VOCÊ NÃO MERECE

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Escrever me salva, pois eu mesma nunca consegui me salvar.

SOPHIE 

Colocava em minha agenda meus pensamentos, o quanto tudo estava confuso para mim.


Parece que só escrevo em você quando estou com problemas, me desculpe, tenho os meus motivos. Talvez você seja o único que me entende, que me ouve atentamente, que consigo ser eu mesma.

Os dias estão passando de pressa e eu sinto medo. Não porque o tempo parece estar correndo, mas porque as vezes eu sinto que já moro aqui a anos. 

Ágata está sendo um anjo para mim, mesmo de longe. Eu adoro conversar com ela. Eu amo ouvir a sua voz e me sinto bem quando ela demonstra se importar. As vezes eu posso pedir, antes de dormir, para voltar no tempo e ela ter me adotado.

Depois daquele dia que nós duas saímos para as compras, eu realmente me senti dentro desta casa e por esse motivo eu sinto medo. Eu conheci a família inteira e eles são maravilhosos. A mãe de Wilmer Sobeida esteve na Califórnia apenas para me conhecer e eu me senti presenteada. Eu recebi presente e abraços de todos. Nós tivemos um fim de semana incrível. 

Mas Demi não veio. Eu esperei e ela não apareceu. Ela me prometeu e não cumpriu. Em casa aprendi desde novo que deve se honrar uma promessa. Nem ao menos pelos próprios filhos, ela se empenhou para estar conosco. Sobeida me disse que ela assim mesmo, que não era para me preocupar e que era para me acostumar com sua ausência. Isabela e Peter foram o motivo de eu ficar tão chateada com ela, o olhar dos dois, a dor da esperança rompida me machucaram.

Porém isso já passou, estou tão feliz de estar aqui, a cada dia que passa me sinto mais acolhida. Ao menos Wilmer se importa, mas sinto falta de Demi, ainda de Ágata, queria que ela estivesse aqui, mas agora posso ligar para ela quando quiser... 


— Sophie? — Era Wilmer. Fechei o diário com pressa, não queria que lesse o que havia escrito, então abri a porta do quarto de hospedes, que de fato já pertencia a mim. — Sophie, tenho boas notícias! — Ele falou entusiasmado como sempre fazia. — Demi volta de viajem hoje, e ela falou que irá trazer algumas coisas para vocês! — Eu não estava muito bem com ela, afinal ela mentiu para mim. Não consegui fingir um entusiasmo. Apenas suspirei. —Tudo bem? Não gostou da notícia? — O homem a minha frente me encarou como se tivesse dito alguma besteira. 

— Não! — Fui sincera e ele me olhou surpreso. — Estou feliz que ela venha para casa, mas não quero qualquer coisa que venha dela! — Talvez possa parecer orgulho de minha parte, mas porque ela não cumpriu com a palavra? — Ela mentiu para mim! 

— Sophie. — Ele me repreendeu com cautela. — Você não deveria tratar Demi assim, eu sei que é errado mentir, mas tente conversar com ela. Demi é como uma mãe para você, por mais que estivesse viajando ela presava pelo seu bem estar! — Ela não era minha mãe. — Todas as vezes que ligou e queria falar com você, e você se recusava... se fazendo de durona, porque no fundo eu sabia que você estava morrendo de saudade.

— Ela não é uma mãe para mim! — Não existe uma mãe para mim. Não existe essa coisa de amor de mãe, não para mim, todas vezes que acreditei nisso, não era real. — Eu não estou sentindo a falta dela! — Menti para mim mesma. Sentia falta de seu abraço. — Ela me fez uma promessa e não cumpriu, eu estou decepcionada. — Wilmer riu.

get lost and find yourselfOnde histórias criam vida. Descubra agora