Estraguei tudo

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Sophie

Ainda não havia caído minha fixa de que já se passaram quinze dias desde quando cheguei aqui. Demi estava viajando e Wilmer está dando conta de tudo. Amanhã será o dia que eu conhecerei a família de Demi e a família de Wilmer. Estou ansiosa demais para esse evento. Ficava o tempo todo pensando em como agir e a cruel dúvida se eles vão gostar de mim me atormentava.

Também receberemos a visita da assistente social. Isso me deixava ansiosa, também. Antes eu apenas queria ir embora e não pensaria duas vezes em falar isso para ela, mas agora eu quero ficar. Sinto falta da minha casa, mas também sinto que devo continuar aqui.

É parece mesmo que uma janela de carro faz a gente viajar em pensamentos.

— Wilmer, podemos pedir pizza! — Estávamos em um engarrafamento. Eu deveria quebrar o gelo daquele silencio tedioso.

— Hoje vamos receber uma visita, não acha melhor prepararmos um jantar, bem saboroso? — Existe algo mais saboroso do que pizza? Devidamente sim, batatinhas fritas. Dei de ombros a seu olhar pelo retrovisor.

— Tudo bem! — Ele sorriu. Não tinha tanta escolha, ele adorava cozinhar e fazia isso muito bem. — Estou nervosa, sei que assistentes sociais são bem importantes nesse processo!  — Ele olhou para trás. Segurou minha mão. — Será que eles irão gostar de mim? — Perguntei receosa.

— Sophie a assistente social, apenas irá te ajudar, ela estará do seu lado! — Ele falou calmo ainda com minha mão entre as suas. — Quando a nossa família gostar de você, não se preocupe, você é uma menina adorável! — Eu sorri. Wilmer era sempre muito gentil. 

— Obrigada! — Ele assentiu se voltado para a direção. — Mas e se eles não acharem o mesmo! — Ele negou com a cabeça, como se soubesse do que estava falando. — Talvez a assistente social me mande embarcar hoje e então... nem sei para onde vou! — Wilmer riu do nervosismo e isso acontecia de maneira engraçada, realmente, pois não conseguia falar com calma.

— Não Sophie! — Ele ainda ria. — Ela não te levará embora desta forma, apenas se você quiser. — Apesar de meu coração dizer para eu ficar, sabia que no fundo eu deveria ir. — Você quer voltar para casa? — Eu não sabia o que responder, uma parte de mim queria, a outra não, mas meu coração dizia para ficar, permanecer... então balancei a cabeça em forma negativa. — Então, não tem com o que se preocupar! — Assenti a ele. 

Ficamos em silêncio até chegarmos em casa. As crianças menores correram para o pai, Lucy havia os levado para o clube. Eles ainda estavam chateados por Demi não vir para o dia das mães e a minha missão havia sido em vão.

Wilmer e as crianças preparavam o jantar juntos. Lucy os ajudava e eu fiquei apenas ali em silêncio os observando. A campainha foi tocada e eu sabia bem quem era. Vi Lucy se afastar e eu correr por trás dela para observar com curiosidade quem estava a porta.

— Sophie, você tem visita! — Lucy falou em uma boa altura, mas eu estava bem ali atrás dela. Caminhei devagar e em silêncio. — Vou comunicar o Wilmer! Sente-se! — Ela indicou o lugar no sofá, para ela sentar e então ela se sentou, ainda me olhava sorridente.

— Ágata! O que faz por aqui? — Aquilo era surreal, não era possível, a enfermeira que me atendeu no hospital estava aqui hoje. Estava tão feliz, e ao mesmo tempo surpresa, que mal saia do lugar.

— Você não vem me dar um abraço, estava com saudade Sophie! — Eu fui a seu encontro, afinal também estava com saudade. Ela se importava tanto comigo. — Sophie, eu também sou assistente social! — Assenti, um pouco confusa. — Por acaso acabei pegando o seu caso!  — Eu estou tão feliz que você esteja aqui agora. Pura sorte a minha ter pego alguém tão especial.

get lost and find yourselfOnde histórias criam vida. Descubra agora