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Vargas.

Eu era mais na minha, tá ligado?

Minha época de ser sagaz, já passou.

O tempo que fiquei trancado, meu fez refletir muito na vida.

Curtir é bom, é maneiro demais.

Mas essa vida é pra mim mais não.

Já tenho que lidar com vários bagulho, me deixa doido, e não preciso de várias no meu pé pra poder me fazer parar no caps.

Hoje em dia só quero progresso e dinheiro no bolso. O resto é resto.

Sai da tranca com bagulho de não me envolver por agora, e tá ligado né? Não quero me envolver sério pô, mas ter uma fixa é de boa.

Assim que bati os olhos na Ágata, o bagulho mudou.

Eu sabia que tinha que ser ela. Parece até coisa de outro mundo.

Ela era diferente. E eu fiquei fissurado quando ela nem me deu estia.

Homem é assim mermo pô, quanto mais pisa, mas a gente quer.

E tudo que eu quero, eu tenho.

E ela foi diferente, não me deu bola, já me mandou logo o papo que não ia ficar comigo. Vê se pode pô.

Eu: tem preferência de restaurante? - ela deu de ombros e me olhou.

Ágata: quero só vê se tem bom gosto. - sorriu e eu passei a mão no meu cavanhaque, concordando.

Levei ela pra um restaurante da zona sul, coisa fina demais. To ligado que ela vai gostar.

O bom de cumprir o bagulho todo, é que no final, tu volta limpo. Não fica nessa de foragido. Bom demais.

Estacionei o carro e desci. Dei a volta por trás do mesmo, e abri a porta pra ela, que me olhou surpresa.

Ela deu um sorriso ladino e desceu.

Ágata: não sabia que você era cavalheiro. - riu. - tá querendo o sim mesmo em.

Eu: eu te dei o papo mermo pô. - ela sorriu sem mostrar o dente.

Ágata: tenho até medo do que vai acontecer depois do sim. - ergui a sobrancelha. A mesma deu de ombros.

Adentramos no restaurante, ainda bem que não precisava reservar.

Logo vieram com o cardápio, fizemos nossos pedidos e ficamos trocando uma ideia sadia.

[..]

A mina era de outro mundo. Nossa conversa fluia sem nenhuma dificuldade.

Parecia que aquela porrinha foi feita especialmente pra mim.

Eu tava fascinado por aquela mulher, sem nem mesmo ter tocado ou beijado.

Bagulho era doido.

Almoçamos e depois fomos andar a toa.

Ágata: me fala sobre você, Vargas. - olhei pra ela, e voltei minha atenção pra estrada.

Eu: fala aí pô, o que você quer saber? - respondi animado.

Ela parecia pensativa, as vezes queria falar, mas logo se calava.

Ágata: é..hm, você tem quantos anos? - me olhou.

Eu: 25. - ela concordou. - pode perguntar pô, precisa ter medo não.

Ágata: tu sempre mexeu com essas coisas? - olhei pra ela, que nem desviou o olhar. Desgraçada bonita da porra.

Eu: desde que meu pai morreu. - ela concordou. - tem uns 8 anos.

Ágata: ficou muito tempo preso? - eu ri. Era engraçado a curiosidade dela.

Aqueles olhos negros me encarando, querendo saber tudo da minha vida. Era estranho.

Eu: tempo suficiente pra saber que não volto nunca mais pra lá. - ela levantou as sobrancelhas e concordou. - e tu, é filha única?

Ágata: sou. - falou baixo. - que eu saiba né. - deu uma risada.

A risada dela era irada. Única, igual a ela.

Parecia uma hiena? Parecia pô, mas era massa.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.Onde histórias criam vida. Descubra agora