Capítulo XIX

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Feita tamanha promessa, Dazai disse que conversaria com Akutagawa para ajudá-lo, por ser aquele que mais propõe e diz ter profissionais bons em cuidá-lo, mas que também não gostaria de fazer qualquer tipo de internação, e Chuuya comentou sobre a possibilidade de contar para Verlaine e Rimbaud, já que em sua adolescência os dois chegaram a usar cigarros, mesmo não sendo uma boa comparação, era o que tinham. Osamu não pareceu muito contente pensando nisso, tinha receio de que em algum momento os dois adultos que tanto gosta e despendem carinho para si deixem de vê-lo como um rapaz tão brilhante que tanto o elogiam. Percebendo o quão deprimido Dazai parecia ficar com a ideia de buscar ajuda para melhorar, Chuuya procurou outra coisa para conversar.

— Você quer aquela torta de novo? — Perguntou trocando de assunto, fazendo Dazai encará-lo confuso. — A torta que o Rimbaud fez, aquela de morango. — Explicou, e novamente Dazai parecia não entender. — Eu tô falando errado de novo? Mas... Não, não tô. O que você não tá entendendo? Você tinha gostado da torta.

— A gente pode sair do quarto uma hora dessas? Já tá todo mundo dormindo. E nós não deveríamos ir comer agora, já jantamos. — Explicou, e dessa vez Chuuya era o confuso. Dazai se sentou, ainda encarando o ruivo, e pendeu a cabeça para o lado. O mais velho também sentou, deixando o travesseiro cair em seu colo, e franziu o cenho, ainda sem entender. Os dois estavam confusos.

— Então... você não quer torta? — Perguntou, e Dazai franziu o cenho. A comunicação não estava batendo. Chuuya não tinha restrição para sair do quarto, exceto caso estivesse de castigo por algo, e muito menos sobre o que comer, em qual horário comer. Dazai tinha restrição, não que fosse uma ordem, mas era por segurança e, óbvio, por não haver tanto em sua casa que desperte o mínimo de curiosidade para si, nem mesmo comida. — A gente não tem muita regra, é só não fazer barulho. — Explicou, e Dazai comprimiu os lábios, parecendo pensar. — Você vem ou não? Eu como quando tô com fome, seja uma da manhã ou três da tarde.

— Tô indo, tô indo. — Murmurou, levantando e seguindo o ruivo que já descia as escadas. A luz do corredor estava ligada, e a casa de Nakahara não tinha nada assustador para fazer Osamu ter medo, então ele caminhou tranquilamente atrás do amigo até a cozinha, onde o menor ligou a luz e se aproximou da geladeira, retirando a deliciosa torta de morango. — Rimbaud cozinha muito bem. Vocês todos sabem cozinhar? Você nunca falou sobre seu irmão fazer comida ou coisa parecida.

— É porque desde que o Rimbaud veio morar com a gente, o Verlaine foi meio que expulso da cozinha. Sua primeira lancheira, eu fiz com meu irmão. — Explicou, procurando as colheres e pratos de sobremesa. — Nós todos sabemos cozinhar. Rimbaud mais que nós dois, o pai dele é dono de um restaurante em Charleville-Mézières. Verlaine me criou, então tudo era ele que fazia. Roupas, cabelo, limpeza, despesas, comida. Eu sei porque eles me ensinaram, e também pelos meses na fazenda da minha mãe. — Respondeu, cortando a torta e pondo os pedaços nos pratos, entregando um deles para Dazai enquanto guardava o restante.

— Eu não entendi um negócio. Se o Verlaine e o Rimbaud se conhecem desde a infância, e o Rimbaud é da baixa da égua, e o Verlaine da puta que pariu, como eles se conheceram? Você não era de Nancy? — Perguntou confuso, desligando a luz da cozinha e saindo de lá com Nakahara, seguindo ao quarto. Ao entrarem, Chuuya foi direto à varanda, sentando lá, e Osamu o seguiu novamente, sentando ao seu lado.

— Rimbaud é de Charleville-Mézières, Verlaine de Metz. Rimbaud se mudou pra Paris, e Paul também. Eles eram pequenos, vizinhos, da mesma escola, brincavam juntos, tinham as mesmas aulas. Não acho que tenha sido muito difícil ficarem amigos, eles são grudados. Quando meu pai se separou da mãe do Verlaine, eles ainda se viam bastante, no nível do Verlaine arrancar o Rimbaud de casa e levar pro meu pai. Eles só ficam afastados nessas viagens do Verlaine, mas como trabalham na mesma empresa, Rimbaud vem às vezes. É a primeira vez que moramos juntos, sendo sincero. Geralmente ficamos em apartamentos, e o Rimbaud é sempre vizinho. — Explicou, encostando a cabeça no ombro de Dazai, comendo a torta e se deliciando com a mesma. Agradecendo internamente por conhecer Osamu, Chuuya suspirou, sentindo o outro encostar a cabeça na sua.

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