Mãe

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Sophie

— Onde ela está? — Sentia meu coração acelerado ao entrar em disparada na casa que eu já conhecia bem. Todos estavam com olhares pesados e em silêncio.

— Demi? — Dianna se aproximou de mim e ela estava com os olhinhos inchados de tanto chorar. Confirmei me aproximando também. — Em seu quarto! — A abracei.

— Eu sinto muito, Dianna! — Me separei de seu corpo e olhei para Eddie que estava me olhando também.

— Ela descansou agora! — Ele me parecia forte e eu queria ser como ele. Manter o controle da situação. Encarei Dianna novamente.

— Não se preocupe comigo, querida! — Eu sabia que Demi estava trancada em seu quarto porque ela era teimosa demais para encarar a realidade. Talvez fosse uma boa forma de se sentir longe de todos os problemas. 

— Como ela está? — Passei as mãos sobre os cabelos de Isabela que estava sentada tristinha encarando o chão. Essa era a minha forma de dar apoio a ela, mas ela nem se moveu. 

— Abalada demais! — Tirei a mochila de minhas costas e pude deixa-la no chão, mesmo.

— Eu irei subir! — Indiquei já subindo as escadas. Eu estava com um grande aperto no peito, um sentimento ruim, algo como indescritível.

— A mãe pediu para ficar sozinha! — Peter me impediu, mas eu sabia exatamente, que quando ela dizia isso, era porque ela precisava de alguém ao seu lado. 

— Eu irei mesmo assim! — Subi o restante das escadas com pressa, como se não quisesse ser impedida novamente.

— Meus sentimentos a você, Sophie! — Valerie me puxou para um grande abraço, me senti confortável ali e por um instante aquela sensação se reconfortou.

— Obrigada, Valerie! — Caminhei até a porta do quarto de Demi, que como já esperava estava trancada. 

— Ela não quer sair, estou preocupada! — Era sua forma de lidar com a dor. Se trancar no quarto e apenas encarar a porta fechada, hora ou outra encarava a imensidão branca do teto e intercalava com o fechar dos olhos. Suspirava fundo e ignorava tudo o que acontecia aqui fora.

— Eu conversarei com ela! — Talvez essa seja a minha missão no mundo. Entender o que se trata dentro do outro, talvez as vezes... Bati a porta e nada, nem mesmo um suspiro deixado escapar. 

— Tudo bem, se precisar de mim, estarei aqui em baixo! — Valerie nos deu licença e eu fiquei ali a porta esperando um sinal de vida dela. 

— Demi? — A chamei pela primeira vez e senti algo se mover a cama, talvez o seu corpo pesado tenha se levantado ou inclinado. Pesado por todo sofrimento acumulado durante a vida. — Demi? — Ela se aproximou a porta, pois escutava seus passos. — Por favor, abre a porta, eu juro que não falarei nada! — Sabia o quanto ela prezava o silêncio em momentos de dor e não me importaria nem um pouco em ficar bem quietinha apenas esperando ela se encontrar. — Me deixe ficar em silêncio, junto com você! — Ela tocou a chave, mas logo em seguida desistiu. — Demi? — Insisti e observei a maçaneta virar.

— Soph... — Ela nem se quer aguentou pronunciar o meu nome. Me abraçou e desabou aos meus braços. Eu me sentia uma muralha quando isso acontecia. Mas eu não aguentava vê-la chorar desta forma.

— Eu sinto muito! — Encarei o seu rosto vermelho pelo choro e lágrimas rolarem pelo seu rosto. Poderia imaginar que seria a décima quarta vez que ela chorava apenas hoje e isso não era exagero. Ela deixou a porta aberta e se sentou a cama. Eu ainda com a roupa do colégio a acompanhei. Minhas palavras mais uma vez falharam e a única coisa que poderia te dar era um forte abraço. 

get lost and find yourselfOnde histórias criam vida. Descubra agora