Irmãs

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Demi

— Vocês a conheceram mesmo? — Ela se sentou ao balcão enquanto Dallas descongelava o nosso jantar improvisado. Eu ainda tentava engolir toda essa história. Estava sendo muito complicado para mim, não fazia sentido, mas eu sabia que nosso caminho estava muito bem traçado.

— Sim! — Me recordando bem, apesar de ter poucas lembranças com ela, eu já trabalhava naquela época e mal podia estar todo o tempo com eles. Eu tinha boas lembranças com sua mãe, na verdade com todos eles. Ela era enérgica, animada, não havia tempo ruim quando ela estava por perto. Não conseguia imaginar que aquela mesma pessoa poderia tratar mal a sua própria filha. Não conseguia entender o que casou tudo isso. — Olhando bem, vocês são parecidas! — Sophie agora só queria saber sobre sua mãe biológica e isso me deixava um tanto mal. Eu nunca iria tomar o lugar de sua mãe, mas eu queria ser tudo isso para ela. 

— Vocês sabiam que esse é o meu pai? — Cloe falou me chamando a atenção. As duas também estavam conectadas. Todos ali. Não era como se isso fosse acaso, já estava escrito. Tantos segredos guardados, tantas coisas mal resolvidas e eu apenas queria proteger aquele pequeno anjo que observava a foto da mãe biológica com tanta brandura.— Ele era bem magro aqui! — Minha cabeça estava explodindo. Toda aquela coisa acontecendo me deixava doida. Eu não queria voltar ao passado.

— Ele era muito bonitão, todas as garotas eram apaixonadas por ele! — Dallas estava vivendo um sentimento de nostalgia e falava como se voltasse aos anos de sua juventude. — Vocês sabiam que seu pai e a sua mãe já namoraram? — Eu me recordava até mesmo quando eles deram o primeiro beijo juntos. Naquela época a gente sempre se reunia na casa de alguém ou algo do tipo, geralmente a minha irmã mais velha me levava por conta da minha mãe, no fim, nós duas se divertíamos.

— Que mundo pequeno! — Cloe falou e Sophie olhou para mim desconfiada. Assim como eu, ela poderia sentir a sensação de que tudo aquilo estivesse já destinado em nossas vidas, era uma sensação estranha, mas uma boa forma de sentir que eu estava fazendo a coisa certa ao me permitir amá-la.

— Olhando bem, você é muito parecida com ela, mesmo! — Comentei (por mais que achava minha garota, muito mais parecido com seu pai), tentando disfarçar o seu olhar sobre mim.

— Ela com certeza era muito parecida com você! — Sophie era uma mistura bonita, traços fortes e sutis. Tinha tudo na medida certa, apesar de ter sobrancelhas bem escuras, mas era o que dava o grande charme em seu olhar, poucas sardas salpicavam o seu nariz e isso também era algo lindo, não tão quanto seus olhos expressivos e seus cabelos castanhos escorridos pelo seus ombros.

— Você era amiga dela, Demi? — Ela me olhou cabisbaixa. Eu sabia desvenda-la e também entendia que toda aquela conversa sobre a sua mãe a deixa mal. 

— Não, mas a Dallas era pouco próxima a ela e as vezes eu ficava com os amigos da minha irmã mais velha! — Eu me lembrava de Tina como uma menina feliz, ela estava tão animada naquela época com o intercâmbio. — Ela era doce como você, eu nunca imaginei que aquela moça da foto que você me mostrou no dia de seu aniversário, era a mesma pessoa que eu conheci! — Por incrível que pareça, eu estava me sentindo péssima por imaginar que minha menina tenha passado coisas terríveis pelas mãos de uma pessoa que eu conheci. 

— A dor corrompe as pessoas! — Cloe tinha razão, nós duas sabíamos muito bem do que se tratava.

— Anne Cristina! — Esse realmente era o nome dela. Eu não me lembro bem, como Dallas e ela se conheceram, mas me lembro dela conversar comigo e falar sobre o quanto eu um dia seria feliz... talvez ela não soubesse do que estava falando. — Essa é a minha mãe e eu não consigo acreditar, que vocês se conheciam! — Todas olhávamos para Sophie e podia observar que todas estavam com pena dela. — Dallas, será que você pode me falar mais sobre ela? 

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