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Ágata.

Acordei meio atarantada do juízo. Foquei as vistas, mas não enxergava nada, um breu danado.

Procurei meu celular e achei em baixo do travesseiro, liguei a lanterna e vi Vargas deitado ao meu lado, com a mão na minha cintura.

Respirei fundo me lembrando da noite anterior. Devo ter minhoca no lugar do cérebro.

Tirei o braço dele de cima da minha cintura e fui até o banheiro.

Me olhei no espelho e levei um susto quando vi meu corpo todo marcada.

Que merda foi essa?

Fiz careta e vesti minha roupa correndo.

O relógio marcava 05:32 da manhã.

Peguei minha bolsa, calcei minha rasteirinha e sai dali sem fazer barulho.

Tody: tá fugindo de quem, fia? - coloquei a mão na boca, abafando o grito.

Eu: sai daí, fi do cabrunco. - suspirei.

Tody: - riu. - tá dando fuga no patrão? - neguei. - sei.

Eu: cala a boca, você não me viu. - apontei pro mesmo, que levantou as mãos em sinal de rendição.

Tudo que eu menos precisava era do Vargas me tumultuando, achando que a gente voltou. Aí não.

[..]

Acordei novamente, olhando meu celular marcava 12:35. Cocei os olhos e vi um monte de mensagens e ligações.

Ihhh.

Nem dei muita confiança, já dava pra ver que era o bofe surtando.

Ri fraco, negando e fui pro banheiro, tomar outro banho.

Fiz minhas higienes, lavei cabelo e sai enrolada na toalha.

Meu celular começou a tocar, olhei o visor e número estrangeiro.

Ergui a sobrancelha e atendi.

Eu: alô? - falei curiosa.

Pedro: se eu não ligar, nem lembra que tem pai em. - ri fraco. - tô sabendo de tudo que tá rolando aí, Ágata. Como é que tu não me fala que eu ia ser avô?

Eu: primeiro que o senhor sumiu do nada. - me defendi. - tu tá aonde?

Pedro: Canadá. - disse despreocupado. - esse tempo que tô fora, tava fechando uns contratos.

Eu: aí lembrou que tinha filha. - ele riu.

Pedro: o dramático aqui sou eu. - eu neguei. - Ágata, eu preciso que você venha pra cá.

Por um momento, eu achei que estava escutando coisa, mas logo ele continuou falando.

Pedro: é até bom pra espairecer a mente. Sei tudo que aconteceu. E sei também que você não tá mais com o meliante. - eu gargalhei.

Eu: não é assim também, né pai? - falei óbvia. - não posso largar tudo e sair sem ao menos pensar em algo plausível.

Pedro: tranquilo. - respirou fundo. - mas preciso de você e quanto antes.

Eu: tá certo. Eu vou informando. - ele respondeu um "tá bom" - se cuida, te amo.

Pedro: Te amo, princesa.

A ligação foi encerrada, e fiquei olhando pro celular.

Era uma loucura danada.

E assim, Canadá? Do nada?

Eu não tinha nem reação pra isso tudo.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.Onde histórias criam vida. Descubra agora