Amor

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Wilmer

— O que houve aqui? — Me espantei quando adentrei a cozinha e encontrei cacos de vidro espalhados pelo chão e um fino rastro de sangue. Estava apavorado, segurando as crianças de trás de meu corpo para elas não avistarem o sangue e nem se cortarem com o restante de cacos.  — Demi? Sophie? — Uma série de acontecimentos ruins poderiam ter acontecido enquanto estávamos fora e a única coisa que conseguia pensar era nessa possibilidade.

— Papai! — Isabela adentrou a cozinha com o pote de sorvete em suas mãos e me encarou enquanto tentava buscar por respostas.

— Demi, onde você está? — Peguei a sacola de suas mãos e a coloquei em cima do balcão dando espaço para meu menino também observar aquela bagunça.

— Sophie o que você fez? — Isabela saltou pelos cacos de vidro e eu reconheci a garrafa de vinho por uma quantidade do líquido tinto caído sobre o piso branco. — Você quem quebrou? — Ela perguntou curiosa a menina que me olhava com cara de espanto. 

— O que aconteceu? — Perguntei me aproximando. — Você está machucada? — Ela negou com a cabeça ainda com os olhos estáticos e assustados.  — Onde está Demi?

— Agora está tudo bem, Wilmer! — Sophie me tranquilizou, apesar de ainda se manter assustada.

— Demi está bem? — Estava angustiado, sabia que bebida e Demi não podiam estar na mesma frase. Ela poderia saber se controlar as vezes, mas em outras as bebidas a consumiam e a levava para outros lugares. Ela estava em um mal momento e eu a deixei sozinha. Sophie pensou um pouco antes de assentir a minha pergunta. 

— Onde está mamãe? — Peter muito imprudente se aproximou de nós dois me cortando. Ele sabia, apesar da pouca idade, de que aquilo se tratava de algo serio. 

— Ela está em sua cama, acho que já pegou no sono. — Sophie respondeu com prontidão ao garotinho e apesar dela especificar que Demi havia pego no sono as crianças correram por escada a fora na busca pelo nosso quarto, deixando a garota e eu a sós.

— O que aconteceu, Sophie? — Era a terceira vez que eu perguntava e era a terceira vez que a garota me olhava com aqueles olhinhos assustados e coçava a garganta.

— Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas... a culpa é minha! — Peguei um copo de água tomando cuidado com os cacos no chão, tomei um gole, elas haviam brigado. — Conversamos, mas não fizemos isso direito. Eu subi pro quarto, vocês estavam demorando muito. Eu ouvi um barulho e desci e a cozinha já estava assim, mas ela escorregou e cai e se cortou, então eu ajudei ir para o quarto e coloquei na cama, como eu fazia com a minha mãe. — Demi me prometeu que ficaria sóbria, tínhamos bebidas em casa e ela nunca mais tocou nelas. Era uma tentação, mas ela se mantinha forte. Sophie era apenas uma criança não deveria lidar com isso. — Agora ela está descansando. — A garotinha a minha frente falava como se isso fosse algo normal, apesar de demonstrar medo. 

— Sophie, você foi uma menina muito madura nesta situação. — Toquei o seu rosto com um pouco de condolência, se ela agia desta forma era porque era algo normal para ela. — Eu fico muito feliz que você esteja bem! — Ela se aproximou de mim e me abraçou com receio. 

— Eu fiquei com medo! — Sophie se afastou de mim. Era estranhamente triste saber todas as coisas que aquela garotinha de olhos assustados teve que enfrentar, o quão a sua história é perturbadora e dolorosa, saber que ela nunca recebeu o amor que merecia era o motivo de estar aqui. — Ainda bem que você chegou! — Beijei o topo de sua cabeça. Sophie é uma menina especial, sem sombra de dúvidas. Ela foi tão madura em enfrentar o que estava sentindo e passar por cima do medo para ajudar Demi.

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