Eles estavam sentados no chão do quarto, Chuuya encolhido como uma bolinha entre as pernas de Dazai, com o rosto escondido em seu peito e tremendo como um cão assustado, estava com medo. Osamu estava surpreso, ele não esperava algo assim, mais um membro na família. Chuuya tinha medo desse garoto por acaso? Ele não o citou, nunca nem mesmo mostrou fotos, ou aquelas que mostrou eram de seu irmão e não apenas suas? Osamu quer perguntar, mas Chuuya estava tremendo tanto, como se temesse, que o garoto não tinha coragem de falar algo. Nakahara estava com medo que Dazai ficasse bravo por nunca ter sequer citado sua outra metade, então não se atrevia a falar, e nem mesmo a levantar o rosto. Confuso e sem saber o que fazer, Osamu tentou coagir o rapaz a tirar o rosto de onde estava, mas não foi muito útil, e ao pedir diretamente, Chuuya lhe soltou, levantou, e se escondeu nas cobertas da cama. Ele havia entendido que estava apertando demais o rapaz ferido, e isso era provavelmente doloroso.
— Não-- Não era isso que eu tava pedindo, meu bem. Saia daí, por favor. — Pediu, cutucando o menor, que apenas se encolheu mais. Dazai não iria forçar Chuuya a retirar as cobertas, acabaria o estressando e aquilo com certeza seria ruim. Ele pensou um pouco, e sentou na cama, segurando a foto de sua mãe e a foto em família do rapaz. Os dois garotinhos de cabelos selvagens estavam de mãos dadas, sorrindo para a foto, eles usavam roupas iguais, Dazai não conseguia nem mesmo dar um palpite sobre quem ali era Chuuya. — Você quer que eu guarde as fotos ou chame o Verlaine? — Perguntou, fazendo um afago naquilo que julgava ser a cabeça do outro que ainda tremia sem motivo aparente.— Não chama, ele vai ficar preocupado. — Disse com a voz trêmula, e Dazai lhe pediu para sair, mas Chuuya apenas se encolheu mais e apertou as cobertas. Dazai estava preocupado também, Nakahara não explicou, ele apenas chorou e o apertou, logo que expôs a foto se escondeu, continua tremendo e assustado. Mas Osamu não consegue entender, Chuuya está com medo de quê? Não há nada além de fotos. — Desculpa. Entro em pânico quando penso nisso. Você tá com raiva? — Perguntou, se esforçando ao máximo para conseguir falar, Chuuya realmente estava em pânico, mas não estava surtando por estar medicado.
— Por que eu estaria? Saia daí, por favor. Eu quero ver seu rosto. — Pediu, e ouviu o outro negar. Dazai franziu o cenho e levantou da cama, pegando os bonecos de Deadpool e Homem Aranha antes de voltar para a cama. Ele os colocou de lado, sentou, e reuniu a força que vem ganhando para enfim puxar Nakahara, ainda enrolado no edredom, e o colocar no colo, entre suas pernas. — Pega o mini pool. — Disse cutucando o casulo do outro com a pelúcia até ver uma mão trêmula de palma aberta buscando o boneco, e sumir em seguida se escondendo entre as cobertas. — Você tá com sede? Ou com calor?
— Eu tô bem. — Afirmou, a voz era fraca, se não estivessem em silêncio, Dazai não teria ouvido. Chuuya estava apertando a pelúcia com as mãos, tremendo de pânico e medo, as cobertas abafadas dificultavam a circulação de ar, o que deixou o garoto ainda mais lento. O efeito do remédio estava batendo, o que fez Chuuya ficar com mais sono e bocejar, sua cabeça estava latejando, trabalhando a mil e revivendo memórias perturbadoras para ele. Era tanta dor psicológica que lhe causava dor física, o corpo inteiro doía, mas, em específico, suas costas e peito estavam sendo esmagados, mesmo que ele estivesse confortável nos braços de Osamu, era como se estivessem pisoteando seu peito, rasgando seus pulmões enquanto reabriram a cicatriz em suas costas. — Desculpa.
— Pare de pedir desculpas, não tem nada errado. — Disse abraçando o garoto ainda segurando o pequeno Homem Aranha com uma das mãos. Dazai suspirou, e começou encarar o teto pensando em algo para falar, ele ainda estava processando o fato de existir outro garoto idêntico ao que ele ama, mas que nunca fora mencionado, nem mesmo por Verlaine. — Onde tá o seu nariz? — Perguntou curioso, cutucando todo o rosto do outro até achar o nariz e, sem ser impedido, abrir um pouco o edredom para dar-lhe um pouco de ar, já que estaria certamente abafado ali. — Seu nariz tá quentinho. — Comentou, sentindo Nakahara segurar seu indicador e entrelaçar seus dedos, ainda era possível sentir Chuuya tremer, mas ele aceitou o toque, o que era um bom sinal.
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Soukoku - High School
FanfictionNakahara Chuuya acaba de ingressar no ensino médio em uma nova escola e novo país, tendo que lidar com a diferença cultural além do bullying que sofre por conta dos fios alaranjados. Osamu Dazai é um veterano que está sempre na detenção por aprontar...