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Ingrid.

Flashback on.

Pedro: entra aí pô, vou morder não. - encarei ele, essa frase de duplo sentido me deixou sem graça.

Ajeitei a roupa no corpo e adentrei no carro.

De cara, já tinha várias pessoas curiando. Odiava isso.

Assim que saímos do morro, meu celular começou a tocar. Visssh.

Olhei no visor: "Freitas." Povo fofoqueiro duma figa.

Pedro: vai atender não? - falou sem me olhar. Sorri sem graça negando.

Eu: não é importante. - dei de ombros e ele concordou. - porque me chamou pra dar o rolê? - ele riu fraco, estalando a língua.

Pedro: tô precisando. - suspirou. - tinha tempo que eu não saia aqui no Brasil. - ergui a sobrancelha. - relaxa, Ingrid. Não tô com nenhuma intenção.

Arregalei os olhos, mas concordei. Nem falei mais nada, minha cara tava no chão.

Pedro: até porque, você gosta do doidinho lá né. - olhei pra ele e fiquei calada. - não precisa falar mais nada. - riu.

Eu: é um caso complicado, nós dois. - suspirei. - nem tem como explicar.

Ele concordou, mas não falou nada.

Meu celular já tava incomodando. Neguei e coloquei no modo avião.

[..]

Descemos do carro e adentramos no restaurante. Era coisa sofisticada, bonito até.

Até fiquei envergonhada.

O mesmo apontou com a cabeça o local e eu fui seguindo o mesmo.

Pedro: fique a vontade, mulher. Até parece que somos desconhecidos. - fez careta.

Ri fraco.

Gente, sério. Aquele homem era coisa de outro mundo. Sei lá. Uma beleza rústica? Também não sei. Tinha um charme do caramba.

Mas pelo amor de Deus, é PAI DA MINHA AMIGA. Tá repreendido, senhor.

Sacudi a cabeça, olhando o cardápio.

Ele riu negando, e olhou o celular.

Eu: já escolhi o meu. - falei animada. - e você?

Pedro: também. - concordei.

Ele chamou o garçom e fizemos o pedido.

Ficamos jogando conversa fora. O clima tava agradável. E realmente, não parecia que ele estava com segundas intenções. Mas nunca se sabe né?

Os pedidos chegaram, almoçamos e ele foi acertar as contas.

Me levantei e fui atrás do mesmo, avisar que iria ao banheiro.

Assim fiz, avisei e fui até o banheiro.

Fiz minhas necessidades, lavei as mãos e sai do banheiro. E ele estava ali, encostado na parede que havia fora do banheiro feminino.

Ele tava com uma calça jeans escura e uma blusa social preta. Bonito até. Credo.

Eu: demorei? - chamei a atenção dele, que olhava o celular.

Pedro: não, acabei de chegar. - sorriu, e eu concordei.

Me ajeitei na frente do espelho que havia ali, enquanto ele me olhava. Ergui a sobrancelha e ele levantou as mãos.

Eu: ihhhh. - ri negando.

Ele nem falou nada, só se aproximou e me puxou pela cintura, fazendo nossos rostos ficarem colados.

Meu coração parecia que ia saltar. Fui pega totalmente de surpresa.

Eu: não, Pedro. Assim não. - suspirei, tentando me afastar.

Pedro: você não quer? - sussurrou.

Eu: não quero. - falei séria. Ele me olhou e concordou, me soltando.

Pedro: desculpa. - falou sem jeito, respirei fundo e sai andando na frente.

Tudo bem, ele era um gato (no meu ponto de vista), mas em nenhum momento eu dei a entender que rolaria algo. (Pelo menos na minha mente.)

Antigamente eu brincava e tudo mais, mas as coisas mudaram. Muita coisa mudou.

Pedro, 44 anos.


𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.Onde histórias criam vida. Descubra agora