Capítulo LXXXI

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Mesmo não lembrando de tudo, Chuuya começou a lembrar de gatilhos que teve nos últimos meses, recordando até mesmo de quando se escondeu embaixo do futon no quarto de Akutagawa quando brincaram com armas de brinquedo por se assustar. Ele não sabia até onde Dazai estava ciente do que aconteceu sobre seu passado e como seu comportamento era detestável, ou como suas crises de raiva eram perigosas. Ele não sentia que Dazai, como apenas um adolescente, tinha carga emocional suficiente para ver seu amado daquela maneira. Osamu sofreu com um genitor agressivo, ele não precisa que seu namorado seja assim também, ele não deve ter um namorado assim. Se Chuuya não tem capacidade de se controlar e sabe disso, ele não pode manter um relacionamento com alguém que não sabe lidar com pessoas agressivas. Não é saudável para nenhum dos lados, e manter um relacionamento fadado ao fracasso será desgastante para os dois a curto e longo prazo.

— O que a gente vai fazer? — Perguntou Chuuya, embaixo das cobertas, nervoso em encarar Dazai outra vez. Estava com medo por saber que Verlaine contou sobre seu passado, e não sabia se Osamu o odiaria por isso. Seu coração estava palpitando e ele realmente estava nervoso, então, Dazai colocou a sobremesa na bandeja, dando tapinhas na coberta, perguntando se podia ver o rosto de Nakahara. — Não. — Respondeu, e o outro suspirou, formando um bico nos lábios enquanto pensava no que falar, aquela história inteira era muito para processar. — Você me odeia? — Perguntou apreensivo, e o outro negou, afirmando que continuava amando Chuuya da mesma forma que sempre amou, e questionando se o outro também se sentia assim. — Sinto, mesmo que eu não queira.

— Eu vou fazer o que você quiser. Me diz, o que você quer? — Questionou, e o outro perguntou se Dazai suportaria darem um tempo. Como Verlaine avisou, Chuuya realmente sugeriu isso. Dazai sentiu seu peito doer, e seus olhos imediatamente ficaram marejados. Os lábios a pouco entreabiertos fecharam, e ele os mordeu, processando o que ouviu, finalmente, ele se forçou a dar um sorriso melancólico, daqueles que dava antes de conhecer Chuuya. — Tudo bem. — Mentiu, e Chuuya se desculpou por magoá-lo, afirmando que Dazai poderia ir embora do relacionamento se quisesse. — Quer que eu vá? — Perguntou, suplicando mentalmente que o outro negasse. Chuuya se apressou para fazê-lo, negando que o outro fosse embora, pondo a mão para fora da coberta e buscando a de Osamu, que logo segurou a sua. — Não me manda embora porque eu não quero. Por favor, não me diz que quer que eu vá, sequer dê essa sugestão. — Implorou, beijando a mão do outro. Dazai estava com um nó na garganta, dificultando sua fala. Chuuya também segurava o choro, afinal, se sentia mal por fazer mal ao outro, mas sabia que não faria bem a nenhum dos dois enquanto não resolvesse suas próprias questões.

— Pode continuar me mandando mensagens, quantas você quiser, e fotos, vídeos. Eu não sei de vou conseguir responder eles, mas eu vou ver tudo. E eu também vou mandar coisas pra você, prometo. Não prometo que seja frequente ou em abundância, mas eu vou mandar. — Avisou, e o outro pediu que Chuuya prometesse não fazer bobagem e evitar esse tipo de pensamento. — Eu prometo. De dedinho. — Avisou, esticando o mindinho, e sentindo-o ser entrelaçado com o de Osamu. — Me faz um favor? — Perguntou, e o outro afirmou, parecendo um pouco melhor. — Fecha o olho. Fecha e não abre até eu mandar. — Pediu, e o outro afirmou, fechando os olhos. — Fechou? — Perguntou, e o outro afirmou. Chuuya levantou a coberta, espiando com um olho se Dazai realmente o havia obedecido. O ruivo ficou ali por alguns segundos, observando o rosto de seu amado, então, ergueu o corpo com certa dificuldade pelos machucados, e se apressando em abraçar Dazai. — Eu amo você, muito mesmo. Sinto muito por ser tão complicado e precisar dar um tempo pra resolver meus problemas, mas preciso melhorar sozinho pra ser bom para e com você. — Explicou, dando tapinhas na cabeça do outro, já que afagar seus fios, não era uma possibilidade com três dedos enfaixados. — Eu vou te levar pra tomar sorvete depois, ou qualquer outra coisa que você queira.

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