Capítulo LXXIV - A História de Nakahara Chuuya (Parte 4)

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Com 8 anos, Chiya e Chuuya tinham uma fazenda própria, Chloé a construiu para que seus filhos pudessem se divertir no futuro se ainda amassem a vida rural, ou apenas vendê-la quando não quisessem mais. Verlaine não tinha novos relacionamentos, na verdade, estava focado em conseguir exercer uma boa função em seu novo emprego após se formar. Rimbaud estava ingressando na faculdade de direito como Verlaine, após se formar em relações internacionais. Paul também resolveu estudar relações internacionais, então, eles teriam quase que a mesma educação. A família Roux já não se estabelecia no interior de Nancy, mas em Paris por conta da educação das crianças. Embora perigosa, Paris é uma cidade com boas escolas, e o casal priorizava isso aos filhos. Chuuya e Chiya não eram amantes da cidade, estavam lá há poucos meses e detestavam não poder dar passeios a todo momento e o quão barulhento era, mas gostavam da praticidade. Tudo era muito próximo e eles podiam andar até a casa de Verlaine quando quisessem, Chloé não era a mais animada, mas estava feliz com a irmã grávida de seu segundo filho, era uma boa distração, embora estivessem longe uma da outra.

— Clair, olha só. — Chamou, e o irmão que bebia água o observou, Chuuya estava ficando melhor em dar piruetas, então, se exibiu. — Você viu? — Perguntou empolgado, e o irmão logo largou a garrafa de água e correu para abraçá-lo, afirmando estar orgulhoso. — Eu sei! Faz-- ah não. — Resmungou assustando-se ao ver a professora entrar na sala, então, seu irmão se apressou para guardar a pequena garrafa de água na mochila, voltando para o lugar. Como a classe masculina nas aulas de balé não era das maiores, eles acabavam se misturando com as garotas algumas vezes, e isso tornava os alongamentos mais pesados do que deveriam. Eram duas professores, uma francesa e uma russa, ambas profissionais, e tinham um mantra semelhante. Segundo a francesa; "a dança é um inferno bonito de se ver", e ela dizia isso quando algumas alunas choravam, já a russa dizia; "a dor é amiga da bailarina", levando suas alunas ao limite. — Eu não consigo fazer espacate, e agora? — Perguntou preocupado, e seu irmão sugeriu que invertessem os lugares, já que estavam sem as pulseiras, era fácil realizar a troca.

— Eu não quero vocês juntos. Ciel, vai pra esquerda e Clair pra direita. Longe. — Insistiu a estrangeira, e os rapazes obedeceram, trocando de lugar. Chiya era melhor no balé, mais flexível que seu irmão, então, as professoras tinham expectativa em cima dele. — Vamos pros alongamentos. — Anunciou, iniciando a série de alongamentos das crianças. Algumas com facilidade, outras não. Após quase dez minutos, notaram que Chuuya, que interpretava Clair, tinha dificuldade em manter os braços na posição correta, então, ele apanhou nos braços por isso. — Clair, você era um dos melhores alunos. Eu não queria fazer isso com você. Mas, você sabe, sem dor, sem ganho. Faça de novo. — Impôs, e o ruivo de bochechas rubras sentia seu corpo queimas, mas a pele também ardia na região que apanhou. Era um pequeno elástico de borracha que era usado para alertá-los da postura ruim, e para alguém que não apanhava em casa, Chuuya era pouco tolerante a dor, construindo resistência no balé.

— Ciel, você tá melhorando enquanto seu irmão piora. Anastácia, de novo! — Insistiu, e assim a aluna fez. Chegada a hora mais temida por Chuuya, vulgo espacate, alguns alunos fizeram bem, enquanto outros além de apanharem com o elástico vez ou outra, precisaram ter as professoras sentando em suas pernas para abri-las, e para o azar de Chuuya, que interpretava o irmão, ele não era dos melhores nisso. Havia alunos e alunas chorando, ouvindo a professora russa voltar a explicar que se não conseguiam manter a posição, deveriam desistir do balé. Chegado no caçula Nakahara, a francesa pisou em um dos joelhos do pequeno, que mordeu os lábios tentando suportar a dor, até que seu outro joelho também fora pisado, abrindo um perfeito espacate. — Nós só fizemos isso nas primeiras aulas, por que você tá assim de novo?

— Tá me machucando, sai de cima! — Resmungou o ruivo chorão, e seu irmão imediatamente veio acudir, entretanto, as professoras afirmaram que logo sairiam de cima, mas que "Clair" precisava de alguns segundos na posição para que sua memória muscular voltasse a funcionar. Chuuya realmente estava com dificuldade em sentir as próprias pernas, e estava certo de que quebrariam, as mulheres então saíram de cima e, como fizeram com Chuuya, fizeram com as outras garotas que também não conseguiam permanecer na posição correta, começando a onda de choros presos na garganta. Chiya fora consolar o irmão, o abraçando e apertando, mas Chuuya estava com as pernas doloridas, sentindo seus músculos queimarem. — Eu quero ir pra casa. — Resmungou, e algumas crianças disseram o mesmo, mas a aula estava apenas no início.

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