131

9.1K 513 20
                                    

Ágata.

Ingrid: depois a gente vem aqui. - apareceu na porta, e eu mandei um jóia.

Eric: e a gente vai aonde? - fez cara de confuso.

Ingrid: aí Eric... - fez careta e puxou o viado.

Ri fraco, colocando tudo que eu havia lanchado mais cedo, pra fora.

Respirei fundo, sentindo uma dor enorme no peito. Eu odiava vomitar por esse motivo. Meu corpo tudo doía.

Escovei os dentes e vi pelo espelho Vargas atrás de mim. Enxaguei a boca, sequei na toalha e virei para olhar ele.

Vargas: pô. - passou a mão na nuca, todo sem jeito. - isso é papo reto mermo?

Eu: eu nunca vi um falso positivo. - sussurrei, rindo sem graça.

Vargas: então tu tá esperando uma cria minha? Na moral... - ele sorriu, me puxando pra um abraço. - Deus tá sendo generoso mermo, tá querendo vê nós mais feliz do que já tamo. Puta que pariu... - ele falava todo eufórico.

Eu: calma. - abracei o mesmo. - vai ter um troço desse jeito.

Vargas: tô feliz, mulher. caralho, coração tá a mil mermo. - respirou fundo. - agora que vamo agilizar o bagulho do casamento....

Ele falava todo animado, parecia criança quando ganhava doce.

Vargas: fazer um churrasco só com os mais chegados pra poder anunciar que vem um bacuri aí. - ele sorriu e eu concordei.

Eu: ei, respira. - me separei dele, segurando sua mão. - eu te amo! - ele me olhou confuso. - não é da boca pra fora. Você sabe que eu sou meio difícil de falar... mas agora vamos ter uma família. E eu tô feliz. - sorri sem mostrar os dentes. - tô com medo também, mas tô feliz de estar iniciando essa nova etapa com você.

O mesmo não falou nada, só me aninhou nos seus braços.

Na real, não precisava nem falar nada. Ele era único! Sempre fez questão de demonstrar, tanto nas atitudes quanto nas palavras. Eu sou rica, e nem tô falando de dinheiro.

Vargas: você é tudo pra mim, tu tá ligada na ideia. - disse alisando meu cabelo. - sempre vou tá aqui pra você, por você. E agora pelo nosso filhote. - sua voz rouca ecoou, fazendo minha garganta travar.

Tô até vendo que vou ficar uma molenga nessa gestação.

[..]

Eu: aonde estamos indo? - olhei pro mesmo, curiosa.

Vargas: calma, minha querida. - resmunguei.

Já tinha um tempinho que estávamos andando, subindo várias ladeira, eu num aguentava mais.

Depois de uns minutos, estávamos no pico do morro. No alto, do alto. Eu nunca estive ali. Sempre falavam que era proibido ir.

Olhei pro mesmo chocada. Era lindo, dava pra ver praticamente toda a favela e uma boa parte do RJ.

Eu: aqui é lindo. - sussurrei, enquanto ele estendia a mão para que eu pegasse.

Vargas: quando eu era mais novo... meu pai me trazia aqui! - falou, sem me olhar. - aqui é onde eu venho pra pensar, pôr meu juízo pra regular. Em uma das conversas com meu coroa, ele pediu pra eu não querer viver só do crime. - ele falava olhando todo o território. - no dia, eu não entendi, só ri. Falei que não queria saber de mulher, de ter uma família. Que minha família era ele. - negou rindo. Sua voz estava mais rouca.

Eu: ei, tá tudo bem. - apertei a mão dele.

Vargas: a verdade é que eu tinha medo... Medo de viver nesse mundo louco. Antes dele morrer, ele fez eu prometer que teria uma família. - suspirou e eu vi uma lágrima rolando em seu rosto. - sabe o que eu fiz? Recusei a prometer.

Eu: você não tem culpa. - olhei pro mesmo. - e com certeza ele já sabia quais passos você iria tomar. Você era jovem, óbvio que não queria ter uma família. - ele me olhou.

Vargas: ainda bem que você apareceu. - o mesmo me puxou pra um abraço. - depois que eu te vi, tudo mudou. Mudou pra melhor, graças a Deus. Estou tentando ser um homem melhor. E se for preciso, eu saio dessa porra toda, só pra poder viver em paz e seguro com vocês. - encarei ele.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.Onde histórias criam vida. Descubra agora