Capítulo X

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Chuuya continuou fazendo algumas tranças enquanto pensava sobre a posição que se encontravam, não via nada estranho, Dazai estava alisando as costas do amigo aproveitando o carinho que recebia, não estava constrangido pelo que Kenzaburo falou. Na verdade, apesar de ter avisado sobre como toques são mal vistos, Osamu nunca afastou Chuuya. Então, Nakahara não fez mais perguntas, afagou os fios de Dazai até que a preocupação voltasse. 

— Voltando pro que a gente tava falando, você não tem nenhuma tia ou tio? Um primo talvez. — Perguntou terminando sua terceira trança, e Dazai continuava pensando em uma resposta. Chuuya não consegue imaginar uma família tão pequena e problemática quanto essa, seu cérebro não parece aceitar bem.

— Não lembro, minha mãe só era próxima da mãe do Akutagawa. Nunca fiquei sabendo de nenhuma tia ou tio. E da família do meu pai, eu não conheço ninguém. Aquele vagabundo sempre foi exatamente quem ele se mostrou ontem, um porco desprezível. — Respondeu, Chuuya pôde sentir o desgosto e pesar enquanto Dazai falava de seu progenitor. Nakahara decidiu não insistir sobre esse lado da família. De qualquer forma, não conseguia entender como a mãe de Dazai morreu, se ela engravidou na adolescência, provavelmente era jovem. — Você nunca teve problemas com seu irmão?

— Não, nenhum sério pelo menos. Quando nossos pais morreram, ele tomou toda a responsabilidade. Casa, contas, passeios, meus estudos e os dele. Acho incrível que ele tenha modificado a vida inteira dele só pra cuidar de mim, nós somos meio irmãos e ele mesmo assim fez isso. — Comentou com um sorriso, Chuuya realmente tinha orgulho de Verlaine e tentava ao máximo não lhe trazer problemas. Até mesmo com o bullying, ele evitava arrumar brigas e ocupar o tempo de seu irmão, mesmo quando algo agressivo acontecia. 

— Meio irmãos? Sério? Vocês são tão parecidos. Verlaine é mais adorável do que pensei então. E o Rimbaud? — Questionou curioso, levantando o rosto e encarando Chuuya enquanto esperava a resposta. Novamente, aqueles olhos azuis piscina eram deslumbrantes. Dazai estava realmente se questionando como alguém tão belo poderia sofrer bullying, mas era óbvio que pelo cabelo vermelho e as sardas Chuuya não seria bem aceito, ainda mais sendo tão pequeno. 

— Rimbaud sempre esteve conosco, ele e meu irmão são amigos de infância. Eles trabalham juntos, então são muito ligados. Rimbaud nunca deu nenhum tipo de preocupação, sempre foi amável. Esqueço que ele é de verdade, ele parece uma protagonista de filme dos anos 2000. Desastrado e distraído, mas cuidadoso com os outros. — Comentou, arrancando um sorriso de Dazai pela forma que falava. O ruivo segurou o rosto alheio com uma de suas mãos, e Dazai arrumou sua postura, estando praticamente na mesma altura que o peito de Nakahara mais uma vez, o menor arrumou os fios que o amigo tinha no rosto, e analisou com cuidado o olho inchado. 

— Tá tudo bem, eu já disse. Não dói. — Disse o confortando, e Nakahara apenas aceitou, mesmo que ambos soubessem que era mentira. Chuuya soltou seu rosto, e Dazai o puxou para mais perto, se escondendo em sua barriga. — Sua família parece estável, fico feliz que cuidem tão bem de você. Meu pai largou o emprego há alguns anos, então trabalho pra, entre muitas aspas, cuidar dele. — Resmungou com a voz abafada na barriga de Chuuya, que o ouvia atentamente alisando suas costas. 

— Eu vejo ele passando na rua quase todo dia, consigo ver na varanda do meu quarto. Às vezes ele fala sozinho, ou briga com um gato de rua. — Comentou, tentando não falar de forma agressiva sobre o progenitor, mesmo que estivesse bravo pelo que fez com seu amigo. — Seu pai é um arrombado, desculpa por falar desse jeito. — Reclamou, chutando o balde que continha seu autocontrole.

— Eu sei, não me importo que xingue ele. Não gosto nem nunca gostei dele, e não o considero realmente como um pai. — Respondeu, estava sendo totalmente sincero, não havia um traço de remorso em sua fala, nenhum resquício de culpa no que dizia. Dazai falava de seu pai com desgosto, como se fosse um verme. — Minha mãe morreu por culpa dele, e só não quero que denuncie nada porque não tô a fim de ir pra nenhum orfanato, ou morar sei lá onde com algum parente que não conheço.

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