Sozinho naquele quarto quente e um tanto desamparado, Chuuya aceitou que Osamu não estivesse lá, mas aceitar e saber lidar são coisas distintas. O ruivo ansioso bateu nas próprias coxas, retirando os curativos de forma agressiva e voltando a perfurá-los, parecendo não se importar com a dor que sentia. Se não sente que sua existência é inválida, sua dor também não. Irritado, ele levantou, sentindo as pernas queimarem, ele encarou o próprio reflexo, o que o irritou mais, Chuuya chutou o espelho que então caiu no chão, se estraçalhando em vários pedaços, o que realmente cortou o ruivo que caminhava descalço até o banheiro e, ao adentrar trancando a porta do mesmo, ouviu Dazai chamar seu nome, perguntando onde estava e se tudo estava bem. Dazai não foi embora, é claro que não foi. Ele não iria mesmo que Nakahara lhe ameaçasse, o expulsando. De qualquer modo, Chuuya não lhe deu ouvidos, na verdade, Chuuya não conseguia ouvir nada além dos gritos na própria cabeça e ameaças que fazia a si.
— Meu bem, sai daí agora! Você tá bem, se machucou? Como você quebrou o espelho? — Perguntou o moreno preocupado que batia na porta com força, ouvindo os adultos subirem as escadas. Dazai estava preocupado de que seu namorado fizesse bobagem, se culpando por sair do quarto por alguns segundos tentando chamar o cunhado, o que fez o adolescente chorar batendo na porta. — Verlaine, me ajuda, por favor. O Chuuya se trancou no banheiro e não responde, ele tá machucado. Ele cortou a coxa com a unha — Disse choroso, e Verlaine lhe pediu para sair com Rimbaud, o que obviamente não aconteceu, mas Paul, que tentava abrir a porta a base de força bruta por não conseguir recordar onde estavam as chaves reserva que Rimbaud procurava, não era exatamente a melhor pessoa para conversar quando se está com raiva.
[...]
Dentro do banheiro, enquanto Dazai ainda gritava do lado de fora tentando chamá-lo, Chuuya sangrava enquanto batia na própria cabeça, tentando silenciá-la mesmo que por apenas um segundo, o que não funcionou. Seu rosto estava vermelho, havia um corte em sua bochecha causado pela própria unha e um pedaço pequeno de sua própria carne pendurado por um fio fino da pele em sua coxa. O ruivo começou a se incomodar com os cacos de vidro nos pés, e ligou o chuveiro, deixando o excesso escorrer, o que novamente era uma péssima ideia. Ao fazer isso, virando de costas para o espelho, o ruivo ouviu um barulho, era Verlaine chegando no quarto, mas, para Chuuya que estava preso na própria cabeça, era seu irmão, sua cara-metade. Chiya o observava, com um sorriso malicioso nos lábios, rindo em desdém do próprio irmão.
— Cala a boca. — Resmungou o ruivo, sem desligar o chuveiro, correu em direção ao espelho, encarando o que para ele era seu irmão, mas, na verdade, não passava do próprio reflexo. — Tudo isso é culpa sua! Se tivesse sumido da minha mente como sumiu anos atrás, eu não teria tantos problemas! — Gritou irritado, fazendo Verlaine perguntar se havia outra pessoa dentro da casa, o que Rimbaud e Dazai negaram saber, preocupando o loiro que ainda tentava quebrar a fechadura. — Se gosta tanto de aparecer, por que não fica no meu lugar de uma vez? É culpa sua mesmo.
— Culpa minha? Não me culpe pelo seu fracasso, "maninho". Você é o doido esquizofrênico aqui, não eu. Eu não preciso estar no seu lugar, mas preciso concordar que a sua existência é com certeza motivo de desgosto em toda a família. Eu seria melhor. Um filho melhor, um irmão melhor, um primo melhor e certamente um namorado melhor. Você não sabe cuidar de si e acha que pode dar certo com outra pessoa? Sejamos francos, "maninho" é culpa sua, seu namorado ter te deixado, é culpa sua que nossos pais tenham morrido, é culpa sua eu ter te abandonado e nossa família cortar contato. A única pessoa que te suporta é o Verlaine. E não pense que você vai achar outra pessoa que goste de você, Dazai nunca sequer te amou. — Respondeu debochado, o que irritou Nakahara, que arremessou cada um dos produtos que estavam naquele pia em direção ao espelho, ouvindo a risada de Chiya soar frouxa enquanto sua imagem sumia. — Só porque não pode me ver não quer dizer que eu não exista, tá? Tem certeza que seu nome tá certo? Você é realmente o Chuuya? Será que esqueceu o próprio nome? Você sabe quem você é? Eu sou você...
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Soukoku - High School
FanfictionNakahara Chuuya acaba de ingressar no ensino médio em uma nova escola e novo país, tendo que lidar com a diferença cultural além do bullying que sofre por conta dos fios alaranjados. Osamu Dazai é um veterano que está sempre na detenção por aprontar...