Capítulo XCIII

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O clima tenso no quarto se estendeu, e Chuuya começou a ficar mais ansioso. Ele não quer terminar o relacionamento, mas sabe que é mais fácil fazer isso. Ter Dazai o acolhendo de forma tão distante fazia o ruivo querer sair dali pelo desconforto, mas não conseguia, suas pernas estavam fracas pelo nervosismo. O ruivo sentia o canto dos lábios, onde ganhou o selar, queimar. O toque parecia forçado, e aquilo era desconfortável. Estático tentando segurar o choro que saía aos montes sem que ele percebesse, Chuuya sentiu o toque do outro em seu rosto enquanto falava algo que o ruivo não conseguia ouvir.

- Eu vou encostar em você, mas tenta não machucar. - Pediu, pousando um selar na testa do ruivo e enfim o abraçando. Dazai ainda não consegue se manter firme quando se trata de ser duro com Nakahara. Chuuya não conseguia ouvir Dazai, mas o reconhecia. Ele segurou a maioria de seus impulsos, porém, não todos eles. Chuuya começou a se debater, tentando arranhar o próprio corpo pela frustração em ser incapaz de falar. Dazai sempre fez a fala parecer simples, e o ruivo se irritou por não conseguir torná-la tão fácil. Por Chuuya estar enrolado no lençol, Dazai não teve problemas para conte-lo, então, Osamu estava tranquilo segurando o outro.

Como uma criança que sofreu grandes abusos, Chuuya chorou de forma descontrolada. Não só seu psicológico estava machucado, havia um conjunto de dores físicas também. Cicatrizes coçando, corpo trêmulo, barriga dolorida, ânsia de vômito, dificuldade em respirar e visão embaçada. Com o agravamento daquelas sensações, Chuuya parou de se debater gradualmente. O que Osamu pensava ser o fim de uma crise, era o início de um desmaio. Chuuya acabou perdendo a consciência, e senti-lo pousar o rosto em seu ombro fez Dazai suspirar tranquilo, afagando os fios do ruivo, que não tardou a voltar a consciência. Chuuya estava zonzo e cansado, a visão embaçada era desagradável, então, ele tentou focar em qualquer outra sensação, conseguindo enfim ouvir a respiração de Dazai que fazia carinho em suas costas. Chuuya estava com a boca seca, cabeça dolorida e respiração lenta enquanto seu cérebro tentava voltar a funcionar. Dazai, pensando que o outro havia dormido como faz no meio de algumas conversas, estava falando bobagens.

- Aí eu queria te levar pra brincar na neve, fazer bola de neve e guerra. Mas como você disse que comemora o Natal na sua família, não sei se vai dar. - Resmungou, falando sobre suas vontades se Chuuya negasse o fim do término, ou pedisse para Osamu voltar. Chuuya estava enfim conseguindo ouvir o outro. - Queria que você tivesse negado. Divide seus problemas comigo, por favor. Eu posso ser só seu amigo se você quiser, mas não vai embora. - Pediu, entristecido. Por conta do desmaio e a incapacidade de ouvir alguns minutos atrás, Chuuya acabou não conseguindo assimilar que eles haviam rompido. Lento como era de se esperar, havia uma falha em suas lembranças recentes que ele logo recordaria.

- Desculpa por ser tão complicado, e por não conseguir falar. - Murmurou sonolento, e Dazai levantou o rosto ao ouvi-lo. - Eu não consigo lembrar das coisas, e quando acho que algo aconteceu de um jeito, o Verlaine diz que foi de outro. - Explicou, realmente não lembrando do rompimento justamente por não conseguir dividir seus problemas. A melhor forma de arrancar uma informação de Chuuya é quando ele está com sono, como agora.- Eu lembro de estar com muita dor e do Naim estar me ninando, eu não sei onde a gente tava, mas era frio, e o toque dele era tão quente. - Resmungou, tentando abrir os olhos, afinal, sua visão turva o fez não conseguir mantê-los abertos. - Eu faço terapia faz muito tempo, desde o acidente. Minha psicóloga disse uma vez que eu tinha uma afeição incomum pelo meu sequestrador, mas ele realmente não era ruim desse jeito. Ele sempre comia com a gente, e cuidava também pra não fazerem mal. Eu não lembro o que aconteceu no trem. É bagunçado. Eu só lembro de entrar nele, e depois eu já tava num quarto com o Naim e o Chiya assistindo ao filme. Verlaine disse que passei quase duas semanas longe, mas pra mim não parece isso. - Resmungou, bocejando pelo cansaço. - Queria te contar mais sobre, mas não consigo. Depois disso eu só fiquei muito irritado, eu não gostava do Verlaine.

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