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Ágata.

Sabe quando você tem algo te incomodando? Como se fosse um aviso?

Então...

Respirei fundo, tentando não pensar muito naquilo.

Eu não podia me dar o luxo de explodir um ódio.

Troquei de roupa, escovei os dentes e olhei pra Ingrid.

Didi: que foi? - me olhou, fazendo careta.

Eu: vamos ali. - puxei ela.

Didi: ou, calma. Que foi? - me olhou confusa.

Eu: vamos ali, Ingrid. - falei séria e a mesma concordou.

Peguei o primeiro carro que vi e adentrei nele... Dei partida e fui em direção a boca.

Didi: você sabe que o Vargas não gosta que você vem aqui... - comentou, olhando o celular.

Eu: preciso tirar uma dúvida. - respondi e ela concordou.

Estacionei o carro em frente a boca. E assim que os meninos me viram, já ficaram inquietos e com os olhos arregalados. Tem coisa aí.

Já fui adentrando igual furacão.

Assim que cheguei na porta da sala, tava trancada e uma música no fundo. Respirei fundo, tentando manter a calma.

Comecei a bater com força na porta, depois de um tempo o som foi desligado e a porta foi aberta.

Eu não tava acreditando naquilo que tava acontecendo. Franzi o cenho, encarando ele naquele sofá, sem roupa e fumando um cigarro de maconha.

Vargas: porra, falei pra não incomodar... - virou o rosto pra minha direção.

Assim que ele me viu, parecia ter visto um fantasma na frente dele. Engasgou com a fumaça do cigarro e se levantou no pulo.

Neguei rindo, como eu fui babaca.

Meu coração parecia ter levado umas 5 facadas. Meu corpo todo se tremia.

Que decepção.

Eu: não vem atrás de mim. - sussurrei, olhando no fundo dos olhos dele. - eu tenho nojo de você. NOJO! - falei alterada. - eu espero do fundo do meu coração que você não se arrependa da sua escolha.

Nem deixei ele contar historinha triste, sai dali voada.

Com o coração mais quebrado do que eu esperaria.

Eu esperava qualquer tipo de traição, mas logo de quem dorme comigo todos os dias? Que dizia me amar? Que dizia estar feliz com a nossa família? Oi? Que felicidade do caralho é essa?

Senti as lágrimas quentes rolar sob meu rosto. O ódio acumulado no peito.

Adentrei no carro, e Ingrid me olhou calada.

Me desabei.

Eu realmente não esperava por aqui. Nem nos meus sonhos. Nem judas foi tão traíra, ou melhor, até judas foi traíra.

Eu me tremia toda.

Didi: amiga, fica calma. - falou suave, e eu neguei. - olha a neném.

Eu: eu sei, eu tô tentando. - falei com a voz rouca. - que pilantra cara. O que eu fiz pra merecer isso? - neguei, secando o rosto. - eu não fico mais um minuto aqui.

Dei partida no carro e sai dali cantando pneu.

Fui em direção a casa que dizíamos ser nossa, e fui direto pro quarto.

Peguei duas malas e joguei algumas roupas.

Documentos e algumas outras coisas.

Didi: melhor irmos.. avisaram que Vargas tá vindo aqui transtornado. - apareceu na porta.

Concordei e ela me ajudou a pegar as malas.

Peguei um carro maior e coloquei tudo no porta malas.

Peguei a chave e dei partida saindo dali.

Pelo menos ainda não estava proibido a minha saída. Foi tranquilo sair da favela.

O tanto que eu estava chateada, decepcionada, não tava escrito.

Meu celular não parava de tocar. Sempre o nome dele no visor.

Não volto nunca mais.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.Onde histórias criam vida. Descubra agora