Capítulo CXV

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Algo que Kenzaburo não sabia era que palmas era algo que as pessoas faziam durante o canto, ele achou estranho, mas também divertido. Oe fez algumas vezes por escutar Osamu falar sobre suas diversas curiosidades sobre o Brasil, então, a cantoria seguiu, as velas foram apagadas e o primeiro pedaço, com grande significado, foi entregue à Heloísa. Durante a entrega de bolos, as famílias sentaram nas mesas, seguindo em uma grande mesa redonda, estavam Rimbaud, Verlaine, Chuuya, Dazai, Kenzaburo, Odette, o que deveria ser o lugar de Albatross, Akhenre, Anuket, Heloísa e Elisa. Os adultos conversando e os adolescentes comendo, dentre toda a distração, Chuuya acabou trocando os copos inconscientemente. Ele deu um grande gole no vinho de Verlaine ao invés do suco de uva que estava em sua taça, e sua reação não muito satisfatória por não estar esperando o gosto tão forte do álcool chamou atenção de Dazai.

— Que foi, vida? — Perguntou preocupado com a careta do rapaz, e Chuuya resmungou sobre confundir as taças. Ele gosta de vinho, mas não quando não está esperando por ele. — Ah, tá. Verlaine, esse é muito forte? O meu bem trocou as taças.

— Quê? Chuuya, pelo amor de Deus, como você não presta atenção nisso? — Reclamou o adulto, afagando as costas do irmão e chamando atenção de Rimbaud. — Ele bebeu o meu vinho. — Explicou, e o mais velho afirmou que Verlaine não deveria se preocupar, e que uma taça não faria tão mal quanto Verlaine acha. — Não confio muito. Se você sentir alguma coisa, me avisa.

— Tá certo. Tá tudo bem, é que eu não percebi. — Explicou, bebendo o copo de água em seguida e se tranquilizando. Aquela conversa morreu ali, e, durante o jantar, Kenzaburo quase não comeu.

Não porquê não queria, mas por não conseguir cortar corretamente a comida, e não queria pedir ajuda, pelo ambiente, apenas crianças recebiam ajuda por isso. Dazai, apesar de um pouco desajeitado, se virava melhor por estar andando com Nakahara desde o início do ano e, na casa de Chuuya, a maioria das refeições é feita de garfo e faca. Enquanto isso, Kenzaburo visita a casa deles pouco menos do que os adolescentes namoram, ou seja, menos de um mês, ele recebe assistência como Dazai recebia no início, então ainda não sabe se virar totalmente sozinho. Ao notar que o rapaz estava comendo menos que seu habitual, Dazai roubou seu prato, cortando o que precisava e demonstrando como o rapaz deveria fazer. Kenzaburo conseguiu terminar o jantar satisfeito. Por não entender o que era dito, ele estava desinteressado, e acabou se retirando da mesa com Osamu, que precisava ir ao banheiro.

— Acha que o Chuuya vai dormir? Eu tô certo disso. — Oe comentou, e Dazai deu risada afirmando que o namorado iria dormir antes da festa acabar, adentrando na cabine e fechando a porta. — São oito horas, né? Acaba que horas? Dez? — Perguntou verificando o celular, e dando espaço para um rapaz que saiu de uma das cabines para lavar as mãos. Magro, alto, pele retinta, traços finos, dreads curtos e brancos, um pouco menores que seu ombro, piercings em ambas as orelhas e um nos lábios. O que mais chamava atenção em seu rosto, muito além da beleza, pintas bem posicionadas, uma entre os olhos cinzentos e nariz, outra acima da sobrancelha. Era um espetáculo, bonito como Odette e, acima de tudo, atraente. O rapaz então cumprimentou Oe, dizendo o nome do japonês e se apresentando como Theodore. — Por que você sabe meu nome?

— Porque o Albatross falou. — Explicou, e Kenzaburo franziu o cenho. O rapaz falava inglês, por isso Oe entendeu o que era dito. — Vamos recomeçar. Você tá rodando a festa inteira com a Odette e meu primo, todo mundo reparou em você e no seu amigo. — Explicou, terminando de lavar as mãos e começando a secá-las, assistindo Osamu sair da cabine e se dirigir à pia atrás de Oe. — Eu só quis me apresentar, você parece um cara legal. — Explicou, prendendo parte dos fios com um elástico de cabelo. — Se estiver desocupado em algum momento e quiser matar o tempo, eu tô no quarto lá de cima, corredor, quinta porta à direita. Foi um prazer. — Disse o rapaz, acenando para Kenzaburo e saindo do banheiro. Oe virou instantâneamente para Dazai, que estava com um sorriso sacana nos lábios.

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