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Ágata.

8 meses depois...

Era tempo chuvoso. Já tinha uns dias que o morro tava sendo ameaçado de ter invasão. Os cana não dava paz.

Ingrid já tinha ganhado neném. Era um meninão, cheio de saúde, graças a Deus.

Lara: mamãe, tô com medo. - apareceu na porta.

Eu: shiiii, vem cá. - estiquei os braços. - não precisa ter medo.

Lara: cadê papai? - se aninhou nos meus braços.

Eu: tá no serviço. - olhei pra ela, sentindo um aperto no coração.

Ela concordou, e eu suspirei.

Toda vez era isso. A cada notícia que saia no jornal, ou até mesmo os moleque falando, o clima ficava pesado.

Meu celular começou a tocar, olhei no visor e era Vargas.

Eu: oi amor, tá tudo bem? - falei assim que atendi.

Vargas: arruma uma mala. - falou rápido. - roupa minha, tua e da Lara. Rápido.

Eu: o que houve? - falei assustada.

Vargas: faz o que eu tô pedindo, amor. - falou tentando não soar grosso. - pega teus documentos, e da Lara também. Os passaportes. Vou mandar um guri pra te buscar.

Eu: tá, tá bom. - coloquei Lara na cama e me levantei.

Peguei uma mala que coubesse tudo e coloquei as roupas e documentos.

Abri o cofre e peguei dinheiro também, nunca se sabe.

Lara já tava de moletom, e eu também. Calcei um tênis e coloquei nela também.

Meu celular vibrou com uma mensagem do bofe, avisando que o moleque já tava na frente de casa.

Peguei a mala e desci com Lara na minha frente.

Lara; a gente vai viajar? - disse com o urso de pelúcia.

Eu: vamos amor. - sussurrei.

Ela sorriu e concordou.

Sabe quando você ainda está com o coração apertado? Então. Tudo muito estranho.

Pode não ser nada, mas ao mesmo tempo, pode ser tudo.

[..]

Uma estrada vazia.

Chegamos nela, e cá estamos.

Encarei o moleque, e ergui a sobrancelha.

Liguei meu GPS e mandei em tempo real pro Vargas.

Eu: o que estamos fazendo aqui? - o menino me olhou nervoso. - não foi aqui que Vargas falou pra trazer a gente.

Xxx: pô patroa, ele me mandou mensagem falando que é aqui. - disse ficando impaciente.

Eu: mas ele acabou de me mandar mensagem. - rebati.

Ele passou a mão no rosto, totalmente apavorado.

Depois de alguns minutos vi um carro se aproximando. Franzi o cenho, tentando reconhecer. Lara tava cochilando, graças a Deus.

A pessoa desceu do carro e veio até a gente.

Não acredito.

Freitas.

Respirei fundo, passando a mão no rosto, sentindo meu corpo tremendo.

Fiquei calada.

Freitas: quanto tempo, Ágatinha. - falou sorrindo e eu concordei. - desce pô, vai falar que não tá com saudade?

Eu: ih, tô não. - ele ficou sério. - tu sumiu, cara... Achei que ia voltar.

Freitas: voltei. - deu de ombros. - desce do carro logo, tô pra gracinha não. - o mesmo tirou a pistola da cintura.

Ele veio até a minha porta, e tentando abrir a mesma. Olhei pro menino do meu lado, que tava com a cabeça baixa.

Eu: não deixa ele tocar na minha filha. - sussurrei. - por favor.

Ele me olhou assustado, mas concordou.

Ainda bem que Lara tinha tomado remédio pra vômito, então o sono era praticamente profundo. Se ela visse eu saindo do carro, ia plantar um berreiro.

Freitas: sabe, Vargas foi vacilão pô. - me olhou. - me mandou embora por causa daquela vagabunda.

Eu: não fala dela. - encarei ele. O mesmo deu de ombros.

Freitas: ela casou né? Tudo filho da putas. - negou.

Eu: cara, deixa de loucura. - ele me olhou, sorrindo. - você nem queria saber dela.

Freitas: e tu sabe de algum bagulho? - segurou meu braço com força.

Eu: que você é um babaca. - ele me encarou por uns segundos, e logo me deu um tapa no rosto. - e ainda por cima, agressor.

Não deu nem tempo de falar mais coisas, só escutei carros cantando pneu.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.Onde histórias criam vida. Descubra agora