Proteger ela

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Demi

— Já tirei as cópias necessárias, para quem eu entrego? — A secretária do nosso advogado entrou ao termino da reunião. O mesmo indicou para ela entregar os documentos a Wilmer, já que a menina não estava sobre minha responsabilidade. — Aqui está, senhor! — A jovem moça pediu licença e saiu. A presença dele ainda me causava desconforto. Ainda me causava uma angustia e a lembrança daquela noite me atormentava toda vez que o olhava.

— Nós iremos essa noite para o Texas e assim que chegarmos ao destino ligaremos para vocês.

— Eu espero que dê tudo certo! — Talvez estivesse falando isso mais para mim mesma. Você se apega a alguém e tem medo de perde-la, eu nunca me encantei com despedidas e nunca soube lidar com elas.

— Demi irá dar, você precisa ter esperança! — O jovem assistente social tocou o meu ombro e encarou Wilmer que estava do outro lado a sala. — Vocês dois são aqueles que mais devem ter esperança! 

— Eu tenho esperança, mas também sinto medo de perder minha menina! — Ele disse ao se aproximar de nós dois. 

— Faremos o possível para isso não acontecer! — O advogado que já conhecia a anos se aproximou de mim e sorriu me passando confiança.

— Não se preocupem, iremos fazer nosso trabalho da melhor forma possível! — Você tem medo que as coisas saiam do controle, mas não pode fazer nada para elas não saírem. A única coisa que te resta é esperar e confiar no outro. Caminhamos até a porta da sala de reuniões que tinha uma boa vista. 

— Passar bem! — O mais velho indicou para mim seguindo com o jovem assistente social conversando sobre algo que não deu para identificar. Iria prosseguir, mas Wilmer me impediu. O encarei e era como se as coisas perdessem o som e o brilho. Era apenas ele. Me soltei.

— Você já almoçou? — Dei de ombros para sua pergunta.  

— Ainda não, por quê? — Ele já não me encarava mais com aquele brilho nos olhos. Não era como antes e isso me deixou mal. 

— Você continua com o costume de não conseguir comer quando tem algo importante para resolver! — Sua mão tocou a pele do meu rosto e eu sorri por esse momento. Depois de alguns messes sentir o seu toque novamente, era arrebatador. Era impossível não me render a ele, mas eu ainda me sentia magoada por tudo o que aconteceu. — Quer almoçar comigo hoje? Acho que deveríamos conversar. — Arqueei minha sobrancelha. — Por minha conta hoje! — Aceitei pois não tinha a perder. 

Cada um seguiu com o seu próprio carro até o nosso restaurante preferido. Nós parecíamos  duas crianças competindo para ver quem chegaria primeiro ao destino e como sempre eu ganhei. Sempre duvidei que ele me deixava ganhar. Conversamos sobre a nossas crianças e a dias eu não me sentia bem assim. Talvez eu fosse dependente de Wilmer. E estar com ele me trazia aquela alegria momentânea. Era como se agora estivesse segura.

— Então você queria me falar algo? — Eu também tinha algo para falar e estava um tanto preocupada por sua expressão. — É algo sobre as crianças? 

— Não é sobre nós! — Senti meu coração palpitar. As vezes nos esquecemos que temos um coração batendo em nosso peito ou que respiramos. Esses hábitos se tornam tão involuntários que só nós lembramos deles em situações como essa ou quando alguém nos lembra sobre eles.

— Ainda existe um nós? 

— Talvez sempre existirá? — Ainda o olhei em dúvida, larguei o meu garfo em cima do prato e o encarei. Ele se sentiu pressionado. — Eu não sei como te falar isso, mas eu acho importante você saber de mim e saber antes de qualquer pessoa.

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