Fase ruim

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Wilmer

— Peço para que você não tenha nenhuma atitude precipitada, temos que agir com cautela agora, principalmente você, Demi! — Eu sabia o quanto ela se afetaria com o que eu poderia saber sobre a história da menina. Já sabia sobre sua existência no mundo antes mesmo daquele dia, ir ao hospital foi apenas um pretexto para salvar a pele de um grande e velho amigo.

— Wilmer, eu não entendo como você pode fazer isso comigo, como pode me fazer passar por algo assim. Eu não posso perde-lá, não agora, não... nunca! — Demi me encarava com lágrimas nos olhos. Eu não poderia imaginar que o amor materno entre as duas seria tão forte. Eu realmente não queria ter que separar as duas ou algo do tipo. — Eu preciso dela, Wilmer, tanto quanto preciso de você e agora praticamente perdi os dois! — Ela ainda tinha o mesmo olhar que poderia me desestruturar. Demi era o meu ponto fraco.

— Por favor, se acalme! — Pedi e ela assentiu. — Eu coloquei você nessa, eu resolverei tudo. Eu não quero que ela se machuque. Por isso não queria que você lesse o que dizia a carta, eu sabia o quanto iria te afetar, ainda mais depois que você se apegou a ela. Eu sinto muito, Demi. — Eu não teria que amarrar Sophie ao pé da mesa, mas eu deveria protege-lá. Não só porque ela é responsabilidade minha perante a lei, mas porque ela é minha filha de coração. — Mas eu fiz um trato! 

— Wilmer, ela não é um pedaço de papel que você assina e o tem como seu e depois o rasga e o joga fora, ali existe uma vida com sentimentos. Depois de tudo o que aconteceu, eu simplesmente não posso desistir dela. — Ela usou as mesmas palavras que um dia eu mesmo disse a ela. Era nítido a dor que ela estava sentindo. Para mim era tão dolorido quanto. Eu havia me apegado a ela tanto quanto Demi, mas eu não poderia reverter algo assim. — Você é o pai dela, não importa o que diz a carta. Foi assim que ela te chamou, não se lembra? 

— Demi, eu não queria tomassem esse rumo, mas tomaram. Foi mais longe do que poderia imaginar. — Me permiti voltar no tempo e reviver aquele momento com angústia e saudade. Ela nunca mais me chamou assim depois daquele dia. Posso confessar que no inicio foi estranho, mas ao mesmo tempo bom, fiquei com medo e assustado por tudo o que eu já sabia. Mas fui tomado por um amor paterno, o mesmo que pude sentir quando ouvi os meus filhos me chamarem assim pela primeira vez. — Eu sei que pareço uma pessoa horrível, mas eu apenas devia uma para um amigo!

— Amigo? Se eu não gostava dele no passado, agora posso odiá-lo! — Apesar de tudo o que aconteceu ou o que ele possa ter feito ou deixado de fazer quando eu precisei de alguém ele estava ao meu lado e é dessa forma que eu o vejo. Não importa pelo o que ele está passando hoje ou por tudo o que ele fez no passado. Eu só consigo reconhecer o cara que sentou comigo em um bar e chorou junto, quando perdi a minha filha. 

— Demi, olha! — Eu podia observar o quando Demi estava aérea. Ela não estava ali conversando comigo. Ela estava apenas pensando em sua menininha. Aquela que ela poderia dar a vida ou qualquer outra coisa do mundo pelo seu bem estar. — O que nós sabemos sobre essa história é apenas uma pequena ponta de um enorme iceberg, tudo foi longe demais. — Como homem da casa, eu não honrei minha palavra em dizer a verdade a minha esposa. Me sentia mal por isso, mas depois de descobrir uma boa parte da verdade me vi em um beco sem saída. A mentira é suja e ela pode entrar em minha mente e me perturbar como se eu fosse um pequeno fantoche de um show de horrores. — Todos nós fomos manipulados, somos apenas uma peça no tabuleiro de Ágata! — Demi pode deixar escapar uma lágrima, mas quando a olhei ela limpou rapidamente.

— Eu não estou entendendo! Você me falou tanta coisas que mal posso pensar! — Suas mãos sobre a cabeça, como se estivesse perdida em meio ao caos. — Ágata? O que ela tem haver com essa história?

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