Demi
Eu não estava nervosa, mas sim ansiosa para saber o motivo da convocação de Anne para conversar comigo. A muitos anos eu não voltava a escola que um dia me tirou o sono e confesso que ter que voltar a um pedaço do meu passado era assustador. Bruce dirigia calmamente e vagaroso, talvez seja para me poupar de mais estresse. Eu já teria que voltar a Los Angeles, mas eu estava com outros planos. Estava sem meus remédios comigo, portanto teria que me controlar. Meu motorista particular parou exatamente onde minha mãe costumava parar todos os dias, espero que isso seja apenas uma grande coincidência. Pude me lembrar do meu primeiro dia e quanto estava ansiosa para começar uma nova fase e fazer novos amigos, pobre garotinha. Eu demorei um pouco para sair do carro, estava a observar toda a estrutura que estava bem diferente de quando eu havia deixado a escola, ela estava colorida e cheia de vida. Abri a porta e senti meu coração disparar, por incrível que pareça não havia crianças ali. Segui para dentro me recordando de tudo. A portaria estava aberta, portanto entrei sem muita delonga. O silêncio percorria o corredor principal e podia se escutar os meus passos. O meu antigo armário ainda estava no mesmo lugar de antes, só que agora tinha alguns desenhos assim como os outros e não mais aquele laranja meio queimado. Ao passar pelos corredores era como se estivesse vivendo tudo de novo, uma mistura de realidade e lembranças. Senti minhas pernas tremerem e minha boca secar. Enquanto andava pelos corredores lembrava de todos os insultos que me atiravam. Lembrava exatamente do rostos dos jovens que não me deixavam em paz. Somos feitos de instantes, lembranças, pedaços, memórias, mas eu não sabia lidar com as minhas. Eram dolorosas demais. Tudo veio a tona. Sentia minha visão ficar turva. Quando você volta para o que te machucou, você é destruído por isso. Eu não aguentei. Me senti perdida e quis voltar para o carro e ir apenas embora, mas algo me impediu.
— Demetria Lovato? — A voz familiar me chamou. Me virei calmamente, ainda estava um tanto tonta. — Você está bem, querida? — Concordei andando até ela um pouco com calma, estava tremendo e nem tinha percebido. Estava mais fraca que o normal e não era por não ter me alimentado. — Está pálida!
— Eu estou bem! — Falei tentando me convencer que realmente eu estava bem e apta para continuar uma conversa. Ela me encarou e eu dei o meu melhor sorriso. Parece que a convenci.
— Como senti a sua falta, minha melhor aluna! — Minha antiga professora de música me deu um abraço cheio de saudade e compaixão. Eu também sentia a sua falta, mas da escola não. Ela foi minha melhor amiga, enquanto as pessoas da minha idade apenas me deixavam de lado. — Me sinto orgulhosa de poder conhecer o seu talento de perto! — Aprendi algumas coisas com ela e era grata por isso. Anne sempre foi muito boa com os alunos e admirava ela por isso. Mas não entendia porque era tão importante minha vinda até a escola. — Vamos para minha sala, teremos uma boa conversa! — Hoje ela era diretora dessa escola, e confesso que deva ter melhorado muito, ela era ótima no que fazia e isso com certeza era o que a escola precisava. A segui em silêncio até a sala que por incrível que pareça estava exatamente da forma que era a alguns bons anos atrás. Ela indicou para me sentar e assim fiz. — Você quer alguma coisa? — A imensa mesa de aperitivos ainda ficava no mesmo lugar. Não sentia nostalgia e sim enjoo. — Temos chá, café, biscoitos, leite...
— Um pouco d'água! — A cortei logo de inicio, mostrando minha impaciência. Ela me entregou um copo com água, estava fria. Dei a primeira golada e era como se me afogasse em meu próprio caos. Respirei fundo. Dei o segundo gole. — Obrigada!
— Sei que é uma pessoa cheia de compromissos, então irei direto ao ponto! — Estava ficando irritada com o vento, tudo o que estava sentindo era a falta que os remédios me faziam, mas eu era capaz de me controlar, não era? — Gostaria muito de conversar com você sobre diversas coisas, mas estou aqui por algo maior. — Então comece a falar o mais rápido possível!
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get lost and find yourself
Fanfiction(Em revisão) Ao mesmo tempo que perdeu o chão, Ganhou o mundo! Enquanto muitos lutavam por milhões, Almejava um abraço! Uma beleza tão sutil Que se torna única! Sua lealdade é um traço puro, Formando um laço com os dedos mindinhos! Ela busca se enco...