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Ágata.

Eu: vou subir. - sussurrei pro Eric.

Eric: a não, Queen. - fez birra.

Eu: tô cansada. - suspirei. - amanhã a gente se ver, tá bom? - ele concordou.

Me levantei e dei um beijo na testa dele e de Ingrid.

Eu tava só existindo, sabe? Os dias se tornaram insuportáveis.

Subi pro meu quarto, tirei minha roupa e tomei um banho rápido.

Sai enrolada na toalha e atendi meu celular que tava tocando.

Número desconhecido.

Ergui a sobrancelha e joguei o celular na cama.

A ligação insistiu até me vencer pelo cansaço.

Atendi brava já.

Eu: que foi hein, porra? - falei séria, e a ligação ficou muda. - tá vendo? Nunca vi mudo fazer ligação. Arrombado.

Desliguei o celular e coloquei no criado mudo.

Me sequei, e vesti meu pijama.

Passei desodorante e me joguei na cama.

A vida tem sido assim.

A cada dia tentando lutar com o meu eu interno.

Uma batalha horrível.

Tinha dias que vencia, e outros, a gente só queria morrer logo.

__

Os dias se passavam voando. E a saudade só aumentando.

Era impossível acreditar que ele tinha partido.

Mas a cada dia que passava, parecia que eu já estava acostumando com a ausência.

A dor nunca some, a gente só aprende a conviver com ela ali, sempre presente.

Meu pai não parava de me ligar, querendo que eu fosse pra onde ele estava.

A morte de Vargas saiu até nos jornais internacionais.

Papai tinha medo de que eu fraquejasse e fizesse besteira.

Faltou foi a coragem, porque oportunidade sempre tive.

Calcei minha rasteirinha e peguei minha bolsa de lado, colocando cartões e celular na mesma.

Didi: pelo menos vai tirar o cheiro de mofo. - gargalhou.

Eu: tu para em. - fiz careta.

Didi: amiga, eu sei que ainda dói. - respirei fundo. - mas a gente vai superar juntas... Você tem que viver.

Eu: fácil falar, não foi você que perdeu alguém. - forcei um sorriso e ela abaixou a cabeça. - desculpa. - toquei na mão dela. - depois que ele se foi, eu fiquei assim.

Didi: só cuidado. - ela me olhou. - cuidado pra não afastar quem gosta e quer te ver bem.

Concordei e adentramos no carro.

A mesma deu partida e fomos pro shopping.

Comprinhas né, a gente merece.

Fomos em várias lojas de marca, desde lingerie até mesmo em jóias.

Aí que saudade que eu tava dessa vida.

Paramos na frente de uma loja, enquanto Ingrid procurava algo dentro de sua bolsa.

Eu observava o movimento, até que do nada, vejo uma pessoa de costas.

Idêntico ao Vargas.

Franzi o cenho e continuei observando.

A pessoa tava acompanhada de uma mulher. Deveria ter seus 30 e caceta.

Quando ele virou o rosto, parecia que eu tinha levado um murro no estômago.

Arregalei os olhos e fui em direção a aquela papagaiada.

Não acredito nisso, não acredito mesmo.

Ingrid veio atrás sem entender nada.

Assim que paramos próximo ao casal feliz, Ingrid colocou a mão na boca.

E eu? Parecia que tava numa cena de terror.

Meu estômago revirava, e a vontade de matar ele ali mesmo, era gigante.

Eu: então esse foi o real motivo? - falei, tentando não gritar para chamar atenção.

Assim que minha voz ecoou, Vargas petrificou. A mulher só me olhou curiosa.

Eu: me responde, seu cretino. - toquei nele com força. - você mentiu pra ficar com uma mulher? - minha voz já estava ficando alterada.

O mesmo respirou fundo e me olhou, passando a mão no cavanhaque.

Ele parecia estar mais lindo que o normal.

O cabelo com reflexos, o cavanhaque feitinho, e seu cheiro incrível.

Neguei, encarando aquele imbecil.

Vargas: Não é isso. - sua voz rouca ecoou.

Eu: E É O QUE? - gritei, chamando atenção do povo. - TU TEM MERDA NA CABEÇA, CARA? - ele me olhava com semblante frio. - QUE ÓDIO DE VOCÊ, DESSA SUA CARA DESLAVADA.

Nem deixei ele responder. Isso não era coisa de se fazer.

Totalmente ridículo. Não tinha empatia pelo próximo.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.Onde histórias criam vida. Descubra agora