Capítulo XXXVIII

3.3K 205 1.2K
                                    

O restante do dia seguiu relativamente tranquilo com o péssimo clima que ficou. Dazai não participou da aula, Kenzaburo não participou da aula, e passou a ser o motivo das piadas. Anoréxico, viciado, traidor, louco, homossexual, entre outras coisas citadas por suas costas, e ele estava ciente de cada uma delas, mas ainda fingiria que não para não precisar fazer esforço e gastar suas energias. Oe foi chamado à diretoria, e não retornou para a sala, coisa que chamou atenção do casal, mas não o suficiente para falarem algo. Chuuya fez afago nos fios de Osamu boa parte do tempo, ignorando as partes desinteressantes que não precisavam ser anotadas. Assim prosseguiu, sem saber o paradeiro de Kenzaburo ou o que fazer com seu futuro namorado. Dazai nem mesmo estava a fim de ouvir música na volta para casa, o que Chuuya considerava preocupante, mas o deixou dormir em seu ombro, já que o mesmo dizia estar cansado. O ruivo perguntou uma série de vezes se Osamu poderia sustentar as horas de trabalho, e recebeu respostas afirmativas nada convincentes. De qualquer modo, Nakahara o levou até a loja, e avisou para mandar mensagens caso não estivesse bem.

[...]

Em casa, após jantar e terminar suas atividades, Chuuya se jogou no chão, encarando o teto com braços e pernas abertos enquanto pensava. Estava tentando entender e absorver tudo o que acontecia em sua vida, são tantas coisas ao mesmo tempo, tanta informação jogada no ventilador, sua cabeça ficava dolorida só de pensar. Seu gêmeo, Kenzaburo, Sayaka e a gravidez, a morte do genitor, seu futuro namoro com Dazai. São realmente muitas coisas que um adolescente comum não precisaria lidar, coisas que Chuuya não queria lidar. Estava incomodado, e certamente levaria aquilo à terapia, todavia, é como se tivesse a necessidade de deixar tudo sair agora, ser confortado, porém, não é como se pudesse contar todas aquelas coisas à Verlaine, principalmente sobre Kenzaburo, ele ativaria o modo super protetor agressivo e o destruiria. O ruivo suspirou, e buscou uma das camisas de Osamu que estavam em seu quarto, vestindo-a como uma espécie de conforto para sua mente tão atordoada. Algumas batidas foram feitas na porta, seguida da voz de Rimbaud avisando sobre ter sorvete na geladeira, o que chamou a atenção do adolescente.

— Rimbaud, vem cá. Entra aí. — Pediu, sentando-se e assistindo Arthur abrir a porta, encarando o adolescente no quarto escuro. — Você pode me ouvir? Mas não pode contar pro Paul. — Avisou, e Rimbaud cerrou os olhos, ligando a luz, encarando o ruivo com desconfiança. Se Chuuya não pode contar para Paul, ele não deveria estar fazendo aquela coisa. — Eu não fiz nada, é o roteiro das fanfics do Dazai, eu não tô entendendo direito. É sério. — Disse formando um bico nos lábios, não era exatamente uma mentira, aquilo iria para o livro deles, então a consciência de Nakahara não estava tão pesada. 

— Tá fumando, bebendo ou se drogando escondido? — Perguntou, ainda imóvel na porta. Arthur é um homem doce e amável, o sonho de muitos considerando suas outras habilidades, mas encobrir comportamentos destrutivos está fora de questão. Após uma resposta negativa, Rimbaud suspirou, ainda se mantendo frio e rígido como uma montanha de gelo na porta. — Bateu, brigou, matou ou engravidou alguém? — Perguntou, e Chuuya negou novamente. — Traiu o Dazai? — Pela última vez, Nakahara negou, ele não se irritou com a pergunta, se não fez algo errado, não há motivo para ficar alterado. Então, após negar todas essas coisas, Arthur lhe ofereceu um doce sorriso, e entrou no quarto, fechando a porta e avisando por mensagem para Paul que estaria ocupado em um momento de família com Chuuya. O ruivo sorriu ao vê -lo entrar e levantou, trancando a porta e puxando Arthur até a varanda, sentando no chão da mesma. 

— É bastante coisa, tenta acompanhar. — Avisou, e Arthur se encostou na grade, cruzando as pernas e tomando do sorvete, pronto para ouvir o mais novo. Rimbaud sabia que Chuuya estava falando de si, ou não se mostraria tão incomodado, afinal, quando Nakahara está lendo e trama o envolve, ele tem seus surtos e xingamentos, não chama alguém para conversar. — Seguinte, esse novo capítulo dele tem uma caralhada de coisa acontecendo. Sayaka, Kenzaburo, Dazai e eu somos os personagens. Uns capítulos atrás, teve uma festa, nela a Sayaka acabou engravidando de um amigo da irmã dela, e pegou sífilis. Ela ficou muito triste e distante do pessoal, até que decidiu contar o que aconteceu. Aí vem o pior, ela não quer ter o bebê, mas a mãe e a irmã estão forçando que prossiga com a gravidez, e ela tá muito triste com isso. Não quer contar pro pai porque ele vai ficar triste, e não sabe se quer ou não interromper a gravidez porque isso vai estressar a mãe e irmã dela. Esses meninos deram conselhos pra ela, e disseram que apoiariam a decisão, mas não sabem o que fazer pra melhorar a situação. — Explicou, enumerando com os dedos ao citar todos os nomes. Rimbaud ouvia atentamente, sem desviar o olhar e tentando se imaginar novamente com a mente de um adolescente. 

Soukoku - High School Onde histórias criam vida. Descubra agora