Capítulo LXVIII - Um Dia Com Nakahara Chūya (e Companhia)

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Pela manhã, com a luz solar se esgueirando entre as cortinas, Chuuya acordou, encarando o teto e sentindo sua cabeça latejar por conta do remédio da noite anterior. Ele não iria levantar, estava de férias, não havia motivo para isso. Ao girar na cama, o ruivo ouviu um barulho alto, e rastejou como uma lagarta entre o edredom para avistar seu celular no chão. A tela de bloqueio estava ligada e a bateria na metade, o que fez Nakahara praguejar mentalmente por não carregar durante a noite. Ele suspirou, ignorando totalmente o aparelho que continha uma foto de seus coturnos pretos de frente para o all star azul de Osamu na tela para encarar o teto brilhante. O mesmo se enrolou no edredom e se encolheu como uma bola, tentando processar quem era e o que precisava fazer. Suas mãos estavam quentes, mas seu rosto estava frio, o que lhe dá a oportunidade de enfiar o rosto no travesseiro para se aquecer enquanto pensa sobre realmente levantar.

Chuuya não é uma pessoa tão falante, a não ser que queira organizar seus pensamentos, então, ele colocou realmente as engrenagens de sua mente para trabalhar ao lembrar do dia anterior. Conseguiu dizer o nome de seu irmão sem chorar, mas teve uma crise em menos de dez minutos depois, ao ponto de visualizar a imagem do outro e quase senti-la. Sua psicóloga precisa saber disso. Ele precisa conversar com a psicóloga para saber como deve falar para Dazai toda a história de sua vida, já que o levará para viajar em poucos dias. Chuuya precisa conversar com Dazai, mesmo que se sinta mal durante o processo. Osamu merece saber a verdade por trás do namorado e decidir por conta própria se irá permanecer ao seu lado, o que realmente causa nervosismo em Nakahara. A possibilidade de ser taxado de louco por outra pessoa lhe é tenebrosa, mesmo sem conseguir visualizar Dazai lhe dizendo palavras tão cruéis.

O ruivo suspirou, rolando da cama até estar tão na beira que caiu, o que ele praguejou mentalmente, mas aceitou como derrota, puxando o edredom e se envolvendo nele outra vez enquanto checava as mensagens. O ambiente frio e silencioso permitia que Nakahara ouvisse a própria respiração, os toques que as pontas de suas unhas vez ou outra faziam contra a tela do aparelho e até mesmo o som do ar-condicionado quase silencioso. Ele encarou a tela do telefone, focado no chat com Dazai, que lhe mandou vários áudios, mensagens, vídeos e fotos durante a madrugada, até mesmo slides sobre a viagem e o que planejava fazer, ou um grande documento do word explicando mais de 50 motivos para Nakahara deixá-lo apalpar suas nádegas, o que fez o ruivo rir.

— Não acredito que você foi dormir tem menos de uma hora, Dazai. Que tipo de documento é aquele? Cinquenta? Desde quando um "mal cabe na minha mão" é motivo pra eu te deixar fazer isso? — Resmungou sonolento, abandonando o celular de lado e suspirando enquanto pensava. — Bom dia... Eu vou pra academia hoje. Eu caí da cama. Você provavelmente vai estar acordado quando eu for, ou talvez não... você dorme muito. E se você ainda inventar de me chamar de Mozão ou algum daqueles apelidos toscos, eu te bloqueio e não respondo quando você me chamar. — Implicou, enviando o áudio que Dazai precisaria ouvir mais de três vezes para entender um terço, afinal, a voz de sono de Nakahara é tão grave e rouca que se torna quase impossível de decifrar.

O ruivo levantou com dificuldade, estava tonto, então, caminhou em silêncio em direção ao banheiro, lavando o rosto e encarando o próprio reflexo por um tempo com certa dificuldade, estava se forçando a não desviar, o que não deu certo, Chuuya fugiu. Tomou banho e escovou os dentes, vestindo uma camiseta de Dazai como era de se esperar e um short. O ruivo desceu as escadas ainda com os fios molhados, a fim de buscar por alguém que o ajudasse a saber que horas iria sair, então, encontrou Verlaine no quintal com Rimbaud. O moreno tomava chá enquanto o loiro tomava café em canecas com as iniciais deles. Chuuya então deu meia volta, e foi até a cozinha, buscando seu leite de banana para se juntar aos outros, sentando na rede que estava na frente deles.

— Bom dia. — Resmungou o loiro, e o ruivo os cumprimentou, então, Verlaine franziu o cenho. — A gente não vai agora. Você vai assim? — Perguntou, e o outro negou, afirmando que não se sentia tão confortável em expor seu inferior, ou seja, usaria uma bermuda. — Eu não ia deixar você ir assim de qualquer forma. Tá bem? Não, não tá. Você tomou remédio, não tomou? Teve crise? Por que não me disse? — Perguntou preocupado, e o outro afirmou que estava bem, mas que havia caído da cama. — Aquilo foi você? Tá vendo? Você me deve um pedaço de desculpas. Me acusou de ter derrubado as coisas na cozinha injustamente.

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