Capítulo LVII

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Mesmo que não tivessem muito a ver com a situação, eram as únicas testemunhas, e cada um precisou depor. Quando o fogo finalmente cessou e alguns policiais começaram a ajudar a procurar os corpos por estarem buscando a causa do fogo, encontraram diversas drogas, o que lhes chamou atenção, então, Oe foi chamado, mas ele passou um bom tempo chorando até que ficasse cansado e sonolento pelo dia agitado e calmante que tomou. O adolescente explicou toda a situação, sua língua estava solta, ele desabafou sobre tudo que lhe foi perguntado. Fome, ser roubado e torturado na própria casa, abandono paterno, etc. Ao fim de tudo, quando Kenzaburo parecia querer dormir, os policiais ligaram para seu pai, pessoa que não foi difícil conseguir o nome por ser o genitor de uma família nobre. Quando Kenzaburo já dormia no colo de Rimbaud, que sequer olhava para Paul e visse versa, ainda no meio de toda a confusão, o genitor de Oe surgiu. O homem despreocupado vinha num carro de luxo, destravando a porta e caminhando tranquilamente até a confusão, assistindo os corpos daqueles que conhecia irem embora, fingindo estar preocupado com o próprio filho, ele passou direto por Rimbaud, indo aos policiais perguntando onde estava Oe, então, ao ser questionado sobre o abandono, o homem franziu o cenho incrédulo com a acusação.

— Abandonar meu filho? Eu nunca faria isso, senhor. Nos últimos meses, tenho discutido com a minha esposa sobre levá-lo para uma escola militar ou internato, ele vem apresentando problemas com álcool e droga, sabe? Já conversamos com ele sobre isso, mas não funcionou pelo visto, olha só onde estamos. — Explicou, convincente, os policiais concordaram com o homem, chamando Kenzaburo que não respondia por estar dormindo. Ouvindo o nome, o pai de Oe franziu o cenho, confuso, então, encarou os policiais. — Esse não é o nome do meu filho. Onde ele está? — Perguntou confuso, se fazendo de desentendido, os policiais procuraram por Oe, e apontaram para o rapaz que dormia. Chegando lá, o mais velho encarou Rimbaud, que parecia irritado com sua presença. — Esse não é meu filho, policial. Tem certeza que ele disse meu nome? — Perguntou, e os policiais afirmaram, tentando acordar Kenzaburo. — E vocês têm algum documento que comprove isso? — Questionou outra vez, e os policiais perguntaram a Rimbaud e os demais adolescentes ao seu lado, que procuraram na bolsa de Kenzaburo, mas não havia nada lá. Todos os documentos estavam na casa, na casa queimada, não havia nada além da palavra de um adolescente e um sistema da polícia, que poderia começar a apresentar falhas. — Bem, acho que ele confundiu os nomes. — Disse simplista, e Oe ainda sonolento pareceu acordar. — Olha só. Oi, tudo bem? Você realmente não tem nada a ver com o meu filho, garotinho. Ei, confirma com os policiais que nós não somos parentes. — Pediu, e Oe o encarou por alguns segundos, desviando o olhar em seguida e concordando que acabou trocando os nomes, afinal, não vê seu pai há tempos. — É, eu imaginei. Sinto muito por você, tenham uma boa noite. — Disse o mais velho, e os policiais correram para checar no sistema se havia algum erro, utilizando a identidade do adulto como referência. — Você tá ficando doido? O que te deu pra me chamar? Você sabe muito bem que eu não sou seu pai.

— É, eu sei. Só para de falar e vai pra casa, sua família tá te esperando. Vai brincar de casinha. — Disse cansado, levantando do colo de Rimbaud e procurando seu celular, entretanto, antes de fazê-lo. Pelo desrespeito, Kenzaburo ganhou um tapa de seu genitor, mas pareceu não se importar. Entretanto, Rimbaud e os outros sim. Dazai chamou as autoridades, e Rimbaud ficou entre o adulto e o adolescente, enquanto Chuuya abraçava Kenzaburo. — O que é isso? Virou festa? Eu tô bem. Vocês viram meu celular? Eu não lembro onde tá, preciso ir pro hospital. — Murmurou, dando tapinhas no ombro de Nakahara sem retribuir o abraço. Era a primeira vez que Chuuya o abraçava sozinho, e Kenzaburo não sabia se devia retribuir ou ignorar. — Nada. Não aconteceu nada. Vocês podem me emprestar o celular de vocês? Eu preciso ver uma coisa. — Respondeu aos policiais, mas os outros logo começaram a falar, e tanto Kenzaburo quanto seu pai negaram o ocorrido. O número de testemunhas era maior, mas não podiam fazer nada se a vítima e o agressor não admitiam. — Alguém tem um celular?

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