Capítulo XCVII

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Dazai acabou colocando a refeição de ambos, pegando os três bolinhos combinados e afirmando que Chuuya poderia ter após o jantar. O ruivo não ficou tão feliz com o acordo, mas aceitou. Dazai questionou onde iriam comer, e os dois acabaram ficando na mesa, já que Dazai não queria assistir televisão e Chuuya não tinha esse costume. Osamu acabou questionando o namorado sobre Chuuya não ter esse hábito, iniciando mais um de seus diálogos aleatórios que não levariam a nada.

— A gente não faz isso lá. Todo mundo come à mesa, eu sou o único que às vezes come no quarto ou algo assim porque o Verlaine é meio traumatizado. E como eu vivia numa cadeira de rodas até dois anos atrás, eu meio que não gostava de ir comer à mesa. — Explicou, ouvindo o outro questionar o quão complicado era não poder andar. — Tudo era muito complicado. Não tanto depois que eu me acostumei, mas no início foi horrível. Eu tinha raiva do Verlaine e falava muita bobagem pra ele culpando das coisas, não conseguia ficar sozinho, eu não saía de casa. Foi tudo muito estranho. Quando eu acordei, não tava sentindo minhas pernas, esse arranhão nada a ver que eu tenho na perna foi eu que fiz. Eu só acordei e comecei a fazer isso. Eu tenho certeza que quase dei um chute na Elise quando acordei surtado, mas ela diz que a minha perna não mexeu.

— Não sei se eu aguentaria algo assim. Ia chorar todo dia. — Resmungou, e o ruivo afirmou que o fez algumas vezes, mas bem menos do que pensava que faria. Ele comentou sobre lembrar de chorar pela primeira vez em um carro com Naim, ouvindo The Beatles, dito isso, ele abriu uma porta para que Dazai perguntasse sobre o palestino. — Posso perguntar? — Questionou, e o outro concordou. Dazai não sabia se aquele assunto faria Chuuya ter outra crise, mas precisava dar esse voto de confiança. — Por que você protege tanto a imagem dele? Ele machucou você e seu irmão, não?

— Não, não que eu lembre. Eu lembro bem dele cuidando da gente. Eu tava com o Chiya do lado numa cama assistindo Rio, aquele desenho do passarinho azul. Ele não era maldoso, ele só deixou a gente assistindo e dava comida na nossa boca, me mandou chorar por perder os meus pais e ficou me ninando quando eu tava com dor. Eu acho que foi tudo junto, tipo, no mesmo dia. O Verlaine diz que eu sumi umas duas semanas, mas eu sinceramente não lembro de ter passado tanto tempo assim. Eu não lembro especificamente como eu ganhei essas cicatrizes. Verlaine diz que o Naim pode ter feito, mas eu acho que não. — Explicou, e Dazai pareceu entender como aquilo funcionava. Chuuya é apagado a memória afetiva de Naim, por não lembrar que o homem fez algo ruim, ele não é ruim. Verlaine se apega a suposição dos fatos, do que pode ter acontecido, afinal, ele realmente não estava lá. — Por isso eu não gosto que fale mal dele desse jeito. Tipo, ele cuidou de mim quando o Verlaine não tava lá nem meus pais.

— Faz sentido. Eu gostava um pouco da mãe do Kenza quando ela me dava alguma coisa pra chapar depois que minha mãe morreu. Me sentia meio cuidado. — Explicou, e Chuuya concordou. Nakahara entende que Naim foi seu sequestrador, ele não defende isso, mas defende que o homem não teve atitudes tenebrosas como Verlaine diz.

— O que você quer pra pegar mais uns mochi pra mim? — Perguntou, tentando furtar um dos que estavam na mesa sem que Dazai visse. O moreno logo os escondeu, afirmando que Chuuya deveria comer primeiro. — Que cara chato, mermão. — Reclamou, e Osamu logo lembrou de outra palavra que Chuuya inventou, perguntando o significado de bulinar. — Ah, não. Tu é burro? É bulir, mexer nas coisas, fazer bagunça. Tu é leso demais, mancho. — Resmungou, e Dazai afirmou se sentir ofendido, embora não tenha entendido metade das frases. — Me dá um mochi que eu explico.

— Depois eu procuro no Google. — Afirmou, e Chu lhe mostrou a língua. — Meu bem, eu acho que até o nosso casamento eu vou ter um dicionário só com palavras que você cria. — Afirmou, e o outro afirmou não criar palavras. — Claro que não cria, eu que tenho conhecimento muito limitado sobre o vocabulário da minha própria língua nativa. — Disse irônico, e Chuuya concordou. — Quando a gente vai casar? Eu perguntei hoje cedo, mas você dormiu.

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