IRENE ON
Eu tento não pensar nele. Juro que tento. Mas é como se Damião estivesse em todos os cantos dessa casa. No ranger da porta, no vento que sopra pela janela, até no som dos meus próprios passos no chão de madeira. Ele não está aqui, mas é como se estivesse.
Quando ouvi, o sangue gelou nas minhas veias. Senti aquela mesma angústia sufocante, como se mãos invisíveis apertassem meu pescoço. Damião. Só de pensar nesse nome, meu peito aperta. Eu deveria estar mais forte. Deveria ter superado isso. Mas, por dentro, ainda sou aquela mulher que teve medo dele.
Fecho os olhos e respiro fundo, tentando afastar a sensação de que estou sendo vigiada. Preciso ser forte. Preciso. Mas a verdade é que, por mais que eu tente me convencer, o medo está aqui. E ele sussurra que Damião nunca se foi de verdade. E que essa angústia, nunca passou.
A polícia chegou em menos de dez minutos. Dois oficiais entraram, enquanto outros permaneceram do lado de fora, examinando o perímetro. Eu sentia meu corpo vibrar de tensão, como se cada músculo estivesse à beira de estourar.Antônio chegou logo depois. Sua expressão ao ver o laço de fita sobre a mesa foi de puro ódio.
- Isso é um aviso - disse ele, encarando os policiais. - Ele está brincando com a gente.
- Pode ser um aviso, sim - respondeu o policial mais velho. - Mas também pode ser alguém querendo causar pânico. Alguém próximo a vocês.
Olhei para ele, confusa.
- Próximo? O que quer dizer com isso?
Ele cruzou os braços.
- Vocês têm algum amigo, parente ou conhecido que possa ter contato com Damião? Alguém que possa estar repassando informações?
Petra arregalou os olhos e balançou a cabeça.
- Isso é loucura! Nós nunca faríamos algo assim!
- Não estou acusando ninguém. Mas precisamos explorar todas as possibilidades.
Enquanto os policiais faziam mais perguntas, me peguei observando a rua pela janela. Por um instante, achei ter visto uma sombra se mover entre as árvores, mas quando pisquei, não havia nada lá.
Mesmo assim, meu coração já estava disparado.
- Vocês vão ficar aqui hoje à noite? - perguntou o policial.
Antônio assentiu.
- Eu não vou tirar minha família de casa. Mas quero uma viatura parada aqui. Quero um segurança particular, se for preciso.
- Vamos providenciar patrulhamento contínuo - garantiu o oficial.
Mas nada parecia ser suficiente.
A noite chegou como um manto pesado. Aruna finalmente dormiu depois de horas inquieta, e Petra ficou no quarto ao lado, dizendo que não iria embora até tudo se acalmar.
Antônio montou guarda na sala, com a arma ao seu lado. Eu me deitei ao lado do berço de Aruna, mas o sono não veio.
Por volta das duas da manhã, ouvi um barulho.
Um estalo.
Levantei num pulo, o coração martelando. Corri para a janela e espiava por entre as cortinas quando vi.
Alguém estava parado na calçada.
A luz fraca do poste revelou um homem alto, usando um capuz preto. Ele não se moveu, mas o simples fato de estar ali, encarando a casa, me fez sentir como se estivesse sendo sufocada.
- Antônio! - sussurrei.
Ele já estava ao meu lado, vendo a mesma cena.
- Fica aqui - ordenou, e pegou o telefone para chamar a polícia.
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Antorene: The After
FanficE se Irene decidisse fugir da polícia? E se fosse obrigada a deixar Antônio para trás? E se Antônio fosse condenado a pagar por todos os crimes que cometeu, preso dentro de seu próprio império? Sozinho, como sempre temeu estar, até mesmo durante as...