Invasão

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Sophie

— Lucy? — A senhora me encarou um pouco surpresa talvez por ainda ser muito cedo ou pelo meu sorriso receptivo ao vê-la, embora o clima fosse de reflexão e tristeza. Mas eu havia feito um combinado com todos, inclusive Wilmer, de encarar aquilo com bons olhos. Como se ela fosse tirar férias e se desconectar de tudo. Não era algo para se preocupar, tínhamos a plena certeza que ela estaria bem. — Eu vou voltar a morar aqui. — Não era nada definido ainda, mas eu estava bem, por voltar ao meu lar. 

— Querida! — Lucy me puxou para um abraço cheio de saudade e me senti reconfortada ali em seus braços. O cheiro de café fresco me passavam a sensação boa de estar em casa e eu nem gosto de café, mas Demi sim e ela sempre diz que: 

— O cheiro do café da Lucy é o melhor! — Disse minha avó Dianna. Estar na cozinha me fazia recordar de momentos incríveis e memoráveis que vivi aqui. Do primeiro dia que estive nesse casa ou em uma das vezes que me reconciliei com Demi. — Você sabe que não precisa se preocupar! — Lucy entregou uma xícara de café para Dianna que se sentou. Foi tudo muito rápido e eu me sentei também.

— Eu apenas quero de alguma forma deixa-las confortável! — Lucy se aproximou de nós duas. Ela me encarou bem e eu me senti um pouco envergonhada. — Certas coisas não são fáceis. 

— Estive conversando com Sophie no caminho, bom, iremos tratar isso da maneira mais positiva possível. — Era como se ela sentisse pena por mim, como se ela se colocasse em meu lugar e pudesse entender tudo o que se passava em minha cabeça. Dianna tentava me proteger e de alguma maneira todos eles e eu só pude perceber agora. Pelo nítido olhar de Lucy. — Sabemos que Demi está ali para o seu melhor. 

— Com certeza! — Fiquei em silêncio. Liguei meu celular e pude perceber que Demi ter se internado ainda era uns dos assuntos mais comentados no momento. Eu queria ligar para ela e saber como as coisas estavam indo, mas seria em vão. Seu celular estava bem ao meu lado dentro da bolsa de minha avó.

— Onde está o Sr. Billy? — Ela perguntou ao levar a xícara mais uma vez a boca e eu a encarei bem de perto assim como fazia no carro. Ainda a olhava com mesmos olhos de antes, mas agora com outros pensamentos. Eu não podia imaginar o quanto ela pode ser forte por Demi, por mim. Todos ali estavam sentindo a mesma coisa, mas Dianna, criava uma forma encantadora de encarar tudo aquilo, para eu e nem os gêmeos nos sentirmos ainda mais cabisbaixos. Ela não me encarou de volta, apesar de eu olhar cada marca de expressão tatuada em seu rosto. Ela já passou por isso antes e agora ela era tão forte. 

— Me desculpe, senhora, ele acordou mal hoje e pedi para que retornasse a cama! — Lucy falou meio que se desculpando e o olhar de Dianna mudou. 

— Não, tudo bem, qualquer coisa podemos leva-lo a algum hospital! — Ela estava preocupada e ela sempre estava, com tudo e com todos. 

— Não se preocupe, mas qualquer coisa avisamos você! — Mas Lucy não queria preocupa-la ainda mais apesar dos pesares. Ainda a observava. Olhava para Dianna e a via ainda preocupada. Ela sabia do histórico hospitalar do Senhor Billy. — Sophie irá voltar a morar aqui? — Lucy mudou de assunto.

— Isso não foi deixado claro, pelo pai dela, mas ela ficará aqui sim, por enquanto, essa casa é grande demais para ser tão solitária. — Isso definitivamente foi algo que me afetou, mas eu sabia que ali era o meu lar e não em outro lugar. — Não sei como Demi consegue! — Ela falou tomar mais um gole de café.

— Ela não consegue! — Eu rebati me levantando. 

— Ela me disse que adora o silencio que essa casa a proporciona! — Isso era verdade, mas não era bem isso. Apesar de vovó Dianna conhecer Demi a fundo, ela nunca saberia entender o mais obscuro de sua alma e isso eram coisas que nem mesmo eu poderia saber. 

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