Capítulo LXVI

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Chuuya estava com o cabelo bagunçado, o coque alto não tão bem feito por Dazai, estava sem suas luvas e no estômago nada mais tinha além do leite de banana. O ruivo se sentia ansioso e desconfortável, se perguntando o porquê respondeu ao pensamento idiota e revisando mil vezes sobre a mensagem que enviaria à Dazai pedindo por ajuda. Desconfortável. Tudo é desconfortável. As pessoas, as luzes, o frio, o pé do homem de sapatos sociais batendo freneticamente contra a coluna de metal, os ponteiros do relógio apontando a hora errada, as palavras confusas escritas no mapa do metrô, os rabiscos e imagens sem sentido em um idioma que a ansiedade de Nakahara o impedia de compreender, mesmo que falasse ele há anos. Chuuya não conseguia escolher uma playlist, embora os fones estivessem baixos, o ruivo sentia que a música era alta demais, o incomodava.

Irritado, o ruivo colocou o capuz e guardou o celular, escondendo as mãos nos bolsos e fechando os olhos ao encarar o teto, pensando no que fazer. Mandar mensagem para o namorado pedindo ajuda parecia humilhante, mas Chuuya se sentia extremamente ansioso por sair sem suas luvas. As roupas de Dazai são confortáveis e relaxantes, mas não parecem ser o suficiente. O ruivo pegou o celular outra vez, pondo os fones no ouvido e se preparando para enviar mensagens para Osamu pedindo ajuda, entretanto, o ruivo ansioso começou a rolar a tela, buscando algo em suas conversas que pudesse ajudá-lo a sair dali. Chuuya se sentia patético. Estava mal vestido, sozinho, sem saber para onde ia e como ficaria. Pedir ajuda o faria reafirmar e remoer sua péssima ideia, então, teimoso como sempre, ele desligou o celular e o guardou no bolso, escondendo as mãos outra vez e encarando o piso do vagão. Sem sabe onde descer, ele apenas seguiu o restante das pessoas que saíram ao ver a porta aberta, então, na estação diferente daquela que estava acostumado, Nakahara pensou em voltar, mas não o fez, ele deu um passo para frente e obrigou seu cérebro a colocar uma perna na frente da outra até que estivesse forabda estação.

- Por que eu tô fazendo isso? Meu Deus, eu quero chorar. - Resmungou consigo próprio, realmente a fim de chorar, o ruivo iniciou uma caminhada, se forçando a não chorar enquanto andava. Chuuya não estava sentindo dor física, mas sua ansiedade naquele momento era tanta que o mesmo se perguntava sobre saber ou não lidar com ela caso se tornasse uma crise. Nakahara não sabia para onde estava indo, e mal conseguia ler as placas, já que seu nervosismo o fez pensar em sua língua materna, alternando para o francês e ficando extremamente confuso com o que estava acontecendo. Confuso e perdido, o ruivo apenas entrou em uma conveniência próxima, saindo de lá com uma garrafa de água gelada, ele deu alguns goles antes de fechar a garrafa e olhar ao redor, tentando prestar atenção no ambiente. Havia poucos prédios, na verdade, eram construções velhas e uma ventania forte, Chuuya estava sem noção de tempo no vagão, mas realmente demorou para sair acreditando na falta de capacidade para o fazê-lo. O ruivo um pouco mais calmo suspirou, voltando a sua caminhada. Ele não precisa interagir com outras pessoas, precisa apenas quebrar um pouco o pensamento que o prende. Embora inquietas, suas mãos não estavam mais escondidas, o que era um ponto para Nakahara.

- Falar sozinho me faz parecer estranho, mas também me acalma. Preciso de uma bolsa. - Resmungou sozinho, procurando algo que parecesse com uma loja, já que Nakahara é um leigo momentaneamente por não conseguir ler japonês. Ele então entrou em uma estrutura antiga, encontrando uma quantidade exorbitante de roupas e itens aleatórios. Era um brechó. Havia uma senhora um pouco menor que Nakahara a sua frente, a mesma parecia tirar o pó das coisas, então, o ruivo ficou quieto na porta até ver uma caixa registradora, assumindo que aquilo era um comércio. Chuuya, vindo de família nobre, desconhece o que raios é um brechó, então, ele estava realmente confuso vendo tantos itens com preços tão baixos. - Tem tanta coisa velha, misericórdia. - Resmungou curioso, observando as coisas sem tocá-las. Roupas tradicionais, móveis, eletrodomésticos, itens de moda, bijuterias. Chuuya pode levar tudo daquele lugar sem sequer fazer cócegas no próprio bolso. O estrangeiro decidiu explorar o ambiente apertado, tentando entender o porquê era tão barulhento, e quem raios frequenta um lugar como este.

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