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Ágata.

Eu tava num ódio descomunal, gente, como a pessoa podia agir assim?

Fez eu chegar no fundo do poço, acreditando em algo que não existia, a ponto de me fazer pensar em bobagens? Eu não entendia isso.

Sai dali desorientada, enquanto Ingrid me gritava e tentava me acompanhar.

Tava pensando em nada.

Só na vagabundagem desse cara ridículo.

Vem fazer mil juras de amor, e no final, já tava com outra.

Que caralho.

Entrei no primeiro táxi que vi, passei o endereço e fui o caminho inteiro com aquela cena martelando na minha mente.

Não fazia sentido.

Meu celular não parava de tocar.

Apenas coloquei no silencioso e encostei minha cabeça no vidro do carro.

Parabéns, sua trouxa. Sofrendo por um bandido vagabundo safado. Tá certo.

Quando a gente pensa que não é tão palhaça, o mundo da suas voltas e mostra que você é mais besta que o normal.

O táxi parou no pé do morro, paguei o mesmo e fui subindo a pé mesmo.

Precisava pensar. Nem que fosse naquele sol de 70° fritando meus miolos.

[..]

Eric: o que você tá falando? - falou chocado. - não Ágata, isso é possível?

Eu: não só possível, como é verdade. - respirei fundo. - cara, eu tô me sentindo uma idiota. Fiquei esses meses todos sofrendo, pra no final, ver que foi tudo sacanagem.

Eric: gente do céu. - disse colocando a mão na boca. - eu não tô acreditando.

Eu: Ingrid tava lá, viu tudo. Parecia assombração. - bati de leve na testa. - que ódio viu. Se queria ficar com outra, era só ter falado. Bandidinho de merda.

Eric: mais e ele, falou o que? Não se explicou? - perguntou, tentando entender melhor.

Eu: só falou "não é isso" - fiz aspas com a mão. - Eric tava tudo tão na cara, em baixo do meu nariz e eu não vi. - passei a mão no rosto. - o caixão lacrado, não deixaram fazer reconhecimento do corpo. Caraca viu. - neguei. - ele é um egoísta, isso sim.

Fiquei conversando horas com Eric. Falando do meu ódio daquele maldito homem.

Eu podia ser tudo, mas creio que eu não merecia isso.

Deixei de viver por quase 4 meses. Sofrendo um luto que não era real.

Depois uma praga dessa quer falar de consideração, de amor. Sendo que não teve um pingo de consideração a mim, não pensou como eu ficaria com uma coisa dessa. Sem cabimento.

__

Didi: nunca mais faz isso. - chegou reclamando com um monte de sacola.

Ri fraco. Fiquei tão doida, que deixei ela pra trás com todas as sacolas.

Eu: desculpa. - ela concordou.

Didi: se você ver o auê que tornou aquela loja. - olhei pra mesma. - Vargas surtou, queria conversar comigo e eu neguei. Sério, parecia assombração.

Eu: quero nem saber desse infeliz. - suspirei.

Didi: não entendi o porquê dele ter feito isso. - se sentou no sofá.

Eric: ele é um safado. - disse digitando algo.

Didi: feio isso que ele fez. - resmungou e eu fiquei calada.

Só de pensar, me dava um ódio gigante.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.Onde histórias criam vida. Descubra agora