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Ágata.

Não queria ter subido. Não mesmo.

Gente, a bebida caiu em cima do dono da favela. Minha cara tá lá no chão, real.

Eric fica só rindo de mim, e eu já tô puta da vida com ele. É coisa séria. Se ele quiser me cobrar aqui e agora, já era, só vou de arrasta pra cima mesmo.

Neguei e cruzei os braços, olhando o baile lá de cima.

Tava cheio demais.

Eric: se controla e escuta. - encarei ele. - o bofe tá vindo ai. - arregalei os olhos. - eu vou pegar uma bebida ali, tu quer?

Eu: não sai. - sussurrei e ele riu negando. - por favor, cara.

Eric: eu já volto. - saiu assim que o carinha chegou perto.

Meu corpo ficou rígido, minhas mãos começaram a soar. Misericórdia.

Olhei pra frente, tentando manter a calma.

O perfume dele era maravilhoso. Incrível.

Adentrou minhas narinas, me deixando anestesiada somente com aquele cheiro.

Vargas: e aí. - falou com a voz rouca. - sou Vargas. E tu é? - me olhou.

Eu: Ágata. - só soube dizer isso.

Vargas: boto fé. - falou calmo, acendendo um cigarro. Encarei ele, fazendo careta.

Eu: - forcei um sorriso. - desculpa por aquilo. - me referi a bebida e ele deu de ombros.

Vargas: tá suave pô, já troquei. - falou óbvio e eu concordei. - tu é de onde? Nunca te vi aqui.

Eu: sou da zona sul. - ele ouvia atento. - primeira vez por aqui.

Vargas: novidade na área então pô, tô ligado. - eu ri fraco, negando.

Eu: não sou do tipo que gosto de ser novidades. - ele ergueu a sobrancelha. - quem não é visto, não é lembrado. - dei de ombros e ele riu fraco.

Vargas: é isso mermo pô. - deu uma tragada no seu cigarro. - fiquei te observando o baile todo pô. só te palmeando. Fiquei interessado pra caralho hein.

Eu: se eu fosse você, não fazia tantos planos... não vai rolar. - direta e reta. O mesmo me olhou curioso e riu.

Vargas: relaxa, branquinha. O não eu já tenho, tá ligada? Agora eu vou atrás do sim. - colocou uma mexa do cabelo atrás da minha orelha. - sou brasileiro princesa, desisto nunca.

Encarei ele, rindo.

Aproveitei pra passar o olho por todo aquele homão. Cara, como uma pessoa pode ser tão linda assim? Tomar no meu cu mesmo viu.

Ele era gato, muito mesmo.

Assim ele me mata, me acaba e eu ainda peço mais.

[..]

O rolê todo ele na minha cola. Tava atrás do sim mesmo, ia me vencer só no cansaço.

Não que eu não queira né? Mas as vezes é bom se fazer de difícil. Não é só chegar, mandar o papo que vai ganhar beijinhos.

Didi: sério que você tá de cu doce com aquele homão na tua cola? - riu, me olhando.

Eu: você sabe como eu sou. - dei um gole na minha bebida.

Eric: se fosse eu, já tava me acabando em cima daquele homem. - se abanou e eu ri negando.

Eu: tô cansada a beça, cara. - olhei o horário no meu relógio.

Eric: não muda de assunto, Ágata. - fez careta e eu resmunguei.

Eu: gente, ele tem mulher. Não viaja. - falei óbvia, lembrando da loira falando com ele na hora que derrubei a bebida.

Didi: é o que? - me olhou confusa. - o amigo dele disse que era solteiro. Inclusive, o baile tá rolando hoje porque ele cumpriu os anos todo na cadeia. - falou dando de ombros.

Eu: ainda é ex presidiário? - ergui uma sobrancelha, e Didi concordou.

Não me aguentei, dei uma risada e neguei.

Onde eu fui me meter, minha gente.

Eric: pelo menos é gostoso. - disse pensativo.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.Onde histórias criam vida. Descubra agora