Chegamos

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Sophie

Estar a primeira vez em um avião me deixava ansiosa e animada. Ainda estávamos indo em direção ao local, estava segurando nas mãos da assessora de Wilmer, ele já tinha resolvido tudo. Passamos pela sala de embarque, e depois fomos juntas até onde estava o jatinho que nos levaria. Ele me esperava na porta, estava com um sorriso largo e com os braços abertos, esperando por um abraço, o abracei. Pegou minhas pequenas malas, que estavam em um carrinho, que a assessora fez a gentileza de levar por mim. Subi as escadas com cuidado e me sentei a janela. Ele se sentou ao meu lado.

— Está preparada? — Eu havia comentado antes que era minha primeira viagem no céu. Eu assenti, querendo mostrar que estava bem, e que ninguém precisava se preocupar. Mas no fundo estava com um pouco de medo. — Qualquer coisa você pode segurar a minha mão! — Ele era sempre tão gentil, e parecia que lia meus pensamentos. 

O avião decolou. Confesso que fiquei com medo, mas não segurei na mão dele, nem por precaução. A partir do momento de decolagem tudo ficou calmo. Ele acabou caindo no sono e sua assessora ficou mexendo em seu celular. Peguei o diário que já tinha algumas folhas rabiscadas e uma caneta. Resolvi escrever um pouco.


Querido diário,

Agora estou aqui a caminho de outro país, outro estado, outra cidade. Los Angeles me espera. Hoje eu estou fazendo várias coisas pela primeira vez. Viajar de avião. Sair do país. Viajar sem os meus pais. 

Fiquei com um pouco de medo, mas tudo bem. Acredito que tudo o que está acontecendo por alguma razão. Eu queria tirar uma foto minha no céu. Tão próxima dos meus pais. Hoje estou aqui e isso é o suficiente. Ainda estou confusa e com medo, mas Wilmer é um grande amigo. Ele está dormindo ao meu lado agora. Depois que a juíza aprovou que ele tomasse conta de mim eu pensei que era só isso, mas não ainda tem um montão de coisas , pra mim ser realmente responsabilidade dele. 

É um sonho, mas ainda tenho medo. Estava deixando uma parte minha. Eu gostaria ter voltado para casa, pegar algumas lembranças, não poderia esquecer do meu passado, nem se quisesse.

Fiquei olhando pela janela, observando o mar, as ruas... com o pensamento longe, que foram interrompidos por um aviso, para colocarmos o cinto de segurança pois iriamos pousar. Eu consegui entender porque felizmente o curso de inglês de segundas a tarde, me ajudou muito. O que me fez guardar aquele diário dentro da minha bolsa amarela surrada. Wilmer ainda dormia, então me senti na obrigação de acorda-lo. Estava ansiosa. 

— Oi ! — Dou uma risada sem graça. — Acho melhor colocar o cinto, porque vamos pousar. E desculpa por ter te acordado, eu não queria atrapalhar! — Ele sorri colocando o cinto. O meu inglês ainda não era um dos melhores, mas eu juro que estava me esforçando.

— Finalmente chegamos! — Ele falou bocejando, aparentemente estava muito cansado. — Então está ansiosa para conhecer sua nova casa? — Tentou me animar, enquanto fazíamos o pouso. Era um pouco assustador e eu até que gostava desse frio em minha barriga.

— Sim! — Eu realmente estava animada, seria uma nova história para escrever.

 Vamos, acho que quanto mais rápido formos, menos você ficará ansiosa! — Ele estava animado o que me fez sorrir. Eu também estava animada, e nervosa. Estava ansiosa para poder abraçar Demi novamente, e ver o seu sorriso. Ou conhecer os gêmeos de quem Wilmer falava tanto. O avião estava no chão e nós poderíamos finalmente ir para casa.

Fizemos as coisas que tinham que ser feitas no aeroporto e já estávamos com as malas ao lado de fora esperando por um Táxi. Não demorou muito ele chegou. Fizemos uma viajem em silencio, e aquilo estava me deixando mais nervosa, estava cheia de dúvidas e estava exausta, só queria um banho quente e relaxar, estava olhando a paisagem pela janela do carro, era linda tão diferente as casas, os bairros, as placas e até mesmo as pessoas. Isso estava sendo maravilhoso, mas eu tinha uma dúvida e ela estava me consumindo, eu finalmente quebrei o silencio.

— Por que a Demi não foi com você? Ou veio nos buscar no aeroporto? — Ela não tinha comparecido depois daquele dia no Hospital, e eu não sabia mais sobre ela. Havíamos tocado no nome de Demi poucas vezes, ele sempre mudava de assunto.

— Eu resolvi fazer uma surpresa, mas por que a pergunta? — Ele se virou e me encarou duvidoso.

— Eu só fiquei curiosa! — Falei sem graça. 

— Ela só não veio te visitar porque ela estava cheia de coisas para fazer! — Ele voltou a responder minha pergunta. — Também tem nossos pequenos, você irá adorar conhecer eles! —Eu sorri. Eu amo surpresas. Ele se virou, e seguimos viagem. Rumo a residência da família Lovato Valderrama. — Resolvi fazer uma surpresa! — Sorri para ele.

— Será que ela vai gostar? — Estava ansiosa, era o começo de uma nova vida. Eu estava animada.

— Ela vai adorar. Lembra ela gostou muito de você! — Eu sorri. Fiquei muito feliz em saber que Demi havia gostado de mim. Eu também amei conhecer ela. — Eu adoro o jeito que você sorri! — Ele falou de maneira animadora.

— Posso te fazer mais uma pergunta? — Ele concordou demonstrando curiosidade. — Por que você me escolheu? — Wilmer me olhou um pouco assustado, mas não parou de me olhar. — É porque você já tem dois filhos...

— Tem coisas simplesmente acontecem! — Wilmer fez como se pozinho mágico flutuasse em suas mãos. Esse tipo de coisa não acontecia como mágica, mas resolvi acreditar nele. Eu deveria confiar nele. — Sophie, eu gosto muito de você! — Eu fiquei em silêncio, ainda estava com medo. Sentia aquele frio na barriga. — Não é como se eu te escolhesse, é como se isso já fosse acontecer... — Eu fiquei em silêncio. E ele também, acho que era melhor assim. Seguimos o resto do caminho em silêncio. Até que estacionamos e todo o silêncio foi interrompido. — Chegamos, seja bem vinda a sua nova casa!

get lost and find yourselfOnde histórias criam vida. Descubra agora