Capítulo XVI

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Chuuya acordou sentindo frio nos pés, e se encolheu puxando o cobertor, mas ao ver que não conseguia desgrudar de onde estava, resolveu abrir os olhos. Para sua surpresa ainda estava na praia, o tal "cobertor" era a camisa de Osamu, que ele soltou rapidamente, assistindo o moreno acordar. Todavia, Dazai não parecia nada feliz em acordar tão cedo, então segurou a nuca do outro e voltou a abraçá-lo, apertando o menor. Chuuya não é o melhor em pensar quando acorda, então ele apenas seguiu adormecendo, até que ficassem incomodados com a luz do sol nascendo. Nakahara sentou, emburrado, enquanto o mais novo mantinha as mãos em sua cintura, sem a menor intenção de soltá-lo.

— Tá nascendo. — Murmurou, e Dazai imediatamente levantou, assustado, perguntando quem estava nascendo, fazendo Nakahara rir. — O sol. Com o que você tava sonhando pra estar tão assustado? — Perguntou com um sorriso fraco, abraçando os joelhos e pousando o queixo no antebraço, assistindo o sol nascer. O japonês também o imitou, coçando a cabeça cheia de areia, e Chuuya fez o mesmo, mas estava limpo. — A minha tá limpinha.

— Claro que tá, você dormiu em cima de mim. — Resmungou, sem explicar que foi ele quem puxou o tronco de Nakahara para cima de si, sem deixar que seu cabelo sequer tocasse a areia. — Seu rosto tá inchado. — Comentou, bocejando enquanto voltava a fechar os olhos, encostando a cabeça no ombro de Nakahara. — Você quer voltar pra lá agora? — Perguntou ainda sonolento, sentindo a cabeça do outro encostar na sua.

— Não, quero ver o sol nascer antes. — Disse, assistindo o amigo adormecer. Nakahara sentia seus pés frios, então os escondeu na areia, fazendo o mesmo com os de Dazai. O ruivo bateu a areia das mãos e calçou suas luvas, buscando as mãos de Dazai para também aquecê-lo quando teve uma ideia. Talvez burra, mas era uma ideia. Não tinha a menor vontade de continuar junto daquelas pessoas, queria voltar para casa, mas também não queria se despedir de Osamu. — Ei, Dazai, você quer ficar na minha casa hoje?

— Quero, mas me deixa descansar um pouco mais. Minhas coisas estão lá dentro, a gente passa lá antes de ir embora. — Murmurou, e o ruivo apenas concordou, voltando a dar atenção à paisagem. A lua é a mesma, o sol é o mesmo, o oceano também é o mesmo. Chuuya pode pensar em sua casa, essas três coisas são as mesmas. Sua família está lá, e seus amigos também, não que sinta falta de todos, sendo sincero, talvez dois ou três fossem realmente agradáveis e dignos de saudade.

Conforme o sol subia, o alaranjado do céu se misturava com o azul, enquanto as poucas nuvens surgiam, enfeitando o céu. Estava deslumbrante, mesmo cansado, Chuuya se dava o trabalho de apreciar cada detalhe. As ondas se formando e quebrando facilmente, permanecendo com a maré calma, que aos poucos se afastava. As algas que eram trazidas a terra pela água, e como eram puxadas de volta sem dificuldade. E, é óbvio, a forma que Dazai parecia dormir tão tranquilamente se inclinando em Nakahara, que soltou suas mãos decidindo estarem quentes o suficiente. Nakahara pensou na noite anterior, quando estava cochilando. Dazai tem um corpo frio, mas naquele momento estava tão quente, suas mãos seguravam Chuuya com tanta firmeza, temendo que o outro soltasse, e, o que ele mais pensava, suas pernas estavam cruzadas com as de Osamu, podia sentir a coxa do outro contra seu íntimo, pela primeira vez, Chuuya não sentia incômodo em pensar que havia algo tocando suas intimidades, era uma sensação ainda mais estranha.

— Acabou o parto. — Brincou, balançando o ombro e acordando o outro, que quase esfregou a mão nos olhos se não fosse impedido. — Não pode agora. Tem que lavar antes, vai que tem areia e machuca seu olho. — Avisou, segurando a mão do garoto que concordou se espreguiçando. — Vem, meu celular tá na bolsa. Preciso mandar mensagem pro Verlaine avisando que tô bem.

Chuuya entregou os sapatos do outro e carregou os seus, ainda segurando a sacola e se certificando que não havia nada na areia. Eles novamente caminharam lado a lado, comentando sobre como a casa ainda estava com as luzes e som ligado, apesar de baixo, era possível ouvir do lado de fora. Ao adentrar no jardim, podiam ver alguns em sacos de dormir, outros virados rindo dos arbustos como idiotas. Dentro da casa, cerca de sete pessoas ainda estavam acordadas, Kenzaburo estava dormindo em posição fetal no sofá ao lado de seus amigos, era engraçado. O ruivo seguiu ao quarto onde estavam as bolsas, e Dazai foi para a cozinha, abrindo uma das várias caixas de pizza que ainda estavam cheias e esquentando as fatias no microondas, voltando para Chuuya enquanto mastigava um pedaço ainda gelado, estendendo os quentes na caixa ao garoto sentado no chão com sua bolsa. Sem pensar muito, o mais velho aceitou, e Dazai começou a buscar a própria bolsa, ouvindo o amigo dizer que seu irmão se ofereceu para buscá-lo.

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