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Vargas.

Era só sequência de balaço. Bagulho era doido mermo.

Era sangue pra todo canto. Os mano gritando, os cuzao correndo.

O camburão tentando subir pra derrubar nós, mas aqui não, meu irmão.

Eu tava com Freitas e Tody, a gente acertava sem dó.

Dava um ódio ver minha favela daquele jeito. Ia dá um prejuízo do caralho.

Esses pau no cu só sabem fazer isso, mas subir aqui pra ver se o pessoal precisa de ajuda, sobe não pô. Só quer fazer inferno na vida alheia.

Freitas: tu é o alvo. - comentou, enquanto atirava em um capeta. - tu tem que sair daqui, Vargas.

Eu: não posso, irmão. Não posso. - eu falava mais pra mim, do que pra ele.

Freitas: se tu for pego, já era pô. Tu tá ligado nos bagulho. - negou, enquanto corria pro outro lado da rua.

Eu: confia no pai pô. - ele respirou fundo.

Adentramos numa viela, tava tudo escuro pô. Eu sabia que hoje se minha vida não acabasse, Deus tava agindo do meu lado.

Os cuzao vieram preparado pra matar mermo.

Xxx: TRAZ ELE. - gritou, correndo pela viela. - NAO QUERO SABER. QUERO ELE VIVO.

Olhei pro Freitas, que olhava curioso. Apontei com a cabeça, e Freitas acertou um tiro na coxa do vacilão, que caiu no chão gemendo de dor.

Me aproximei tentando reconhecer, mas nada.

Xxx: Jogando sujo. - disse, rindo.

Eu: quem te mandou aqui? - apontei a metralhadora na cabeça dele.

Xxx: tu é tão bestinha, que nem tá ligado no tanto de gente querendo tua cabeça. - riu e eu neguei.

Eu: não foi isso que eu perguntei. - falei perdendo a cabeça. - NAO VOU FALAR DE NOVO. - destravei a arma.

Xxx: pode matar... Vai vim gente pior que eu. - disse despreocupado. - a cada canto que você vai, sempre vai ter alguém atrás. - franzi o cenho e logo senti um tiro no meu braço.

Ardeu. Perdi a força e Freitas atirou de volta.

Tá ligado quando você não tem o que fazer? Eu sentia altos bagulho me perfurando, coisa sinistra mermo.

Eu: CAI FORA DAQUI, FREITAS. ANDA LOGO. - gritei, mirando nos cara que aparecia.

Freitas: NAO VOU TE DEIXAR PORRA. - disse tentando me carregar nas costas.

Eu: VOCÊ VAI MORRER, CARALHO. - tentei me soltar dele. - CUIDA DA ÁGATA PRA MIM.

Me joguei no chão, enquanto os caras vinha doido atrás de nós.

Pelo menos os tiro tava em dia, acertando meio mundo.

Comecei a sentir meu corpo pesar, minhas vistas escurecer.

É, chegou o dia de ir pagar meus pecados.

[..]

Ágata.

Eu: MEU DEUS, EU PRECISO DELE. - gritei de novo.

O pessoal tentava me acalmar, mas nada, nada conseguia.

Logo vi uma pessoa desconhecida se aproximando e Freitas me segurando.

Freitas: você precisa me ajudar. - sussurrou, me segurando forte.

Continuei me debatendo, e logo senti a pessoa me furando e injetando algo no minha veia.

Depois de uns minutos, senti meu corpo amolecendo, olhei pro pessoal e todos me olhavam com pena.

Eu: não acredito nisso. - sussurrei, sentindo uma lágrima rolar e eu apagar.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.Onde histórias criam vida. Descubra agora