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Sophie

Sentia minha cabeça latejar e ainda mais quando tentava abrir os olhos e encarar a claridade. Minha boca estava seca e eu estava com muita sede. Com dores pelo corpo todo praticamente me arrastei até o banheiro do quarto e bebi um pouco de água da torneira. 

— Acordou bem? — Demi apareceu a porta do banheiro. Olhei para ela e eu nem se quer conseguia falar algo. Ainda me sentia terrível, não conseguia me recordar da maior parte das coisas que aconteceu ontem, mas ainda assim tinha vergonha apenas por olhar para ela. — Estamos te esperando lá em baixo! — Ela estava cabisbaixa e aquele sorriso enorme que ela sempre dava ao me receber não estava estampado em seu rosto.

— Eu já estou indo! — Sussurrei e sentia minha voz rouca.

— Se apresse! — Demi me olhava e eu podia ver o quanto ela estava triste com tudo o que estava acontecendo. A todo instante me sentia mal por vê-la dessa forma, porque eu sabia bem que ela estava assim, justamente por minha causa. — Ah... bom dia! — Suspirei. Fiz o que deveria e observei que já havia passado o horário da aula. Eu havia perdido a hora e olha só mais uma falta para o meu histórico escolar.

— Eu estou encrencada? — Falei ao entrar na cozinha e observar Demi e Wilmer sentados em silencio ao balcão.

— Onde que estava a sua cabeça? — Ele começou a falar bravo. — Você entende os riscos disso? Você consegue entender o quanto você poderia, nem estar aqui hoje! — Bateu suas mãos no balcão me causando medo. Ele aparentava estar muito bravo comigo, mas também havia tristeza em seus olhos.

— Me desculpe, isso não irá mais acontecer! — Não suportava olhar para eles e vê-los decepcionados comigo.

— Não irá! — Ele se levantou me fazendo encara-lo ainda mais nervosa. — Eu sei que não estamos preparados para uma filha adolescente, mas vamos com calma, você ainda é uma criança, não é porque você acaba se relacionando com pessoas mais velhas, por estar adiantada na escola, que você deve simplesmente agir como elas! — Mas ele agiu de forma calma e cautelosa me fazendo me sentir segura. — A vida tem suas fases, menina e você deve aproveitá-las com calma! — Talvez ele tivesse razão, eu estava indo longe demais.

— Sophie, o que aconteceu pode nos fazer perder sua guarda, sabia? Em uma circunstancia mais grave, perdemos você! Quando uma pessoa está bêbada, ela se torna vulnerável, se torna um fantoche em mãos maldosas. A sua sorte é que seus amigos, são pessoas do bem. — Aquilo de fato me assustou um pouco, não tanto como a forma calma de Demi agir comigo. Ela não era assim. — Eu não consigo acreditar que isso realmente aconteceu, eu estou completamente sem chão! — Ela falava ainda sentada, mas não olhava em meus olhos. Era como se ela estivesse em outra dimensão, em outro lugar, não ali. — Mas eu não estou aqui para te julgar! 

— Nem mesmo eu! — Eu olhei para ele tirando minha atenção dela. — Somos seres humanos, todos cometemos erros, uns mais graves do que outros, mas todos erramos, de alguma forma. Isso foi um deslize e lógico que quando soube eu pude ficar bravo, mas eu sei exatamente como você se sente. — Eu não espera por estas palavras vindo dele.

— Nós te perdoamos, por ontem! — Ela me encarou. — Também estamos aprendendo a sermos seus pais! Foi um episódio difícil, mas já passou e esperamos que não aconteça mais. Estamos dispostos a te apoiar e nossa missão como pais é apenas te orientar e de oferecer o mais puro amor! — Demi era a pessoa certa para ser a minha mãe. Ela era a única que poderia me entender agora, mas eu não conseguia olha-la aos olhos, pois me sentia culpada demais para isso.

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