Capítulo CXVIII

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Naquele mesmo dia, Elisa decidiu convidar Kenzaburo para dar um passeio, e, ao entrar no quarto, se deparando com um emaranhado de adolescentes dorminhocos abraçados, ela fechou, totalmente descrente do que via, mas feliz. No outro, ela sequer tentou, se dependesse de Nakahara, quanto mais confortável ficasse, mais ele dormiria. Ao descer as escadas, cruzou com o filho e o genro, acabando por ouvir Rimbaud fazer o mesmo que ela. Bater à porta, abri-la e fecha-la. Kenzaburo, hoje, é requisitado. Ele é uma novidade, querem que ele se sinta bem e confortável, ao mesmo tempo que estão sedentos por conhecê-lo. Chuuya estava feliz por isso, sendo o mais novo da família e passando pelo que passou, costuma ser o centro das atenções. Apesar de gostar, é bom conseguir descansar e deixar de interagir um pouco.

No início da noite, às 18h, Chuuya decidiu que iria sair com Dazai, conhecer um pouco mais a cidade, e que deveria se organizar para sair com Osamu durante o dia, não só pela noite. Ele tomou banho, se arrumou, e o namorado fez a mesma coisa. Nakahara usava calças de alfaiataria preta, coturnos, camisa perolada de mangas bufantes longas, gargantilha, luvas sem mangas e brincos. Dazai usava jardineira, jeans, que os avós de Nakahara deram, all star, camiseta preta com sobreposição de camisa rosa.

— Dazai. Senta aí. A gente pode tentar uma coisa nova? — Perguntou o ruivo, fuçando nas gavetas de seu closet.

— Ontem eu me sujei com a gente tentando coisa nova, não sei se é uma boa ideia. — Comentou implicante, e o rapaz o chamou de idiota. — O que é, vida?

— Luvas. — Sugeriu, enfim surgindo com luvas longas. — Essas aqui cobrem o braço, e melhor do que usar duas camisas. Tá quente. Não quero brigar com você, mas, a gente pode tentar dessa vez? Por favor.

— Não cabe em mim, não quero. — Resmungou, nada contente. Chuuya afirmou que caberia. — Você disse que não queria brigar.

— Eu não quero, mas não dá pra você ficar assim em pleno verão europeu. — Explicou, se aproximando do rapaz que estava sentado na poltrona e o assistindo desviar o olhar, não parecendo contente. — A gente pode tentar dessa vez? Tá de noite, ninguém vai olhar. É preta, olha, disfarça direitinho. Eu juro.

— Pra quê, meu bem? — Perguntou enfim encarando namorado, e Chuuya afirmou que isso melhoraria a temperatura de Osamu. — Eu não tô com calor.

— É só pra tentar. A gente leva a camisa na minha bolsa, pode ser? — Questionou, sentando no colo do rapaz e o assistindo suspirar. Dazai estava irritado, e Chuuya sabia, mas também queria tentar desacostumar. — A gente anda só umas duas ruas e você põe a camisa de novo. Prometo.

— Não me parece legal. — Murmurou, e Nakahara suspirou, enfim desistindo de tentar. O rapaz levantou, guardou as luvas e checou uma última vez o reflexo no espelho, enfim se aproximando outra vez do namorado e o chamando para saírem. — Tá bravo?

— Não, mas eu realmente queria que a gente tentasse. Você não merece odiar tanto elas, são bonitas, eu já disse. — Resmungou, pondo a mochila nas costas e tendo-a roubada de si.

— Você também esconde as suas, vida. Desde àquela crise, você voltou a usar luvas. — Comentou, e Chuuya afirmou ter mais valor sentimental do que estético. — Ainda tá com medo?

— Muito. — Soprou, enfim pondo o celular no bolso e, antes mesmo de abrir a porta, empacou no meio do caminho. Como sempre, Dazai bateu em Chuuya, e Chuuya bateu na porta. — Puta que pariu.

— Sério, assim não dá. Você vai matar a gente desse jeito. — Reclamou, massageando a testa que bateu na porta e virando o rosto do ruivo para si, tentando ver se havia algum machucado. — Por que você parou?

— Eu ia te avisar pra não colocar coisa muito importante na bolsa, aqui tem pickpocket. — Resmungou, franzindo o cenho ao sentir o gosto suave de sangue na língua. — Acho que cortei minha boca. — Reclamou, se afastando do namorado e seguindo ao banheiro. Um corte pequeno, mas, ainda um corte. Foi causado no momento em que o rapaz abriu a boca para avisar a Osamu quando parou de andar e acabou batendo contra a porta. Seu lábio inferior estava machucado. — Foi só um rasguinho. Tá tudo bem.

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