Capítulo LVI

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Analisando sem favorecer nenhum dos lados, Chuuya e Sayaka são vítimas inocentes. Dazai e Kenzaburo são vítimas, entretanto, agressores deles próprios. Teru é o agressor sem motivação, ele é o que é, um sociopata que acabara de ser exposto por uma garota que o próprio detesta. Não que Sayaka o tenha irritado propositalmente, mas o fato de Kenzaburo nunca ter aceitado que façam algo de errado com ela, nunca a tenha xingado e sempre tenha um nível de preocupação elevado a respeito do bem-estar da garota. Para Teru, Sayaka era o único motivo pelo qual ele não podia ficar com sua obsessão, logo, ele a detesta. Kenzaburo estava tentando entender como nunca percebeu às vezes que Teru fez isso, mas era uma realidade, depois de alguns minutos juntos, Teru tinha a necessidade de estar sempre indo ao banheiro, o que fez Oe pensar que ele tinha algum problema intestinal. Kenzaburo não é tão chegado em toques, e sempre detestou os de Miyamoto, diferente de Dazai, Miyamoto tinha o toque agressivo, como se não soubesse como fazer carinho ou simplesmente não saber segurar o braço de alguém sem parecer que quer quebrá-lo. A paixão platônica que Teru tem por Kenzaburo fora exposta, e o olhar de Oe ainda mais enojado o fez se sentir desconfortável.

— Por que você tá olhando assim pra mim? Óbvio que é mentira. Essa puta é louca! Só porque o viado do Dazai não quis ficar com ela, ela tá assim comigo. — Gritou Miyamoto, estava desamparado. Ele não podia recorrer aos pais, afinal, eles estavam discutindo e com raiva dele. Sua mãe por mexer com alguém que tem influência, seu pai por ser um bully. Ele também não podia ameaçar Kenzaburo, pois Sayaka o expôs. Oe estava irritado, e repreendeu Teru pela forma que se dirigiu a garota que considerava sua irmã mais nova, mas Teru ignorou completamente o que fora dito. De uma forma um pouco doentia, Kenzaburo é o Chuuya de Dazai, sua fuga da realidade. Miyamoto não entende o porquê as coisas que ele faz, gosta e pensa são tão mal vistas. Fazer bullying, bater nas pessoas, as ameaçar, fazer mal a quem ele gosta ou assistir pornografia pensando no rapaz que ele tem interesse, imaginando e tentando recriar alguns cenários. É óbvio, ele sabe que é errado e moralmente incorreto. Ele tem essa noção. Assim como Dazai e Kenzaburo, Teru não é inocente apenas por ser doente. Entretanto, para ele, em seu ponto de vista, não há nada nesse tipo de atitude que mereça a atenção negativa que recebe. Tentando entender aquilo enquanto Kenzaburo explodia, Teru voltou a analisar o quão bonito é Oe. Fios negros e lisos, pele bem cuidada, mas olheiras escuras e profundas, labios finos e avermelhados, apesar de ressecados, seu corpo magro era atraente para Teru, mas preocupante para os adultos. Prestando atenção nessas coisas enquanto recebia uma série de xingamentos pelo adolescente incontrolável, Teru sentiu uma pulsação abaixo do ventre, seu membro estava rígido. Coisa que Chuuya e o diretor podiam ver com facilidade, por estarem assistindo aquilo frente a frente. Ele sabia o quão errado estava, mas não aceitava, quando Oe se calou, recebendo um afago no ombro por Oda, que parecia ser o único adulto que iria se aproximar do adolescente, Teru o agarrou, era sua fanfic, ele agarrou o rosto de Oe e, antes que pudesse tocar seus lábios, recebeu uma cotovelada forte o suficiente para fazê-lo cambalear. — Que merda, se você não queria, era só ter dito. Eu teria parado. Você me enoja. Sabe, não é minha culpa, eu só sou assim. — Mentiu, e Kenzaburo encheu-se de raiva, pronto para extravasar seus sentimentos ali.

— Tu tá ficando doido? É culpa tua, seu merda. Tu escolheu continuar sendo desse jeito. É tudo tua culpa. O que você quer? Quer que eu te ensine a como conviver em sociedade? Tô com cara de teu pai? Cara de Google? Dezesseis anos e o alecrim dourado não sabe que não pode espancar os outros? Não pode fazer bullying ou ameaçar? É isso? Assuma as responsabilidades dos seus atos. Você me despreza, diz que eu sou um merda e te causo enjoo todo dia, mas daqui a pouco tá igual ou pior que eu. — Ralhou irritado, Oda o segurava, já os pais de Teru estavam gritando entre si, sem concordar em algo. O pai queria permitir que o filho fosse humilhado, mas a mãe não, todavia, estava assustada, tinha medo de Oda, por ser grande e seu semblante antipático. Chuuya e Dazai estavam ansiosos, inquietos sem poder ajudar, e nervosos pela bronca que ganhariam. Rimbaud pediu que Kenzaburo se acalmasse, mas Teru não gostou daquilo, e xingou ordenando que o estrangeiro ficasse quieto, o que deixou os adolescentes ainda mais irritados, e Kenzaburo empurrar Oda para ser solto, avançando em Teru. — Você deveria calar a boca, seu débil metal! Ninguém nunca me irritou a esse ponto, mas você é insuportável! Que merda falta na tua vida? Me diz o que caralhos te falta? Você tem tudo! Tem dinheiro, pais, boa educação, status. Toda essa merda você tem, o que mais você quer? — Gritou, assistindo o diretor também gritar, ordenando que ficasse calmo, tentando separá-los já que Oe estava segurando a gola do outro. Teru não estava triste, mas conseguiu formar algumas lágrimas, afirmando que dinheiro não era o suficiente, e que lhe faltava amor. Ele estava montando uma fanfic na cabeça, nela, ele teria conseguido beijar Oe e tudo se resolveria automaticamente, entretanto, após esse ato falho, ele crê que tal resposta dramática faça Kenzaburo abandonar a raiva, como se todos os anos de trauma fossem banais. Ouvir aquilo fez Kenzaburo ter um colapso mental, ele daria de tudo para ter a vida que Teru tem, dinheiro. Teru tem pais totalmente saudáveis, que se foda o carinho, estão saudáveis. Kenzaburo não vive para si, vive para manter sua mãe. O único resquício de amor que ele tinha se foi há muito tempo, então, qualquer coisa referente a isso não lhe tinha qualquer importância. — Você é impressionante, Teru. Realmente, o motivo de você ser um merda é a falta de amor, claro que é. — Resmungou, decidindo que nada daquela gritaria valia a pena. Kenzaburo não é um rapaz que se estressa com facilidade, na verdade, ele é racional, e ignora suas emoções diversas vezes usando a lógica que, naquele momento, afirmava que gritar com alguém que nem mesmo pode compreender empatia era além de uma perda de tempo, um desgaste mental que Kenzaburo não precisava gastar. Teru não queria que Kenzaburo lhe desse as costas, então, puxou seu braço, e ter a mão puxada naquele momento fez Oe direcionar o olhar para ela, notando a ereção do rapaz que molhava a calça. Kenzaburo logo puxou o próprio braço, assustado, ele se escondeu atrás de Oda. — Vai tomar no cu, filho da puta! Que nojo!— Praguejou, sentindo todas as partes de seu corpo em que Teru tinha contato começarem a queimar pelo estresse e pânico. Kenzaburo nunca fora assediado, não que ele tenha percebido, então, ver aquilo na frente de tantas pessoas o fez se sentir, além de enojado, envergonhado.

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