Ágata.
Sabe quando você tá tentando seguir sua vida, e tudo desmorona? Toma um banho de água gelada, e tudo começa a dar errado?
Eu claramente tava vivendo o meu inferno.
Um grande pesadelo.
Tudo estava desmoronando bem a minha frente.
Eu não tinha reação.
Olhei em direção ao Vargas, e o mesmo estava de cabeça baixa e mãos no bolso, enquanto o médico falava e eu não entendia nenhuma palavra que saia de sua boca.
Eu estava em negação. Aquilo não podia estar acontecendo comigo.
Era tudo minha culpa. Se ao menos eu tivesse sido um pouco menos egoísta, meu bebê poderia estar aqui comigo.
Meu ouvido começou a zunir, minha nuca doer... E o aparelho começou a disparar.
Eu não tava raciocinando, só sabia sentir tamanha dor dentro do meu peito.
Não conseguia respirar, meu coração disparado que não tinha explicação.
Logo vi um monte de pessoas adentrar no quarto, algumas colocando algo dentro do meu soro e outras, falando alguma coisa pro médico.
Vargas me olhava sem expressão, eu entendo a dor que ele tá sentindo.
A dor e o peso de ser uma inútil, que não tive a mínima capacidade de cuidar dele ali ainda dentro de mim.
[..]
Acordei desolada. Sem ânimo pra nada.
Só Deus e eu sabia o peso da culpa em cima de mim.
Respirei fundo, olhando pra um ponto fixo ali do quarto.
Mal ganhei e já perdi.
É, tá complicado.
Eric: você tá bem? - apareceu do nada. Neguei. - saiba que estou aqui, com você. E pra você, minha amiga. - pegou na minha mão, e eu concordei, sentindo minha garganta travar.
Ele não disse mais nada, só me abraçou.
Sabe, era daquilo que eu realmente precisava. Um abraço.
Me deixei levar.. chorei, chorei, e chorei.
Quanto mais eu chorava, mais eu tinha vontade de chorar. Parecia que tinha milhares de faca dentro do meu peito. Uma dor fora do normal.
Eu: eu nunca vou me perdoar, Eric. - falei entre soluços. - eu fui uma mãe fraca. Eu não cuidei dele enquanto estava aqui. - Eric apenas me apertava. - tira essa dor de mim, por favor.
Eric: ô meu amor, bem que eu queria. - sussurrou.
Não disse mais nada, apenas chorei tudo o que tinha que chorar.
_
O final da noite foi a mesma de sempre. Um vazio enorme, a sensação de culpa, de impotência.
Exames, e mais exames.
E em todo o momento, sem ver ele.
Que barra.
Se pra mim tá doendo como nunca, imagina pra ele. O maior desejo dele era ser pai.
Vargas.
"Às vezes, tem que doer como nunca, pra não doer nunca mais."
Tá aí uma frase mais fuleira que inventaram.
Deus deve tá mermo me castigando. Nessa altura do campeonato.
Cheguei em casa puto, possesso, cheio de ódio, e o pior de tudo, cheio de culpa.
Culpa por ter sido um lixo. Culpa por ter vacilado. Culpa por não ter cuidado deles.
Era um caralho.
Quando eu penso que vai, desanda umas mil casa pra trás.
Qual foi pô, posso ser feliz não?
Minha vida tem que ser só solidão?
Acendi meu baseado, sentindo meu peito pulsar.
Dei umas tragada e senti meu corpo relaxando, mas logo entrando em combustão. Respirei fundo, e senti minha garganta travar.
Lágrimas quentes rolaram pelo meu rosto.
Eu perdi um filho. Perdi minhas jóias preciosas. Perdi o rumo da minha vida.
Talvez seja isso mermo, viver no inferno é mais garantido.
Se é isso que eles quer, é isso que eles vão ter, sem caô nenhum. Tamo na chuva pra se molhar, jaé.
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𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.
FanfictionNós dois não tem medo de nada Pique boladão, que se foda o mundão, hoje é eu e você Nóis foi do hotel baratinho pra 100K no mês Nóis já foi amante louco, quantas vezes nós virou ex Bota a chave pra girar que se pá chegou nossa vez Tipo Santos na Bel...