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Freitas.

Didi: o que você quer aqui? - falou ignorante, assim que me viu aproximando no balcão.

Eu: co foi, princesa... posso nem vim tirar a barriga da mísera. - falei chateado.

Didi: então tu tá é com uma solitária, já veio aqui mais de 5 vezes. - falou seria.

Rosa: que isso, minha filha? deixa que eu atendo. - falou assustada.

Eu: tá tranquilo, tia. - Ingrid me fuzilou com os olhos. - quero ser atendida por ela. - apontei pra mesma, que revirou os olhos.

Didi: vai ficar esperando, panaca. - mandou dedo e saiu dali.

Dona Rosa me olhou assustada e eu ri, negando.

Eu: porque vocês mulheres são tão complicadas? - dona Rosa sorriu sem graça.

Rosa: ela não tá num bom dia. - explicou e eu ergui a sobrancelha. - os pais não param de ligar.

Eu: ideia memo? - a senhora confirmou, neguei, respirando fundo. - tia, a senhora pode liberar ela mais cedo hoje? Preciso trocar uma ideia com ela.

Rosa: o problema é essa menina sair cedo, meu filho. - riu. - se deixar, ela só sai daqui depois que expulsou a última mosca. - concordei. - se tu conseguir, ela tá liberada.

Eu: valeu tia, depois a gente acerta esse lado ae. - mandei jóia.

Fui pra parte de trás da padaria e vi Ingrid conversando no celular. Ergui a sobrancelha e fiquei parado, só escutando a prosa.

Didi: eu não quero saber... eu não vou voltar... caraca, depois de quase 2 anos vocês não cansam? Me deixa em paz... - desligou o celular.

Tava na cara que ela tava nervosa. Quando ela virou e me viu, parecia que tinha visto fantasma.

Didi: agora você. - falou cansada. - me deixa quieta, Freitas. Por favor. - pediu, sem me olhar.

Eu: preciso falar contigo. - ela negou. - é sério pô, deixa de marra.

Didi: agora é marra né? - ela me olhou, rindo de nervoso. - me diz porque agora é marra? Você tem noção de tudo que me fez passar? - sua voz parecia estar em um fiasco, a qualquer hora tava gritando.

Eu: aqui não, Ingrid. - sugeri, e a mesma riu.

Didi: você não entende né? - encarei ela. - ninguém me entende. Ninguém entende quando eu peço paz. - suspirou. - se você tá esperando que eu grite, fique tranquilo.. cansei de gritar e ninguém me ouvir.

Eu: Ingrid. - me aproximei e a mesma deu um passo pra trás. - eu não vou te machucar.

Ela me olhou desconfiada. Negou e ficou calada.

Eu: por favor... vamos conversar. - ela respirou fundo.

Didi: só uma conversa. - sussurrou, passando a mão no rosto. - aqui no morro, um local aberto.

Eu: tranquilo pô, tu que manda. - ela me olhou e ficou calada.

[..]

Chegamos na pracinha. A mesma comprou um açaí e uma água. Fiquei na minha, não podia pisar na bola. Já tava queimado demais, precisava limpar minha barra.

Eu gostava era dela, não podia negar pro coração.

O bagulho era doido mermo. E eu não tinha nem noção se eu já perdi a garota.

Respirei fundo, enquanto ela coloca um colher de açaí na boca. A mesma mastigou, engoliu e falou.

Didi: pode começar. - sugeriu, olhando para onde as crianças brincava.

Eu: tu tá de boa? - ela ergueu a sobrancelha, parecia pensativa.

Didi: sobrevivendo, é a melhor palavra. - sorriu, sem mostrar os dentes. - então?

Eu: me desculpa. - o silêncio pairou no ar. - por tudo mermo. - passei a mão no rosto, ficando nervoso. - só te maltratei, não dei o valor que você merece. Caraca, tô me sentindo malzão.

Didi: porque isso... Agora? - falou confusa.

Eu: porque eu gosto de você. - ela prendeu a respiração. - eu tive que perder e passar por isso tudo pra ver o que eu realmente sentia. Me sinto um babaca por ter deixado isso tudo acontecer. - respirei fundo. - tô sofrendo mermo, pra caralho. Mas tô ligado que essas palavras não vão te trazer de volta... Mas tô vindo na pureza pedir desculpas. - ela me olhou, parecia desconfiada. - já conversei com Vargas, vou dá um tempo da favela. Vou piar pra outro canto até tomar um prumo na vida. Tá pegando bem ficar aqui não, te ver e não poder te tocar, o bagulho tá doido mermo.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.Onde histórias criam vida. Descubra agora