Morte

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Wilmer

— Papai, podemos dormir essa noite aqui? — Isabela perguntou ao descer as escadas um tanto mais animada. Ainda tinha a feição tristonha, mas eu sabia que a conversa que tivera com a Demi fez bem para as duas. 

— Claro! — Concordei. Era fim de semana, Demi estava mais tranquila, acho que a presença das crianças faria bem a ela. 

— Demi, olha só o que eu ganhei! — Sophie se aproximou de Demi animada. Ela já configurava o novo celular e estava muito feliz. Talvez ela possa ter esquecido o que aconteceu a algum tempo atrás. 

— Finalmente, agora podemos ficar conectadas! — Demi olhou para mim e sorriu.  — Você o agradeceu? 

— Sim, mas agradeço de novo! — Ela me deu um forte abraço. Eu podia olhar para Sophie e ver uma semelhança imensa ao seu pai e isso me trazia a tona que um dia ela deixaria de ser parte da minha família e se tornaria parte da família dele. 

— Eu estou com fome! — Peter reclamou e era de se imaginar já que eles estavam a quase cinco horas sem se alimentar. Ainda bem que minha mãe não está aqui, pois Sobeida era o tipo de pessoa que não deixava de forma alguma uma criança com fome.

— Podemos pedir algo para comer, eu também estou! — Brinquei com ele e todos concordaram. Encarei Mônica que permanecia em silêncio e logo olhei para Demi, afinal a casa era apenas dela agora. — Tudo bem, se pedimos alguma coisa para comer? — Ela encarou as crianças. 

— Sim! — E talvez por uma leve pressão tenha concordado. 

— Eu esperei tanto por ver vocês juntos de novo, sem ao menos brigar! — Isabela comemorou nos abraçando.

...

— Por que você está assim? — O longo caminho para casa estava sendo lento e silencioso. Mônica adorava conversar e isso para ela devia estar sendo a própria morte. Ela encarava as ruas com o pensamento longe. 

 — Você ainda a ama? — Ela com certeza se referia a Demi a encarei por alguns segundos tentando encontrar uma boa resposta para a sinceridade. — Eu vi a forma com que você a olhava! — Eu não deveria mentir. 

— Querida, eu ainda a amo! — Pude falar olhando em seus olhos e talvez enxergar sua dor. — Eu construí uma vida com ela, não será tão fácil quanto parece! — Ela me olhava, mas não se mostrava abalada pelo o que ouvia, parecia até que sabia. 

— Você está me usando? — Eu não estava a usando. Eu sentia algo por ela, não era tão forte quanto o que sentia por Demi, mas não era uma forma de usa-la. — Me usando para esquece-lá? 

— NÃO! Sei que nunca a esquecerei! — Ela me encarou surpresa por minha afirmação. — Eu estou com você, porque realmente gosto de estar com você. Gosto do seu jeito doce e de sua forma de amar meus filhos como se fossem seus, gosto da sua companhia, do seu toque! — O seu olhar era penetrante. Era de grande status estar com ela. Eu adorava sua companhia. Adorava a sua forma de me olhar e ainda mais a forma que ela tratava minhas crianças. — Eu sinto muito, mas eu não consigo esquece-lá e isso eu já sabia quando entrei em um relacionamento com você, eu não estou aqui porque quero esquecer ela. Eu estou aqui porque quero estar com você! — Ela me beijou e talvez fosse exatamente isso que eu precisava.

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