Capítulo XVII

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Deitados lado a lado, com as mãos entrelaçadas enquanto Dazai ouvia a voz do amigo soar suave e doce, Chuuya explicava o motivo dos cochichos de Verlaine que estava sempre relacionado a alguma curiosidade besta e que seu irmão não falaria em voz alta, pois poderia atrapalhar a intenção entre Rimbaud e Osamu. Além de contar sobre aleatoriedades de Dazai, que notou nos meses juntos, a princípio, Osamu pensava ser uma tentativa de aumentar sua autoestima após compartilhar sobre como achava suas cicatrizes feias, e como as detestava, mas abandonou esse pensamento quando Nakahara começou a apontar coisas que não tinham a ver com sua aparência, como algumas manias que Dazai tinha; como ele se encolhia escondendo o rosto na curva do pescoço de Nakahara quando se abraçavam, como segurava sua cintura quando estavam na fila, como sempre estalava a língua no céu da boca quando estava irritado, como Dazai cantava tão alegremente enquanto estavam no metrô, como sempre arruma sua gola antes de falar com o professor, e até sobre como a voz de Osamu parecia um pouco mais aguda ao falar com Chuuya.

Chuuya não sentia nada diferente em elogiar o amigo, realmente o admira e acha que Dazai é atraente, além de gostar de falar sobre e com ele. Rimbaud e Verlaine estavam cansados de ouvir Nakahara falar sobre Osamu, mesmo que a maior emoção do dia fosse algo como Dazai ficar com o rosto inchado após acordar na aula de teatro, ele nunca seria interrompido. Verlaine sempre zelou para ter o máximo de conversas possíveis com Chuuya, até as desconfortáveis, mas precisavam ser citadas. Todavia, há coisas que Nakahara prefere não falar, e Paul respeita isso, em sua maioria, são assuntos sensíveis, como seus pais e detalhes sobre o dia do acidente. Falar sobre Dazai fazia Chuuya sorrir involuntariamente, então era divertido de ouvir. Deitado no chão com Osamu no escuro enquanto fala sobre o próprio não era diferente, ele estava sorrindo sem perceber, e Osamu estava ouvindo tudo com as bochechas totalmente vermelhas, com medo de que Nakahara percebesse em algum momento o tom rosado que portava no rosto, Dazai o interrompeu.

- Sabia que você fecha o olho quando sorri? - Perguntou, tentando desviar o foco de si. Chuuya parou de falar, e encarou o teto por alguns segundos, parecendo pensar, deixando o mais novo contente. - Seus olhos são grandes, aí quando você sorri eles fecham. É fofo. - Comentou, assistindo Nakahara franzir o cenho, mas não abria nenhum sorriso.

- É por isso que eu não enxergo direito quando tô rindo? Meu Deus, agora tudo faz sentido. - Disse espantado, como se acabasse de ter uma grande revelação. - E você também faz isso às vezes quando tá rindo, seu olho sorri junto. É uma graça. - Comentou, tocando o canto dos lábios de Dazai com o indicador e o levantando para abrir um sorriso. - Gosto quando você sorri, é bonito. - Murmurou, a voz rouca e suave fez Osamu sentir-se arrepiado, seu coração estava acelerado.

- Okay, é demais pra mim. - Osamu segurou o dedo de Nakahara e o mordeu, assistindo o outro soltar sua mão e xingá-lo. Dazai sentia seu coração palpitar, estava tão ansioso que ele poderia sair pela boca. O moreno levantou e abriu as cortinas, surpreso pela lua já estar no céu. - Que horas a gente acordou? Tá de noite. - Apontou, abrindo as portas de vidro e se aproximando do parapeito para checar a movimentação da rua, mas logo voltou a porta.

- Seu corno salafrário. Eu nem te bati, e você me mordeu. - Xingou, levantando e se aproximando de Osamu, mas passando por ele e sentando na varanda. - Acho que umas três horas. Não acredito que a gente conversou até escurecer, que caralho a gente tava falando? - Perguntou incrédulo, eles não pararam de falar um único segundo, foram mais de três horas falando.

- Era só você sendo baitola. Ainda diz que não é gay, como pode? - Resmungou, sentando ao lado de Nakahara e recebendo um belo tapa nas costas. - Faleci depois dessa. - Resmungou, se jogando no colo de mais velho dramaticamente. O ruivo segurou sua mão, e começou a analisar suas unhas. - O que foi? Só porque você tem a mãozinha toda delicada não significa que a minha seja igual.

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