! — Demi o chamou para um abraço. — Agora sorria! — Ele foi ao seu encontro. Estava preocupada com Isabela.— Eu cuido das meninas hoje! — Ele falou ao olhar pra mim. Apenas sorri. 

— Eu vou conversar com Isa! — Me locomovi até a escada com um pouco de dificuldade, meu corpo ainda doía um pouco. Subi as escadas devagar. 

— Quer ajuda para subir as escadas? — Neguei. Estava acostuma, embora ainda doesse um pouco, mas nada consegue me parar nem mesmo a dor. Cheguei ao topo da escada depois de um século. Confesso quase me desequilibrei, mas nada fora do habitual. 

— Isabela! — A chamei a porta do quarto que ela dividia com o irmão mais novo, por alguns minutos. Ela me encarou.

— O que você quer? — Falou grossa, mas ao mesmo tempo o seu jeito era de alguém que estava magoada. 

— Conversar com você, como irmãs, certo? — Isabela estava distante de mim fazia algum tempo. Quando eu cheguei ela sempre queria estar junto a mim, conversar comigo, mas agora isso se tornou raro. — Você não acha que ela merece um pouco mais de sua compreensão? 

— Você não acha que eu também mereço? — Ela rebateu. Se levantou e ficou frente a frente a mim. Caraca, daqui a pouco ela estava da minha altura, considerando que sou mais velha que ela três anos, isso é meio vergonhoso. — Ela finge se importar, mas ela não se importa! — O jeito que ela falou isso, me partiu o coração. Pude me ver em seu lugar. É claro que todos tem os seus problemas, mas cada batalha é grandiosa. — Falar exatamente aquilo que eu quero ouvir ela faz bem, mas quando eu preciso realmente dela, ela não tem tempo pra mim! — Mas, ela sempre arranja algum tempo. Se pudesse realmente enxergar o tanto que ela se esforça, você poderia ter certeza disso. Isabela, agora eu não posso conversar sobre isso! Isabela, eu estou trabalhando você não esta vendo?  Se ela não falasse nada e demostrasse um pouquinho de interesse, mas de verdade, não só quando alguém está olhando, eu até poderia voltar a acreditar em sua palavra! — Eu sei muito bem o que isso, por isso pra mim era algo comum receber uns foras iguais a esses, as vezes ela falava assim até com Wilmer. Ela prioriza o trabalha, mas pensando bem, como eles sustentariam essa imensa casa, sem ele? — Depois que você apareceu isso tudo só piorou! Ela só sabe falar de você e quanto você mudou a vida dela! Sempre foi assim, eu sempre fui a esquecida! — Nunca me senti tão culpada quanto agora! Estava roubando o amor que era para Isabela! Como eu posso ser tão egoísta? Era de se entender a raiva dela. Percebi a presença de Demi a porta, mas a garota não deixou eu falar.  — Mas eu não te culpo, você perdeu os pais e realmente, você fez uma grande bagunça quando chegou, você  mudou a vida dessa família! — Demi estava chorando, talvez tenha sido doloroso para ela ouvir aquilo também. Eu não queria ver ela desse jeito, eu não queria causar tanta confusão. — Mas custa, por um minuto ela deixar de ser a super estrela e ser a mãe que ama os seus filhos! 

get lost and find yourselfOnde histórias criam vida. Descubra agora