Capítulo LXII

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Após algumas perguntas toscas, filmagens boas e ruins, o último dia de aula teve fim. Os amigos se despediram, montando alguns planos para antes da viagem, até mesmo Chuuya convidou Kenzaburo para dar um passeio, que foi bem aceito apesar da estranheza no início. Ele realmente o ajudou a escolher o corte de cabelo, fazer as unhas e tirar as sobrancelhas. Diferente de Dazai, Kenzaburo não tinha tantos pelos no corpo, apesar de escuras, suas sobrancelhas não eram tão grossas. Dazai estava no trabalho todo esse tempo, e Chuuya gravou um pouco mais da cidade, fazendo perguntas a Kenzaburo que se sentia mais confortável em sua companhia. Sentados no parque após comprar dango, eles estavam brincando com os próprios pés, os comparando.

— Caralho, seu pé é muito grande. Maior que o do Dazai. — Comentou o ruivo, e Oe explicou que calçava 44, levantando o pé e mostrando o número do sapato, deixando o ruivo incrédulo. — Espero que não cresça mais que isso, pelo amor de Deus. Não existe nem sapato desse tamanho, garoto. — Implicou, fazendo Kenzaburo rir de sua idiotice. Oe o agradeceu, fazendo o ruivo ficar confuso o encarando. — O que eu fiz?

— Muita coisa, não dá pra listar tudo. O principal é por cuidar do Dazai, da minha mãe e de mim. — Explicou, comendo o último dango. Oe observou Nakahara por alguns segundos, parecia confuso, então, o ruivo questionou o que havia de errado. — Por que você tá nervoso? — Aquela pergunta fez as bochechas de Nakahara ficarem vermelhas, deixando Oe ainda mais perdido. Kenzaburo é bom em observar as pessoas, e conseguiu entender que havia algo errado por Chuuya não estar tentando lhe encher o saco para falar ou descobrir se Oe está bem. — É o seu namoro? Já adianto eu e merda somos a mesma coisa, não sei nada de relacionamento. 

— Imagino. Eu não sei como falar disso, acho que preciso falar com a minha psicóloga. — Murmurou, e Kenzaburo concordou, tentando não entrar naquele problema, mas foi justamente sua falta de insistência que fez Chuuya se questionar outra vez. — Acho estranho que eu não sinta atração sexual pelo Dazai do mesmo jeito que ele sente por mim. — Explicou, e Kenzaburo revirou os olhos tapando os ouvidos enquanto agradecia por ter a imaginação infértil. — A gente nunca fez esse tipo de coisa, seu idiota. Meu Deus, credo. Tira a mão do ouvido, me escuta! — Ordenou, retirando as mãos do outro da orelha, repetindo outra vez que não teve relações sexuais com Dazai.

— Foda-se? Por que você tá paranoico então? Nem tudo se resume a sexo, seu acéfalo. Só porque você beija uma pessoa não significa que você precisa obrigatoriamente transar com ela. É tão difícil? Parece que não pensa. — Resmungou o outro, dando um peteleco na testa de Chuuya, que lhe mostrou a língua também lhe dando um peteleco na testa. — Sempre soube que você era pirado, mas não desse jeito. — Comentou, e o outro resmungou sobre ficar pensativo com esses assuntos e se frustrar pela própria falta de desejo. — Desencana. Conversa com o Dazai sobre. Nem todo mundo tem desejo sexual, não é coisa de outro mundo, só é pouco falado.

— É tão estranho. Eu gosto do que temos e do quão confortável fico com ele, mas quando penso nisso me pergunto se vou ser sempre assim. — Reclamou frustrado, e Kenzaburo perguntou qual era o problema. — É estranho. As pessoas não são assim, homens principalmente. Em uma roda de amigos sempre tem um pra falar sobre esse tipo de coisa, e todo mundo contribui falando das próprias experiências por mais fúteis que sejam, mas quando eu paro pra pensar nada me atrai. — Explicou, e novamente Kenzaburo perguntou o que havia de errado naquilo, fazendo o menor se irritar. — É esquisito. As pessoas falam sobre isso e fazem isso, não fazer, não ter esse desejo é estranho.

— Quem fala, garoto? Quem faz? Meu Deus? O problema é você. Você pensa, você fica paranoico. É um problema completamente seu com você mesmo. O que tem de errado com isso? Você tem tanto problema com algo tão besta que atrapalha seu dia ao ponto de você ficar tão cansado pra querer conversar sobre comigo. Comigo! Percebe? — Reclamou, e Chuuya franziu o cenho irritado, o que também irritou Kenzaburo. — É verdade, sim. E você vai fazer o quê? Transar? É exatamente isso que você não tem vontade de fazer. E se você fizer o que não quer só porque "alguém disse" que isso precisa ser feito aí, meu parça, você vai precisar de tratamento psicológico pesado. — Apontou, e Chuuya ficou quieto por alguns segundos, comentando sobre seus amigos, e Kenzaburo ergueu uma sobrancelha cruzando os braços e deitando a cabeça de lado. — Tem certeza que são amigos? Você realmente acha que algo que te desgasta nesse nível pode ser chamada de amizade? Como você consegue ajudar tantas pessoas e não enxergar os próprios problemas?

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