Capítulo C

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No corredor, Kenzaburo estava analisando os fios molhados de Rimbaud envoltos numa toalha enrolada como um turbante, o que Sayaka costuma fazer e Kenzaburo demorou a entender como funcionava. O adulto abriu a porta do próprio quarto e pegou uma das passagens junto a uma autorização, voltando ao adolescente e lhe entregando a mesma, assistindo-o encará-lo desconfiado antes de ler o papel.

— Não. — Respondeu, e Rimbaud encheu os pulmões antes de desistir de falar, apenas soltando o ar. — Você é muito precipitado. Pergunta antes de gastar dinheiro com algo tão caro. — Resmungou, Kenzaburo analisou por um momento o rosto de Rimbaud um pouco tristonho, e pensou em lhe consolar, mas recebeu um afago nos fios e um pedido de desculpas por pressioná-lo. — Tá tudo bem.

— Você pode mudar de ideia ainda, okay? — Perguntou, e o garoto concordou, sabendo que não iria. Rimbaud então abriu a porta do quarto de Chuuya, batendo no rosto dos três rapazes que estavam atrás da porta tentando ouvir a conversa. — Meninos, vocês vão arrumar as malas de quem for viajar. Verlaine, você e eu vamos conversar. Vocês vão dormir na casa do Oda hoje a noite, entenderam? — Perguntou Rimbaud, fazendo um afago nos fios de Oe que começou a bocejar enquanto os outros três estavam massageando as testas machucadas.

— Rimbaud, para, ele vai dormir. Eu quero perturbar ele. — Resmungou Dazai, roubando Kenzaburo para si enquanto Chuuya expulsava o irmão. — Não dorme. — Reclamou o moreno, e seu amigo suspirou sentando no chão enquanto bocejava sonolento. Kenzaburo não tardou a usar a mala como travesseiro e cochilar ali mesmo. — Aí, outro que tem botão. Um carinho na cabeça e ele dorme.

— Eu não acredito que ele negou a passagem. — Comentou incrédulo, segurando o rosto de Dazai e pousando um selar em sua bochecha. Ele voltou a separar suas roupas favoritas, já que haviam várias em casa e ele pode colocar bobagens na mala. Osamu comentou sobre ser algo óbvio, e Chuuya suspirou sabendo ser verdade. — Eu esperava alguma coisa a mais, achei que ele estivesse mudando de ideia.

— Ninguém muda de uma hora pra outra, vida. — Resmungou, e pondo as roupas do garoto na mala, tentando não atrapalhar Oe. — Tá tudo bem.

— Você não contou pra ele, né? — Perguntou, e Dazai colocou um travesseiro no ouvido de Kenzaburo, garantindo que o garoto não ouvisse o que era dito caso acordasse. — Você precisa contar. Isso não é legal, Dazai. Ele é seu melhor amigo, e vai ficar muito triste se descobrir por conta própria.

— Depois das férias. Voltamos de viagem e eu conto pro Kenza, e você vai falar com o seu irmão. Estamos entendidos? — Perguntou, e Chuuya travou o maxilar, irritado, ao concordar. Eles continuaram organizando a mala e, no fim, Dazai franziu o cenho com o pouco de coisas que haviam ali dentro. — Por que você só tá levando isso?

— Porque eu tô indo pra casa, e tem várias coisas minhas lá. Eu não preciso levar mais nada. — Explicou, e Dazai pareceu entender, mas não falou. — Você tá nervoso porque vai viajar se avião, certo?

— Muito! Vida, eu tô ansioso. — Reclamou, e Chuuya afirmou ser algo tranquilo e que Dazai não precisava guardar tanta ansiedade. — E se eles não forem com a minha cara? Ou eu me embolar na hora de falar? Ou se a Odette não me achar tão legal assim?

— Dazai, respira. Tá tudo bem. Você não precisa ficar nervoso pelo avião, nada vai acontecer. Odette e os outros vão amar você, e você não vai se embolar quando for falar, se isso acontecer, você vai ter Elise, eu, Verlaine e Rimbaud pra traduzir o que você queira falar. — Explicou, mas Osamu ainda parecia inseguro. — Não é só isso, né?

— Como é que eu vou ficar longe das pessoas que cresceram comigo? Sayaka, Aku e Atsushi podem viajar quando bem-quiserem, mas e o Kenza? — Perguntou preocupado, e o ruivo explicou que poderia pagar passagens para Oe. — Não é a mesma coisa.

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