Capítulo IV

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Enquanto comiam as ameixas colhidas no intervalo, Dazai mostrava alguns dos pontos dignos de atenção na cidade. Dentre elas, um parque pouco movimento que, segundo ele, tornava-se uma perfeita pista de patinação durante o inverno. Mas Chuuya estava empolgado para o outono, era sua estação do ano favorita, e julgou que o Japão teria uma bela paisagem para lhe mostrar em tal período. Osamu também mostrou um fliperama, se gabando pelos incríveis recordes que fez lá. Nakahara não viu nada disso no dia anterior, e muito menos pela manhã. Próximos à estação, a única coisa que tinham em mãos era um caroço pequeno da ameixa, que jogaram no lixo antes de Dazai propor um passeio no parque. Afinal, no ontem, eles limparam a sala e por isso demoraram para chegar a estação, agora, estavam indo mais cedo, há tempo para brincar um pouco.

— Dazai, posso te fazer uma pergunta? — Chuuya perguntou adentrando no parque quase vazio, esperava uma estética mais sombria, mas era agradável. O sol iluminava bem e algumas crianças brincando em um dos lados, era possível ouvir as risadas. Haviam jovens fumando também, a única coisa que estava ali poluindo a paisagem. 

— Você gosta de me fazer perguntas, hein. Pode fazer quantas quiser, desde que responda as minhas algumas vezes. — Osamu respondeu tomando o passo a frente, se apossando dos balanços vazios. Nakahara logo o acompanhou, e os dois começaram a se balançar.

— Sobre o Kenzaburo, só porque ele usa aqueles relógios falsificados e anéis da shopee se acha no direito de maltratar as pessoas? — Perguntou hesitante, olhando para a expressão de Dazai no aguardo da resposta, parecia pensativo enquanto balançava alto.

— Provavelmente. Eu não me importo muito com ele, não presto atenção nisso. Kenzaburo é um idiota, acha que inferiorizar os outros vai fazer a posição dele subir na hierarquia escolar. Às vezes, penso que faz isso pra esconder a própria sexualidade. Ele obviamente é gay, nunca vi ninguém colocar tanto defeito em mulher como ele faz. —Dazai parecia saber o que estava falando, o que fez Nakahara ficar pensativo. As pessoas na sua antiga escola eram más apenas por serem, não pareciam querer esconder nada. 

— Se ele for gay, vai mudar alguma coisa? Tipo, é ele que faz bullying, então vão fazer o mesmo com ele? — Perguntou apreensivo, visivelmente incomodado. Se Kenzaburo perder o apoio que tem, outro pior poderia entrar no lugar, alguém pior. 

— É, só que pior. Muitos homossexuais se matam, é comum. Talvez ele não queira ser vítima do próprio bullying. De qualquer forma, ele é medroso, não aguentaria um dia sofrendo o que faz com os outros. Por que você usa luvas? Tem medo de germes ou algo assim? — O mais novo perguntou, curioso, virando o rosto na direção do ruivo. Chuuya esticou uma das mãos na frente do rosto, mexendo os próprios dedos em um movimento de agarra e solta. 

— Queria te dar uma resposta dramática, como: eu destruo tudo que toco, ou que tenho poderes mega hiper perigosos que só são supridos com essa luva. Mas, é basicamente uma cicatriz que eu tenho. Gosto de luvas e chapéus, então uso elas pra diminuir as perguntas sobre minhas mãos. Geralmente acham que só sou fresco. — Ouvindo aquilo, Dazai encarou as mãos do ruivo tentando buscar algum resquício da tal cicatriz, vendo isso, Chuuya retirou as luvas sem problema algum, estendendo as mãos para que o outro pudesse ver. 

— Acidente ou proposital? — Osamu perguntou curioso, apesar de não parecer um acidente, não era um rasgo arrastado, era um furo. Chuuya voltou a aproximar as próprias mãos do rosto, parecendo pensar sobre. 

— Proposital. Foi há muito tempo, eu quase não lembro da dor. Você tem alguma cicatriz? — O ruivo perguntou enquanto calçava as luvas pretas, Dazai quase o parou, queria tocar em suas mãos, todavia, acreditou ser um momento ruim, ou um pedido estranho, e acabou não fazendo.

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