Capítulo LIII

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Chuuya está sobrecarregado. Embora mantenha seu corpo visivelmente saudável, um corpo atlético, ele não está cuidando dele como deveria. Suas horas de sono estão bem, seus exercícios na academia estão bem, suas relações estão bem, entretanto, sua alimentação está péssima. Nakahara não consegue entender que Dazai o quer para si da forma que ele é exatamente porque existem pontos no ruivo que nem mesmo o próprio gosta. Claro, Chuuya entende que não precisa gostar de tudo em si e que está tudo bem se isso acontecer, entretanto, ele ainda não compreende com clareza que não há nada que seja problemático além de seus problemas neurológicos, problemas estes que antes mesmo de iniciarem o namoro, Dazai estava ciente e não de incomodava.

— Você tá quentinho, meu bem. — Comentou, tocando o braço do outro. Dazai se debruçou na mesa, preocupado com o namorado, enquanto o observava se frustrar derramando algumas lágrimas. — Você não quer que eu te ponha no meu colo, certo? — Perguntou, e o outro afirmou, retirando as luvas, tendo as mãos seguradas por Dazai, que previa o que Nakahara ia fazer. — Então eu posso segurar sua mãozinha assim? — Questionou curioso, e o ruivo as puxou de volta, negando, o que fez Osamu se irritar. — Deixe suas mãos esticadas. — Ordenou, e o menor voltou a negar. Os punhos cerrados do garoto incomodavam Dazai, ele sabia que aqueles punhos cerrados significavam que as unhas de Nakahara estavam perfurando a palma. — Eu não tô pedindo, meu bem. Estica a mão. Quero que ponha ela na mesa. — Ordenou outra vez, e o ruivo irritado limpou o rosto, pondo as luvas novamente ao suspirar lentamente, esticando as palmas na direção do rapaz. — Consegue verbalizar agora? 

— Não, vai ficar confuso. Eu quero falar, mas não consigo organizar meus pensamentos. — Resmungou choroso, limpando o rosto outra vez e pondo os fios encaracolados para trás da orelha, exibindo o nariz avermelhado e bochechas rosadas. Osamu pediu que falasse, e Nakahara mordeu o inferior antes de suspirar, decidindo se iria ou não falar. A voz grave estava falha, e ele estava cansado. Embora não tenha feito esforço físico, sua mente estava um caos. — Eu não quero falar sobre meu peso, isso me irrita. Foram só 2kg, aqui vocês ficam uns 10kg abaixo do peso, que diferença dois fazem? — Reclamou, e Dazai suspirou, segurando as mãos do ruivo, que as puxou de volta, estavam machucadas e embora a dor fosse pouca, era o suficiente para causar incômodo. — Desculpa estar sendo grosseiro, eu só não sei reagir. Não tô com raiva de você, tô com raiva de mim. Tá tudo errado. Meu corpo tá errado, minha personalidade tá errada, eu tô todo errado.

— A gente tá errado, meu bem? Eu e você, nós estamos errados também, vida? — Perguntou Osamu, e Nakahara engasgou com as próprias palavras, negando com a cabeça, parecia assustado. — Então por que você tá errado, meu bem? Não tem nada errado. — Disse o mais novo, e o menor voltou a ter os olhos tomados por lágrimas. Chuuya estava no início de uma crise de ansiedade. Não foi algo grande que aconteceu, foram pequenas coisas que ele guardou até explodir, como está fazendo agora. — Você quer ir pra casa? Quer que eu ligue pro seu irmão? — Perguntou, e o outro negou, ainda inquieto. Por Nakahara ter escondido seus incômodos, Dazai não sabia o que dizer ou como ajudar. — Eu posso tocar você?

— Não, eu não quero que você ou qualquer outra pessoa me toque. Eu tô com raiva. Isso me enoja. Meu corpo tá me dando enjoo. Não consigo nem ficar tanto tempo no espelho, dá vontade de vomitar. — Resmungou irritado, e Dazai realmente se magoou ao ouvir Nakahara falar assim de si. — Eu amo que você me toque, que faça cócegas e fique falando qualquer besteira que vem a mente, mas eu tô tão irritado comigo mesmo que acabo sendo idiota e descontando em outras pessoas. Você gosta de me tocar, de me abraçar e tudo mais. Eu gosto disso, de verdade. Mas acho que seria bem melhor se eu ficasse um pouco mais magro, não concorda? Digo, você precisa fazer muito esforço pra me colocar no seu colo porque eu sou pesado. Se eu emagrecer, com certeza vai ficar melhor. É só um pouquinho, uns 5kg e fica tudo bem. Não muda muita coisa, eu juro. Consigo perder isso em uma semana. — Explicou, e Osamu franziu o cenho pensando em quantos "pouquinhos" Chuuya já tentou chegar ao longo da vida.

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