Capítulo CXXII

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Após pegarem mais algumas bobagens, eles passaram no caixa e Theodore pagou. Eles levaram as compras para o carro e voltaram a padaria do mercado, Odette e Chuuya pediram novamente bolos de cenoura com brigadeiro, Theodore pediu coxinha, pastel, refrigerante de caju, especificamente São Gerardo, e pudim. Não só para ele, lógico, mas também para os outros dois que não sabiam o que raios era bom. Eram comidas de padaria, não muito elaboradas, mas gostosas, e que faziam Odette e Theodore lembrarem da família.

— Você vai estudar no Brasil também próximo ano? — Odette questionou, e Theodore afirmou não ter certeza, ele já estudou lá algumas vezes, mas seu pai estava a fim de fazê-lo ter o último ano no Brasil. Ele é um rapaz inteligente, tem o futuro garantido, pode se deixar levar no último ano. — Eu vou pra lá. Você vai continuar no Japão?

— Não sei. Verlaine ainda não tem certeza de onde vamos. Era pra gente ter viajado esse mês, mas eu pedi pra ele ficar, e o chefe dele ficou falando que ele, o Rimbaud e o Oda eram os melhores em japonês. — Comentou, e os outros dois questionaram quem raios era Oda. — O tio do Dazai. São amigos de infância, se encontraram na empresa. Tinham perdido contato. — Explicou, assistindo Theodore questionar a garota em qual cidade estudaria.

— Puts, eu não lembro. Acho que São Paulo ou Rio, sabe o Avenue? — Perguntou, e Theodore afirmou conhecer. Seu pai queria levá-lo ao Farias Brito, um colégio de Fortaleza, capital do Ceará. — Minha mãe falou dessa escola, disse ser uma das melhores do país. Mas ela disse que estudava na pública, o Alba estudou numa. Seu pai também, não?

— Sim, mas não sei o nome. Ele disse que fazia bagunça. — Comentou, os outros três pareciam interessados no assunto. Eles provavelmente estudariam juntos outra vez, mas não tinham certeza sobre os outros dois. — Se fossem pra lá, acho que o Verlaine ia enfiar eles no Farias Brito pra ter melhor educação, ou numa pública aleatória pro Ciel deixar de ser tão mesquinho. — Resmungou, e Chuuya afirmou não ser mesquinho. Os quatro afirmaram ser um rapaz mesquinho. — Aceita. Precisa aprender. Eu acho que, independentemente de onde você estudar, vai ter essa noção. Não que ricos frequentem o mesmo lugar que a classe popular, mas porquê a desigualdade lá é coisa de maluco. — Explicou, fazendo o garoto franzir o cenho. — Aqui, na França, a classe média tá aqui, a classe popular tá aqui. — Explicou, deixando as palmas deitadas para baixo, uma em cima da outra, numa distância não muito grande. — E nós não estamos tão longe deles, ricos estão aqui. — Explicou, ouvindo o garoto afirmar saber. — Por isso nosso atendimento é uma merda. Mas, lá, é bem diferente. A classe média tá aqui, enquanto a popular tá aqui. — Disse o rapaz, descendo a palma que representa a classe popular na altura do colo. — E o rico tá aqui. — Explicou, retirando a que representava a classe popular e elevando bem mais a cima da classe média. — Fora que a maioria de lá é novos-ricos, cresceram na vida e tal. Aqui a maioria é antigo, você sabe.

— A classe popular é quase parecida com o que vóinha era, certo? — Questionou, e o rapaz concordou. — Não quero. Prefiro ser um eterno ignorante. Eu choraria todo dia. — Resmungou, ele estava sendo sincero. Chuuya não quer precisar pensar que, enquanto está tendo uma vida boa, muitas pessoas estão sofrendo, não quer ver no seu dia a dia. Ele viu Kenzaburo e está o ajudando como pode, mesmo que faça doações, não pode mudar o mundo ou sistema. Pessoas não estão passando fome por falta de dinheiro, pessoas com dinheiro não tem culpa do acúmulo que tem, o governo quer que seja assim. É um sistema que muitos visam mudar, e não tem certeza do quão distante está esse sonho. Chuuya tem razão para ter medo do diferente, costumamos nos sentir seguros em nossa ignorância. — Acho melhor continuar sendo mesquinho. É melhor.

— Acho que prefiro continuar na nossa bolha também, embora eu queira aprender. — Comentou, e Dazai afirmou que os primos eram semelhantes, o que Kenzaburo concordou, assim como Odette. — Não sei se deveria levar isso como uma ofensa. — Murmurou, e Kenzaburo afirmou que ser comparado com Chuuya era uma grande ofensa. — Vocês são agressivos igualmente.

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