Verlaine buscou alguma outra de Tane, encontrando a que Odasaku tirou da irmã. Ela estava agachada no riacho, o mesmo parque em que Dazai e Chuuya saíram após o primeiro beijo, havia muitas coisas diferentes, mas continuava sendo um parque bonito. Ela usava casaco de frio, meia-calças, sapatilha e saia, ao menos o que era visível. Paul retirou a foto do plástico e entregou para Kenzaburo, o assistindo quase derreter ao usá-lo de apoio. Estava totalmente escorado em Verlaine, e totalmente confortável também. O loiro não disse nada, e estendeu o silêncio, ele deixou Kenzaburo pensar sozinho sobre a foto. Na verdade, o francês estava realizado. Ele não estava bêbado pelo vinho, era uma quantidade ridícula de bebida e menor ainda no teor alcoólico. Estava arrepiado por ter Kenzaburo tão perto, ele podia sentir a bochecha quente contra seu braço, e, por estar tão rente, os cílios tocando sua pele cada vez que Oe piscava. O ambiente em si, a luz amarelada fraca, a taça de vinho, a música baixa, o livro meio lido, a caixa cheia de fotos, cadernos, cartas e adesivos. Era tudo confortável e, para Paul, um pouco nostálgico. Ele observou Kenzaburo, e fez um afago em seus fios, o assistindo passar o braço ao redor do seu, como se buscasse mais contato. Oe enfim questionou se podia ficar com a fotografia, e Verlaine afirmou, explicando que haviam outras e foleando as páginas outra vez. Havia uma foto de todos reunidos de pé. Rimbaud e Verlaine segurando na barriga de Chloé, Kensuke atrás deles, com Elisa e Tane ao seu lado, Odasaku estava na frente da irmã, sorrindo para a câmera como os outros.
— Acho que as suas só tem com a gente. Não podíamos sair com um bebê na rua. E fora que às vezes sua mãe dava uma sumida, era meio complicado, mas o Arthur gostava, podia passar mais tempo contigo. Acho que você foi a criança que fez ele querer tanto ter um filho. — Comentou, Verlaine sabe que foi, mas, se afirmar, pode deixar Kenzaburo desconfortável. — A gente te deu uma pulseirinha inclusive, acho que deve ter perdido. — Disse o loiro, buscando a foto que tirou. Era mais uma selfie meio tremida. Verlaine segurava a câmera, Rimbaud segurava Kenzaburo e exibia a pulseira, enquanto os pais do garoto estavam atrás. — Viu? Você nunca foi muito de sorrir pra câmera.
— Essa pulseira era da Tata. Nunca tive pulseira assim. — Afirmou, observando a foto e, inconscientemente, pondo os dois dedos no plástico, na tentativa de ampliar a foto, o que o fez franzir o cenho. — Por que eu dei zoom num papel? Que maluco. Enfim, e Tata tinha uma igual. Ela usava sempre. — Explicou, e Verlaine disse que Tane não costumava usar joias. — Mas usava essa pulseira, oras. Tinha um M até, ela dizia ser de amor. — Resmungou, e Verlaine franziu o cenho. A pulseira de Kenzaburo também tinha um M, mas de Mael, que seria seu nome original, ao menos para Rimbaud. Tane tinha essa pulseira porque o genitor de Osamu comprou da mãe de Oe quando a visitou num bordel. — Que foi? O Dazai deve ter essa pulseira ainda, nunca perguntei. — Resmungou, sendo questionado sobre quem lhe deu seu nome de Kenzaburo Oe. — Eu. Não sei quantos anos eu tinha, só lembro que a gente ainda tava no metrô. Eu sempre via o jornal que as pessoas jogavam no lixo, então só juntava as palavras. Esse Oe é da minha mãe, eu acho, já ouvi ela falando isso. Meu pai não me deixa usar o sobrenome dele. Eu só achei esse Kenzaburo bonito, era fácil de escrever e falar. Mas minha mãe não me chamava assim, era "garoto", "menino", ou "ezo".
— Ah, verdade. Mael foi o Rimbaud que te deu, eu chamei de Kenzo. O Oda meteu um Hayato, mas ignora. — Comentou, ouvindo o rapaz afirmar que todos os nomes eram ruins. — Que maldade. Não eram. — Resmungou, sentindo o garoto enfim arrumar a postura, se afastando de Verlaine. — Rimbaud não vai dormir aqui hoje. Tá tudo bem? — Perguntou, e o outro questionou o motivo. — A Sara tá aqui, então ele dorme na casa dele. Minha mãe já falou pra trazer ela, mas ele não faz isso. — Explicou, assistindo Oe olhar para a foto do álbum. Ele não entende como raios uma criança de 12 anos pode estabelecer o sonho de construir uma família e segui-lo por 16 anos por conta de um bebê aleatório que conheceu. O rapaz afirmou que não tinha problema algum sobre onde Rimbaud iria dormir. — Tudo bem.
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Soukoku - High School
FanfictionNakahara Chuuya acaba de ingressar no ensino médio em uma nova escola e novo país, tendo que lidar com a diferença cultural além do bullying que sofre por conta dos fios alaranjados. Osamu Dazai é um veterano que está sempre na detenção por aprontar...