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Ingrid.

Algumas coisas estavam erradas. Algumas não, várias coisas dando errado.

Sei que vacilei com a Ágata, mas nem uma chance de me explicar eu tive.

Que inferno.

Quem tem pais assim, não precisava nem de inimigo.

Tava difícil... Muito difícil.

Arrumar emprego então, era uma missão quase impossível, mas sou brasileira... Não desisto nunca.

Sai da casa do Freitas, vendo uns seguranças lá na frente fazendo contenção. Dei de ombros e fui indo em direção a padaria que tinha ali.

Xxx: o mano falou que é pra avisar pra onde tu vai. - um dos moleque falou sério, encarei ele, e ergui uma sobrancelha.

Eu: não sou nada daquele maluco, eu hein.. - fiz careta.

Xxx: ordens, patricinha. - bufei, revirando os olhos. - ou tu fala, ou vamo ter que chamar ele.

Eu: manda ele catar coquinho, e pode falar que foi eu quem mandou. - sai dali, sem esperar ele responder.

Tinha nem paciência pra isso. Não tínhamos nada. Sei que tô ficando ali por pura piedade, mas calma lá né.

Cheguei na padaria e tinha um pessoal, e por incrível que pareça, acho que Deus estava do meu lado no momento em que avistei um papel com vaga disponível.

Eu não tava nem acreditando naquilo, minha vontade agora era de gritar.

Eu: Oi, tudo bom? - me aproximei da senhora que estava no balcão. - aquela vaga, está disponível? - apontei pro papel.

Xxx: olá querida, sou Rosa. - deu um sorriso simpático. - sim, está disponível. Já tem bastante tempo, mas parece que o povo não gosta de trabalhar. - deu uma risada fraca.

Eu: pois não seja por isso, eu tenho interesse. - falei animada. - só Deus sabe o quanto eu estou precisando. - suspirei, sentindo total gratidão em meu peito.

Rosa: podemos fazer um teste. - me analisou. - você tem alguma experiência? - olhei pra mesma sem graça. - tudo bem, estamos nesse mundo para aprender. - sorriu. - Você pode vir amanhã, para começarmos.

Dei uns pulinhos de alegria. Eu não tava nem acreditando naquilo.

Eu: aí dona rosa, muito obrigada. - peguei na mão da mesma, agradecendo pela milésima vez. - a senhora é um anjo na minha vida.

Rosa: fique tranquila, menina. - sorriu. - seja bem vinda, até amanhã. - me entregou os uniformes.

[..]

Cheguei em casa feliz demais. Nada e nem ninguém iria me tirar tamanha felicidade.

Adentrei na mesma, e fui em direção a cozinha, vendo ele ali, só de bermuda.

Revirei os olhos e peguei um copo com água.

Desde que vim pra cá, não tivemos uma conversa civilizada. Estávamos parecendo cão e gato, dois inimigos. Na primeira oportunidade, se mata.

Freitas: onde tu tava? - perguntou sem me olhar.

Eu: no inferno. - respondi na lata.

Freitas: e porque não ficou lá? - neguei, ficando calada. - tu podia pelo menos tentar ter uma convivência saudável nessa porra né.

Eu: como? - parei, e encarei ele. - como vai ter isso aí, sendo que você não fala merda nenhuma? - tentei manter a calma. - dês que cheguei aqui, tu nem fala comigo, cara. Tranquilo que eu tô na tua casa, mas é totalmente contraditório isso o que você tá pedindo. - apontei pro mesmo, que só me olhou.

Fiquei calada, neguei e subi. Tinha até perdido a vontade de tomar água.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.Onde histórias criam vida. Descubra agora